Capítulo 16

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Dois dias depois...


Márcio


A sedação de Pérola havia sido retirada na madrugada e sua transferência para o quarto foi imediata. Graças ao meu pai, conseguimos uma licença especial para que eu e Rosália ficássemos com ela. Nós dois não arredamos os pés desse hospital desde que Pérola deu entrada aqui. Meu corpo já estava mostrando sinais de cansaço e aquele banho que tomei salvou minha sanidade. 

Ela permanecia dormindo e segundo o médico não se podia precisar com exatidão quando ela despertaria. Eu não tirava os olhos dela e tratei logo de colocar uma cadeira ao seu lado. Queria ser o primeiro a olhar em seus olhos.

Alguns de nossos amigos iram vir à tarde depois do colégio visitá-la e outros a noite. Meu pai tinha chegado a poucos minutos e segundo ele, nada ainda tinha sido esclarecido sobre o atropelamento. Mesmo que tenha sido provado que de fato era o carro do pai de Fabiana, a apresentação dos álibis acabavam descartando os dois como possíveis condutores do veículo na hora do acontecido.

Márcio: Mas se o carro é dele, não o torna responsável? 

Rafael: As coisas não funcionam assim, filho. 

Márcio: Não funcionam de jeito nenhum, quer dizer né? - eu estava irritado com a possibilidade de ninguém ser responsabilizado.

Rafael: Filho, eu prometo que vamos descobrir o que realmente aconteceu.

Rosália: Rafael... - ela parecia preocupada - Eu estou muito preocupada com a permanência da Pérola aqui.

Rafael: Você não está segura com os profissionais daqui? - meu pai quis saber - Me fala 

Márcio: Aconteceu alguma coisa e você não quis nos contar, Rosália? - fiquei me perguntando o que poderia ser.

Rosália: Não é isso - ela parecia sem jeito. - É que...

Márcio: Fala, por favor!

Rosália: Eu não tenho como pagar tudo isso. - falou abrindo os braços e mostrando ao seu redor.  - A Pérola até tem um dinheiro guardado, mas é para os estudos dela. Não quero nem imaginar o que vai ser pra ela abrir mão disso.

Rafael: E nem vai ser preciso. - meu pai se aproximou colocando a mão em seu ombro. - Deixa essa parte burocrática por minha conta. 

Rosália: Não, Rafael. - ela se agoniou - É muito dinheiro e você não tem obrigação nenhuma.

Márcio: Eu tenho o dinheiro que meus avós deixaram para mim. É administrado pela minha mãe, mas eu dou um jeito nisso. - falei já pegando o celular para ligar para ela. Pela Pérola eu esqueceria tudo e não hesitaria até em voltar para a casa da minha mãe e resolver essa questão.

Rafael: Calma os dois! - meu pai sorriu - Ninguém vai precisar fazer nada. O dono desse hospital é um velho conhecido e já resolvi tudo com ele. 

Rosália: Mais como? - eu também não estava entendendo

Rafael: Esse hospital tem um programa que atende crianças de outras cidades diagnosticas com a síndrome de Turner. E elas precisam de algumas terapias para o seu desenvolvimento associadas ao tratamento. Então a ONG ficará encarregada de introduzir essas crianças em terapias ocupacionais.

Márcio: Obrigado, pai! - fui ao seu encontro muito emocionado.

Rafael: Ninguém tem que agradecer nada.  - bagunçou meus cabelos - Tanto a Pérola quanto essas crianças terão o tratamento que precisam e ganhamos todos. A minha nora nos deu um susto, mas acabou dando esperança a muita gente.

Teus Olhos ( PEROMAR )Onde histórias criam vida. Descubra agora