Pérola
Não via a hora de saber o que tinha acontecido naquele loft. Márcio tinha ficado de vir para cá assim que saísse de lá e embora eu soubesse que Rafael e Fontes estavam perto e monitorando tudo, ainda sim eu estava preocupada.
Andava de um lado para outro nervosa. Minha madrinha tentou me distrair contando histórias de seus parentes, mas meu pensamento estava nele. Não iria me perdoar nunca se algo lhe acontecesse.
Os ponteiros do relógio pareciam parados no mesmo lugar. Ansiedade me consumia e nada de Márcio. Nenhum sinal. Já estava prestes a sair para encontra-lo. Não me importava se isso iria atrapalhar nada, só queria saber se ele estava bem. Parecendo prever o que eu iria fazer ele entrou no apartamento e veio ao meu encontro. Me joguei em seus braços e de lá não queria mais sair.
Márcio: Calma, amor. - pediu sentindo o tremor de meu corpo - Deu tudo certo.
Pérola: Quem era? - olhei para ele - Quem quis me matar?
Márcio: Miguel. - falou vendo o meu espanto
Pérola: Isso tá errado. - eu não acreditava - Por qual motivo ele faria isso?
Rosália: Quem é Miguel? - minha madrinha perguntou
Márcio: Ele estuda lá no colégio, Rosália. - explicou - Segundo o que disse, ele é apaixonado pela Pérola. - notei seu maxilar trincar - E como nunca teve uma chance, fez isso.
Pérola: Não faz sentido. Ele nunca falou comigo. Não antes daquele dia que eu voltei depois do atropelamento.
Márcio: Também não acreditei, mas pelo menos Fontes já sabe o rumo que deve seguir.
Rosália: Tá muito confuso tudo isso - sentou no sofá levando as mãos a cabeça. - Cada dia aparece algo diferente nessa história e nada se resolve.
Márcio: Agora já sabemos por onde procurar. - falou alisando meu braço - Só temos que continuar protegendo a Pérola. Eu acredito que logo esse pesadelo acaba.
Pérola: Tem que acabar, amor. - deitei a cabeça em seu peito - Eu não aguento mais essa insegurança. Desconfio de tudo ao meu redor. Isso não é vida.
Rosália: O Márcio tem razão, filha. - tentou animar. - Agora é só uma questão de tempo. Deixa eu esquentar algo pro Márcio comer. - levantou seguindo o caminho até a cozinha. - Aposto que não jantou.
Márcio: Estou sem fome, Rosália.
Rosália: Mas precisa se alimentar direitinho. - brincou - Quem vai proteger a Pérola se você cair doente. Além do mais prometi cuidar de você como um filho pro Rafael.
Márcio: Comeu, amor? - falou e eu levantei o rosto negando - Mas vai comer comigo, né?
Pérola: Com você sim. -sorri
Márcio: Então coloca tudo no mesmo prato, sogrinha - Rosália adorava quando Márcio a chamava assim - Hoje o jantar vai ser ao estilo A Dama e o Vagabundo. - rimos.
Rosália: Eu presumo também que vai dormir aqui. - falou como quem não quer nada
Márcio: Se me convidarem... - fez charme
Pérola: Você nunca vai precisar de convite pra ficar aqui.
Márcio: Te amo! - me beijou e ouvimos minha madrinha pigarrear.
Pela manhã...
Acordamos atrasados e tivemos que praticamente correr para o colégio. Maria Alice foi todo o caminho reclamando e Márcio se divertia com seu mau humor. Quando chegamos perto do colégio, Márcio ficou na esquina esperando que eu e Maria entrássemos. Fabiana ainda precisava acreditar que sua maldade tinha sido bem sucedida.