Márcio
Depois de um final de semana maravilhoso estávamos de volta a nossa rotina. Que mesmo que leve esse nome, não é nada monótona e desgastante. Pérola havia resolvido que parte do dinheiro que tinha reavido , investiria em causas sociais. Queria ajudar os jovens que assim como ela se viram sem nenhum apoio financeiro e tiveram que encarar a vida sem os pais.
Assim ela agora estava muito absorvida pelos projetos da ONG do meu pai. Com parte da sua doação, crianças com problemas de aprendizado agora teriam aulas de reforço escolar e agregariam isso a outras atividades que também seriam oferecidas pela ONG.
Paralelo a isso ela também estava vendo com Rosália uma forma de fazer com que reforçassem a renda mensal delas. O serviço de buffet de Rosália estava indo bem, mas por não ter mão de obra suficiente, muitas vezes chegava até a recusar encomendas.
Márcio: Amor, você ficaria chateada se não formos ao cinema a noite? - perguntei quando estávamos indo para a casa dela depois da aula.
Pérola: Quer fazer outra coisa? - me perguntou curiosa.
Márcio: Na verdade eu pensei em dar uma força pra Laís. Ela está pensando em desistir do curso e acho que tem um motivo muito forte por trás disso.
Pérola: E o que você tem a ver com isso? - não entendi a forma agressiva com que me perguntou.
Márcio: Pérola pra quê esse tom? - realmente não entendi - Hoje de manhã você estava falando sobre ajudar o próximo e agora age dessa maneira sem sentido?
Pérola: Márcio, vai ajudar sua amiga que eu vou sair com o pessoal. - me deu as costas e foi saindo.
Márcio: Ei! - peguei em seu braço a detendo. - Não acredito que você vai me deixar aqui feito um idiota. Pior, não acredito que está fazendo esse show somente por eu querer ajudar uma amiga.
Pérola: Não estou fazendo show nenhum. E quanto a SUA amiga - enfatizou - Não a conheço porque há dias atrás nem sabia da sua existência. O estranho é que de uma hora para outra ela passou a ser tão importante ao ponto de querer ajudá-la.
Márcio: Sinceramente acho melhor pararmos essa discussão sem sentido agora. Não quero brigar com você.
Pérola: Acho melhor mesmo. - encerramos o assunto e fomos o resto do caminho em total silêncio. Estava chateado, porque achei egoísmo de sua parte. A Laís era uma pessoa legal e lembro que quando comecei o curso tive seu incentivo de imediato. Não via razão para não ajuda-la naquele momento. Além do mais me magoou saber que Pérola não confiava no meu amor por ela. Quando chegamos em frente ao seu prédio ela sequer se despediu de mim. Era melhor mesmo ir para casa e esfriar a cabeça.
A noite...
Liguei para Laís e depois de muito insistir ela aceitou dar uma volta para conversarmos. Algo me dizia que ela estava precisando de ajuda e eu não podia me fingir de cego somente porque Pérola tinha resolvido ter ciúmes infundados.
Marcamos de nos encontrar numa praça que ficava próximo a sua casa. E na hora marcada eu estava lá a sua espera. Demorou mais alguns minutos e Laís chegou. Ela parecia muito triste e também percebi que a toda hora olhava para os lados como se alguém fosse aparecer do nada.
Laís: Realmente eu agradeço a sua preocupação, Márcio - falou - Mas no momento é o melhor que eu posso fazer por mim mesma.
Márcio: Eu não entendo. Você sempre foi a mais empolgada com o curso e agora resolveu que não é o que quer?
