Pérola
Depois que Fontes foi embora ficamos tentando ligar os pontos entre todos os acontecimentos. Minha madrinha não parava de dizer que o melhor a se fazer era deixar quieto, mas eu sabia que não dependia de nós. Alguém estava por trás de tudo e não iria simplesmente esquecer até que tivesse o que queria. O problema era exatamente esse: o que ele queria?
Fontes também havia sugerido que Rafael contratasse alguém para que de longe me acompanhasse. Afinal segundo ele, Márcio, Maria Alice e Alex não podiam garantir a segurança que eu precisava e ainda estavam se pondo em risco também. O que mesmo sem dizer concordava. Quem quer que estivesse por trás disso não hesitou em matar um policial. Só em pensar que estava colocando a todos em perigo ficava aterrorizada.
Rafael: Ele me deu uns nomes aqui. - falou - Vou entrar em contato e se possível ainda hoje vai ter alguém na sua cola 24 horas por dia. - olhou para mim.
Pérola: Não sei se vou me acostumar a ter uma sombra, Rafael - quase choro só de pensar. - E se as pessoas notarem que tem alguém me protegendo?
Márcio: Não tem argumentos, amor. Ou você aceita ou desse apartamento você não sai. - foi direto
Rosália: Rafael, você acha que aqui é seguro? - minha madrinha parecia muito angustiada e eu me culpava por isso. Se tivesse pra onde ir ela não estaria passando por isso. - Talvez seja melhor sair da cidade. Eu tenho uma irmã que mora em Minas. Ela vivi me chamando para ir morar com ela. Tenho certeza que as meninas irão se adaptar fácil e quando isso acabar nós voltamos.
Márcio: Pelo amor de Deus não Rosália - ele praticamente gritou - Não faz isso!
Rosália: Seria só por um tempo. - tentou consolar o meu namorado que na mesma hora me envolveu em seus braços. - É para a proteção dela.
Rafael: Rosália, eu entendo a sua preocupação. Aliás eu me sinto do mesmo jeito. A Pérola é a minha nora e eu sei o quanto o Márcio a ama. Eu quero que ela fique segura, e aqui é o melhor lugar para isso.
Pérola: O Rafael tem razão, madrinha. - me pronunciei sentindo Márcio me apertar em seus braços. - Lá estaremos mais vulneráveis ainda.
Rosália: Vocês têm razão. É que eu estou com muito medo de alguém te ferir. - desabou no choro - Só de imaginar isso eu sinto uma dor tão grande...
Rafael: Isso não vai acontecer. - ele a tranquilizava - Se fizermos tudo como Fontes disso, logo esse tormento acaba.
Rosália: Eu queria te pedir uma coisa, Rafael.
Rafael: Claro, Rosália. - ele assentiu - Pode pedir.
Rosália: Eu queria que você deixasse o Márcio passar um tempo aqui. É que não sei te explicar o porquê, mas com ele eu sei que a minha menina está segura. Eu prometo tomar conta direitinho dele.
Rafael: Bem, ele mesmo pode decidir. - olhou para o filho - Apesar de que eu já saiba a resposta. - sorriu
Márcio: Claro que eu fico, Rosália. - meu namorado sorriu satisfeito - Prometo não largar dela pra nada.
Rosália: Como não serão noites esporádicas, eu vou levar a Maria Alice para o meu quarto e assim ele dorme com a Pepi. - essa eu realmente não estava esperando e olhei para ela abismada - Nem me olha assim, mocinha. Não sou tão antiquada assim. Sei que é normal hoje em dia os namorados dormirem juntos, ou vocês pensaram que estavam me enganando? Eu bem que ouvia você fugir aqui pra sala para dormir agarradinha com o Márcio.
Pérola: Madrinha! - fiquei roxa de vergonha de Rafael que riu com vontade.
Rafael: Eles pensam que já nascemos com essa idade, Rosália. Nem imaginam que fomos jovens também.
Mesmo sentindo medo com a situação eu não pude deixar de ficar feliz com isso. Márcio iria estar comigo aqui sem que fosse preciso inventar nada e nem ter que fugir, como disse a minha madrinha, para estar em seu braços.
Enquanto Márcio e Rafael foram pegar as coisas dele, eu e minha madrinha passamos as coisas de Maria Alice para o outro quarto. Também teríamos que contar tudo para ela, não tinha como justificar a estadia de Márcio aqui sem falar a verdade.
Márcio
Nunca arrumar uma mala foi tão prazeroso. Mesmo ouvindo os resmungos de Alex eu não demorei a estar pronto para ir pra casa de Pérola. Meu pai estava no quarto com Gabriela. Entendemos quando ele disse que teria que contar a verdade a ela. Sei que entre eles não há segredos e não quero que esse seja um motivo para abalar a relação deles.
Alex: Acho isso muito injusto. - parecia uma velho resmungão. - Eu namoro a Maria Alice há mais tempo e não tenho essas regalias.
Márcio: O que ficou difícil de entender no que eu te expliquei? É para a proteção da Pérola, cara.
Alex: A Maria Alice também poderia está correndo perigo - eu não tinha ouvido isso.
Márcio: Não fala isso nem brincando, ouviu? - falei grosso - Sabe o que é se desesperar a cada carro que acelera perto de você? Imagina o que eu sinto a cada vez que me despeço da Pérola e tenho medo que seja a última vez?
Alex: Desculpa. - falou envergonhado - Eu não queria estar no seu lugar, irmão.
Márcio: Eu quero que isso acabe logo. - desabei - Tá difícil de segurar essa pressão.
Alex: Isso vai acabar. - falou com convicção - Agora tem gente que sabe o que está fazendo. Logo vão pegar quem está atrás dela e vocês vão poder viver em paz.
Márcio: Tomara!
Eu realmente queria acreditar que seria simples assim, mas a cada dia surgia algo novo e tudo parecia mais estranho e perigoso.
(...)
Quando cheguei só estava Pérola acordada. Fomos para o quarto que antes ela dividia com Maria Alice e que agora seria nosso. Pérola disse que eu poderia escolher a cama, mas se possível deixasse que ela ficasse perto da janela. Ela gostava de sentir o vento noturno mexendo em seu cobertor.
Pérola: E então? - falou sentando na cama que queria ficar - Posso ficar com essa?
Márcio: Claro que pode! - sorri - Tenho certeza que caberá nós dois direitinho. É só dormir bem agarradinhos.
Pérola: Pensei que não fosse sugerir isso. - falou me chamando com o dedo. - Vem aqui, vem?
E a minha primeira noite oficialmente morando com minha namorada foi passada entre beijos e carícias apaixonadas. Fizemos amor e nos entregamos mais uma vez ao prazer.
