Capítulo 29

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Márcio


Eu estava com pouco tempo para surpreender a Pérola. Diante de tudo que havíamos passado, eu queria que fosse algo especial. Mais um momento para termos nas nossas lembranças. Conversei com Alex. porque várias ideias tinham passado pela minha cabeça. Então eu precisava focar no que pudesse ser feito com a rapidez que eu precisava.

Depois de muito pensar e de ouvir um caminhão cheio de loucuras da parte do Alex, acabei decidindo pedir a ajuda do meu pai. Afinal fechar um cinema só para nós dois não cabia dentro do meu bolso. 

Rafael: Então como você quer que eu te ajude? - perguntou depois de ouvir a ideia. - Posso te dar o dinheiro.

Márcio: Não, pai - recusei - Eu quero que seja algo feito por mim e pelo o que eu possa pagar.

Rafael: Tive uma ideia. - às vezes meu pai parecia louco. Levantou do sofá do nada e ficou andando pela sala sorrindo. Quando acabar querem que eu seja normal.

Márcio: Dá pra parar de andar e falar logo? 

Rafael: E se você fizer a sala de cinema de vocês?

Márcio: Pai, não sei se o senhor sabe, mas não entendo nada de construção, não. - o maluco pirou de vez.

Rafael: Deixa de falar besteira, moleque! - ele me olhava com uma cara maluca. Preciso saber o que a Gabriela anda colocando no leite dele. - Lá na ONG tem aquele espaço lateral, sabe? Lá onde geralmente fazemos as aulas de pintura? Então eu pensei que se você de repente levar o telão para lá, colocar aquela tenda branca que fica na entrada e umas almofadas, você pode fazer daquele lugar uma sala de cinema. - enquanto ele falava eu imaginava a cena na minha cabeça.

Márcio: Você acha que ela vai gostar? - minha dúvida era se Pérola não acharia uma loucura ao invés de algo especial. 

Rafael: Filho, pelo jeito como ela te olha - falou se aproximando - Até se você a levasse para comer pipoca, ela acharia especial. Não importa o lugar e sim a companhia.

Márcio: E tem como agilizar essas paradas todas até amanhã?

Rafael: Claro! Tá tudo lá na ONG é só pegar e usar. - um alívio me invadiu - Só vai precisar de uma ajudinha porque o material é pesado, mas eu não me importo que essa ajuda venha de mim. 

Márcio: E o que eu vou fazer com a parte da comida? - só pipoca não dava, né? - Quando fiz uma surpresa no loft foi mais fácil.

Rafael: Essa parte eu não vou poder te ajudar, mas acho que tem uma pessoa que com certeza ficaria feliz em fazer.

Márcio: A Gabi não, pelo amor de Deus! - eu queria surpreender a Pérola e não matar. - A coitada da Mel até hoje sente a barriga doer depois daquela bomba de chocolate. Realmente teve um efeito de bomba na barriga da criança.

Rafael: Que crueldade - gargalhou - Mas tenho que admitir que cozinhar não combina muito com ela. Eu tô falando da Rosália. Fala com ela e pede para que  prepare algo do gosto de vocês. Assim você estará garantindo algo gostoso e de quebra ainda ajuda a Rosália com essa grana extra.

Meu pai tinha toda razão. Estava começando a achar que a loucura dele era saudável. Um maluco com ideias proveitosas não era todo dia que se via.

Márcio: Obrigado, pai! - ele tinha me ajudado muito

Rafael: Nem tem nem o que agradecer. Você não sabe como fico feliz em te ver assim.

Márcio: Assim como?

Rafael: Amando, filho. Se dedicando para cultivar esse amor. Quando eu olho para você e lembro a idade que você tem,o que você passou até chegar a esse momento,  eu vejo o quanto Deus é bom pra mim. Você é tão decidido e luta para defender quem ama. Apesar de tudo, não se fechou para o amor e está aí vivendo com toda a intensidade possível o que sente.

Teus Olhos ( PEROMAR )Onde histórias criam vida. Descubra agora