Capítulo 7

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Márcio


Nunca foi tão difícil conseguir dormir. Na minha cabeça ficava passando tudo o que tinha acontecido naquela noite. A forma como aquele beijo me despiu do medo. A leveza que senti mesmo sabendo que todos os olhos daquele lugar estavam voltados para nós enquanto dançávamos. Todas as coisas que me apavoravam aconteceram de uma só vez e eu não liguei, porque ela estava comigo.

No domingo acordei mais tarde do que de costume. procurei me ocupar com as coisas do colégio para ver se o restante do dia passava logo. Pensei várias vezes se deveria falar com a Pérola. Não queria parecer ansioso demais por um contato, mas também não queria que ela achasse que não tinha significado nada a nossa noite.Por fim acabei mandando mensagem e me espantei quando fui respondido no mesmo instante. Isso garoto!

Conversamos coisas aleatórias e acabamos nos despedindo com um beijo.  Estava mais do que claro para mim que não dava para fugir. Eu realmente não sei como será daqui pra frente, mas se me for permitido viver o tempo que tenho aqui com ela, é isso que irei fazer.


Segunda- feira pela manhã...


Cheguei um pouco atrasado, embora tivesse corrido como um louco para que isso não acontecesse. Tudo por causa do Alex que saiu mais cedo esquecendo que teria que levar a Mel para o colégio. Resultado? Sobrou pro idiota aqui!

Assim que entrei na sala, Pérola abriu um sorriso que fez até meu mau humor passar por conta de tudo. Foi impossível não retribuir o sorriso e logo uma chuva de hum... foi ouvida em sala de aula. Eu nunca fui de me importar com o que falavam ou pensavam de mim, não seria agora que iria começar. 

Pérola: Pensei que não viesse hoje. - falou assim que eu sentei ao seu lado

Márcio: Fui só deixar a Mel ao colégio, já que o babaca do Alex esqueceu. - olhei para ele irritado e pela cara que o indivíduo fez eu tive certeza de que o " esquecimento" foi proposital

Alex: Desculpa, irmãozinho. - o fuzilei com o olhar e ele deu de ombros rindo ainda mais. Vai ter volta. Pode apostar!

Professora: Podemos iniciar a aula ou a reunião familiar ainda vai demorar a acabar? 

Márcio: Desculpa, professora. - Tentei prestar atenção na aula e depois me acertaria com o Alex. O que ele não sabe é que comigo tudo tem volta.

Já estava quase na hora do intervalo quando a louca da Fabiana literalmente jogou um papel em mim. Olhei para o lado e vi que Pérola fingia que não tinha visto. Pensei se deveria abrir e ver o que tinha escrito, mas desisti guardando-o dentro do caderno. Afinal vindo dessa doida não deve ser tão importante assim.

Pérola: Não vai abrir? - falou baixinho quase num sussurro. Viu como ela tinha visto?

Márcio: Não. Ainda não entendi qual a dessa garota.

Pérola: Você talvez?

Márcio: Tá aí uma coisa que não depende dela. - ganhei mais um sorriso lindo.


Assim que o sinal tocou anunciando a hora do intervalo eu convidei Pérola para irmos a cantina. Todos os dias na última semana tínhamos ficado juntos  conversando, mas acontecia sem que houvesse um pedido e eu queria que ela soubesse que queria realmente a companhia dela, Não era falta de opção ficar com ela, era querer mesmo.

Quando chegamos lá eu notei que Rosália me olhava meio estranho. Talvez ela já estivesse sabendo do que havia rolado entre nós no aniversário da Pérola e senti a sensação de estar sendo analisado de perto pela "sogra". Pérola notou meu desconforto e se apressou em esclarecer o que estava acontecendo.

Pérola: Ela achava que você era mudo. - cochichou para logo em seguida começar a rir.

Márcio: Mudo? Eu? - que diabos estava acontecendo?

Pérola: Você! - ela confirmou - Digamos que você não fez muita questão de se entrosar e algumas pessoas começaram a criar teorias em relação a isso.

Márcio: E você? Que teoria criou ao meu respeito? - a dela com certeza me interessava e eu quis saber

Pérola: Bem... - vi que ela procurava as palavras - Confesso que realmente não sei o que esperar de você.

Márcio: Como assim?

Pérola: Tem horas que tenho quase certeza que estou começando a te conhecer melhor, mas do nada você se fecha e eu fico perdida, sabe. 

Márcio: Me explica isso direito? - pedi porque a opinião dela realmente era a única que me importava.

Pérola: Vamos falar de s[abado - enfim um de nós tinha tido coragem de falar sobre isso e foi um alívio para mim ser ela. - De todas as reações que eu esperava que você iria ter, aquele beijo não estava entre nenhuma.

Márcio: Você não gostou? - engoli seco

Pérola: Claro que gostei! - ela falou mais alto do que esperava e acabou se assustando e ficando encabulada. - Desculpa, é que fiquei meio confusa, mas gostei tudo o que aconteceu.

Márcio: Pérola, eu tenho muitos conflitos que nem eu mesmo sei lidar, mas quando te vi naquela noite, foi a primeira vez que eu não quis pensar muito, sabe? - falei sendo o mais sincero possível. - Eu só não vou me perdoar se te magoar de alguma forma. É difícil, por motivos que não quero falar agora, me aproximar das pessoas. - ela me olhava atentamente - Deixar que elas façam parte da minha vida. Não por elas, mas por mim mesmo.

Pérola: Eu não sei o porquê disso, mas respeito seus limites. - ela falou e vi compreensão e sinceridade em seu olhar - Eu só quero que saiba que não estou cobrando nada. Quero sempre conversar com você. Me faz um enorme bem a sua companhia. Não estou querendo forçar a barra e nem me impor na sua vida. Eu me arrependi de ter perguntado sobre o bilhete que a Fabiana te entregou. Não tenho que me meter  e tão pouco quero que se sinta cobrado por nada. Se pra você o que aconteceu no  sábado foi apenas uma coisa corriqueira eu vou entender. - fiquei angustiado que ela pensasse nessa hipótese - Nunca acreditei em cavalos e príncipes. Somos jovens e sei que coisas acontecem sem que isso signifique compromisso.

Márcio: Foi essa a impressão que te passei? - me mexi inquieto. Será que eu tinha feito algo que a levasse a pensar assim?

Pérola: Já disse que você me confunde. - ela sorriu, mas vi em seus olhos um pouco do que eu estava sentindo - No sábado você foi tão carinhoso...mas hoje agiu como nos outros dias e ... - não esperei e a interrompi

Márcio: É complicado agir em certas situações quando se é novidade para você. - tomei coragem e fui - Não que você tenha sido a primeira garota que eu fiquei, não é isso

Pérola: Eu sei. - ela riu do modo atrapalhado como eu tentava explicar as coisas e só me enrolava.

Márcio: Mas eu realmente nunca me senti envolvido por ninguém ao ponto de fazer dessa pessoa parte da minha vida.

Pérola: Entendo. - pela forma como ela me olhou e desviou o olhar eu tive certeza que só estava deixando tudo ainda mais confuso.

Márcio: Acho que não estou sabendo falar o que realmente quero. - eu estava prestes a fazer algo inédito na minha vida, mas ao  invés de ter medo eu só queria que cada palavra que saísse da minha boca demonstrasse o quanto eram importantes para mim. - Então eu vou ser direto: QUER  ME AJUDAR A SER UM BOM NAMORADO?

Pérola: Quê? - ela me olhou assustada

Márcio: Namora comigo?

Teus Olhos ( PEROMAR )Onde histórias criam vida. Descubra agora