Pérola
Depois de quase um mês com aquele gesso, finalmente eu havia me livrado dele. Parecia que uma tonelada tinha sido tirada de cima de mim. Apesar de ter sido avisada que precisaria fazer umas sessões de fisioterapia, só em poder andar sem aquilo já me fazia imensamente feliz.
Márcio não pode vir comigo, porque precisava ajudar Rafael a encaixotar umas coisas que ainda estavam em seu loft. Ele estava pretendendo alugá-lo e para isso tinha que deixar tudo organizado. Então eu acabei vindo com Alex, Maria Alice e Rosália, ou seja, parte do meu exército guardião. Era essa a forma como eu me referia agora àqueles três e Márcio. Não me deixavam um minuto sozinha. Parecia que eu ia desaparecer a qualquer momento se nenhum deles estivesse por perto.
Rosália: Acabei de falar com o Rafael e ele tem uma amiga que é fisioterapeuta e se ofereceu para cuidar do seu tratamento. - falou desligando o aparelho - A clínica dela é bem perto lá de casa e assim fica mais fácil.
Pérola: O Rafael tá sendo um anjo. Agradecer parece ser pouco.
Alex: Aceita que você é uma coisinha muito amada, Pérola. - sorriu abraçando Maria Alice.
Maria Alice: Quando chegarmos em casa irei fazer uma escala. Vamos sentar e ver o melhor dia para cada um ir.
Pérola: Nada disso! - eu já estava ficando sufocada por eles. - A madrinha acabou de dizer que é pertinho de casa. Posso muito bem ir sozinha.
Rosália: Isso nem de longe é uma opção, mocinha. - olhou para Maria Alice - Faz a escala, filha.
Pérola: Quando vocês vão me dizer o que está realmente acontecendo? - não aguentei mais ficar calada sabendo que estavam escondendo algo de mim. - Eu me fingi de cega esse tempo todo para não parecer ingrata, mas é óbvio que tem alguma coisa acontecendo e vocês não querem me dizer.
Alex: Teoria da conspiração, Pérola? - tentou brincar, mas eu não ia mais engolir isso.
Pérola: Estou dando a chance de me falarem. Eu vou descobrir vocês querendo ou não. - levantei saindo. Já estava de saco cheio disso.
Eles pensavam que eu não percebia as conversas interrompidas quando eu chegava? Fora que Márcio estava sempre tenso e preocupado. Não era justo esconderem de mim. Afinal eu não sou mais criança e se todo esse cuidado era para a minha segurança, nada mais justo que eu soubesse que perigo estava correndo
Márcio
Enquanto Pérola foi ao hospital eu ajudei meu pai com a velharia que ele guardava no loft. Não sei pra que as pessoas guardam tantas coisas justificando que são lembranças.Para mim a melhor lembrança é aquela que levamos com a gente.
Aproveitaria para fazer um pedido especial e esperava que ele não negasse. Estava querendo ter um momento a sós com a Pérola. Era verdade que estávamos dormindo juntos quase todas as noites com a desculpa das matérias que precisavam ser recuperadas, mas não tínhamos tido nada além de beijos quentes e isso estava me levando ao limite.
Fazíamos um esforço enorme para nos conter quando os beijos se aprofundavam. Meu corpo sentia falta do encaixe perfeito do dela. E sinceramente Pérola não cooperava quando me provocava com seus gemidos tímidos e arranhões na minha nuca.
Márcio: Pai? - chamei vendo que ele parecia perdido olhando uma caixa com fotos dos meus avós. - Pai?
Rafael: Oi, Márcio!
Márcio: Eu queria pedir um favor. - fiquei meio sem jeito. Nossa relação estava a cada dia melhor, mas não me sentia tão a vontade de compartilhar com ele a minha vida sexual.
Rafael: Eu bem que notei você me rondando sem graça. - riu e eu não pude deixar de rir também. - Fala!
Márcio: Vou direto ao ponto, porque acho que vai ser menos vergonhoso. Eu queria saber se dava para me emprestar o loft hoje a noite. - joguei de uma vez
Rafael: Então era isso... - falou colocando as mãos nos bolsos.
Márcio: Uma pergunta simples requer uma resposta ainda mais simples . Sim ou não?
Rafael: Depende do motivo desse pedido. - era sacanagem, né? Ele sabia e só estava querendo me ouvir falar.
Márcio: Vou fingir que acredito que realmente não sabe. Eu estou querendo passar a noite aqui com a Pérola.
Rafael: E o que a Rosália acha disso?
Márcio: Pai, eu ainda nem falei com a Pérola, como quer que eu saiba o que a Rosália vai achar?
Rosália: Olha, filho - falou sentando no sofá e acenando para que eu fizesse o mesmo. - A Pérola é como uma filha para a Rosália e além de tudo tem toda essa história do atropelamento. Não sei se isso será uma boa.
Márcio. Valeu! - falei me levantando
Rafael: Ei, calma! - me acompanhou - Eu não me importo que venham para cá. Esse lugar é seu também. Eu só quero que você vá com calma.A Pérola é uma menina muito especial e eu serei eternamente grato a ela por ver o meu filho tão feliz, mas vocês são muitos novos e precisam ter em mente que quando não se age com responsabilidade a consequência é muitas vezes muito pesada. Não vou ficar aqui falando o que você já deve saber, mas só te peço que vocês se cuidem. Se amem, vivam, mas se cuidem.
Márcio: Nós nos cuidamos, pai. - eu entendia o que ele estava querendo dizer. No fundo me senti muito feliz por saber que ele estava exercendo o seu papel de pai tendo aquela conversa comigo. - Então, posso?
Rafael: Pode, claro! - sorriu me chamando para um abraço.- Mas olha lá, hein? Eu sou um pai muito gato ainda para ser avô.
Márcio: Deixa a Gabi saber que o gatão aqui tá todo se achando.
Agora era só conversar com Rosália e dar continuidade nos preparativos para a minha noite especial com a minha princesa linda. Quero que ela tenha mais essa noite como as muitas que ainda virão, como momentos especiais. Com a ajuda da minha irmãzinha Flora isso aqui ficaria do jeito que eu estava imaginando.
(...)
Assim que falei com Flora ela se prontificou em conseguir tudo o que eu tinha pedido naquela lista. Com Rosália foi um pouco mais complicado, mas depois de ser bem sincero ela acabou cedendo. Para Pérola eu falei que iríamos pegar uma caixa que havia esquecido lá. Mais cedo peguei com Maria Alice tudo o que Pérola iria precisar e levei para o loft. Ela não suspeitou de nada e até escolheu um lugar para irmos depois que fizéssemos o que eu tinha dito.
Peguei Pérola na hora marcada e seguimos para o loft. Eu parecia um bobo. Minhas mãos estavam suando quando entramos no prédio. Eu não via a hora de ver a sua reação ao que ela encontraria quando aquela porta fosse aberta.
Pérola: É impressão minha ou você tá muito calado? - olhou querendo me desvendar e eu desviei o olhar.
Márcio: Só cansado, amor. Vem! - peguei em sua mão a colocando diante da porta que já estava parcialmente aberta e a abri por completo.
Pérola: Márcio...