Márcio
Ver a emoção de Pérola ao sentir aquele colar sendo colocado em seu pescoço foi o sinal de que a minha surpresa tinha dado certo. Tudo o que veio depois foi especial. As juras de amor, os beijos e quando nos amamos me senti o homem mais feliz do mundo. Depois da nossa noite especial senti minha forças renovadas para enfrentar tudo o que tivesse que vir pela frente.
Hoje será a minha primeira aula no curso de desenho e embora esteja empolgado, já sinto falta de passar a tarde com a Pérola. Ela tem me dado a maior força e sei que está realmente feliz com isso, mas já sinto saudade.
Rafael: Márcio - chamou minha atenção entrando no quarto - Será que quando você sair do curso dá pra pegar a Mel lá no Le Kebec?
Márcio: Dá sim. - respondi colocando a mochila nas costa. - Aproveito e como alguma coisa, porque já vi que o jantar hoje ficará por conta da mestre cuca.
Rafael: Nem me lembra disso - riu - Fico meio sem jeito de falar. Não quero magoar a Gabi, mas tá difícil engolir a comida.
Márcio: Melhor criar coragem logo antes que ela mate um de nós.
A noite...
Cheguei ao apartamento de Pérola e fui convocado para organizar umas caixas que haviam sido trazidas de sua antiga casa. Não achei uma boa ideia ela mexer com essas lembranças agora, mas ela me parecia bem tranquila quanto a isso. Por fim acabei me divertindo vendo fotos de quando ela era criança.
Márcio: Amor, você gosta de tirar fotos, né? - ri - Tem muitas aqui.
Pérola: Digamos que sempre gostei de um flash - veio sentar no meu colo - Mas sabe do que eu gosto mais? - falou passando o dedo nos meus lábios.
Márcio: Do que? - falei com a voz rouca de desejo
Pérola: Disso... - me beijou com o mesmo desejo que me consumia. Sua língua era voraz em minha boca. Seus gemidos atiçavam tudo dentro de mim. Minhas mãos buscavam alívio em sua pele. Passeavam pelo seu corpo que queimava a cada toque. Pérola despertava os meus mais profundos instintos, Era louco. Insano. Vital sentir aquilo.
Já não conseguia nem mais pensar. Fui tomado por um insaciável desejo. Quanto mais eu a beijava, mais eu queria sentir sua boca. Seu cheiro me invadia. Consumia. Estava prestes a esquecer onde estávamos, quando o pouco da sanidade de ainda me restava me alertou para o som dos passos se aproximando de nós.
Márcio: Amor... - chamei ao separar nossas bocas. - Tá vindo alguém aí.
Pérola: Meu Deus! - saiu do meu colo ajeitando a saia que tinha sido movida por mim. Seu rosto estava rubro denunciando o desejo. - Minha madrinha ia infartar se visse essa cena.
Márcio: Quem tá quase infartando sou eu. - falei tentando recobrar o controle do meu corpo.
Rosália: Já terminaram? - perguntou ao entrar e pela naturalidade não havia notado nada. - Eu fiz um bolo de laranja que está divino.
Pérola: Tá faltando só essa caixa branca.Nem sei se são coisas minhas. - falou empurrando a caixa com os pés em direção a mim tentando disfarçar a respiração irregular.
Márcio: Vamos descobrir agora - tirei a fita adesiva que vedava a caixa e encontrei muitos papéis. Retirei e no fundo havia uma pequena caixa. Não sei porque , mas algo não me pareceu certo naquilo.
Pérola: O que é isso? - falou quando entreguei a ela
Rosália: Essa caixinha estava nas coisas da sua mãe. - explicou - Deve ser alguma joia de família.
Pérola: Estranho... - analisou a caixinha antes de abrir. - Minha mãe sempre disse que não tinha nada deixado pelos pais...
Márcio: Saberemos assim que você abrir.
Pérola: Abre você- jogou a caixa no meu colo - Vai que essa joia de família é uma barata?
Rosália: Sua mãe não guardaria uma barata. - riu
Pérola: Vai saber. Não duvido mais de nada. - ela de repente se entristeceu. Então abri logo aquela bendita caixa.
Márcio: Olha isso, gente? - falei mostrando o conteúdo. - Uma chave
Rosália: Uma chave?
Pérola: Me dá aqui. - quando retirei a chave vi que junto dela havia um pequeno pedaço de papel dobrado. Abri e estava escritos uns números e Pérola pareceu entender. - Isso é uma senha! Essa chave deve ser de algum lugar em que meus pais guardaram algo. Algo muito importante.
Márcio: Mas que lugar é esse? - estava realmente confuso
Pérola: É isso que vamos descobrir.
Pérola
Com aquela chave nas mãos eu tive a certeza que esse segredo guardado por ela estava ligado a tudo que tinha acontecido com meus pais. Nunca engoli a forma como eles morreram. Meu pai não bebia e quando fomos informadas que o teor de álcool em seu sangue era muito acima do permitido eu estranhei. Na verdade o acidente foi muito estranho. Naquela noite íamos comemorar o aniversário de casamento deles em um jantar e do nada eles saíram de casa parecendo preocupados.
Pérola: Essa chave vai me dizer a verdade. - segurei a chave como se a qualquer momento ela pudesse sumir.
Rosália: Que verdade, minha filha?
Pérola: A verdade sobre a morte dos meus pais.
Márcio: Pérola, do que você tá falando? - ele parecia nervoso.
Pérola: Meus pais não sofreram um acidente. - contive o choro - Eles foram assassinados. E a resposta está aqui, nessa chave e no que ela guarda.
Márcio; Amor, eu sei que é estranho essa chave , tudo isso, mas não quer dizer que seja algo importante. Pode ser só uma coisa sem importância
Rosália: O Márcio tem razão, Pepi. Você só ficou mexida vendo essas coisas.
Pérola: Vocês não entendem? - me alterei ficando de pé. - Meu pai nunca iria beber daquele jeito. Ele não colocaria em risco a vida da minha mãe.
Márcio: Calma, amor. - veio me abraçar. - O que quer que essa chave esconda vamos descobrir.
Pérola: A verdade estava aqui o tempo todo...- me agarrei a ele chorando.
Um sopro de esperança me atingiu naquele momento. Por um segundo eu me agarrei a ela. Meus pais poderiam ser inocentes e nas minhas mãos poderia estar a prova disso. Eu precisava saber a verdade. Precisava enterrar aquela história de uma vez. Aceitar que eles realmente foram desonestos ou provar que foram silenciados para não apontarem os verdadeiros culpados.