Capítulo 15

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Márcio


A possibilidade de algo muito grave ter ocorrido com Pérola me deixou completamente arrasado. Não conseguia acreditar que aquele dia se findava em tanta dor. Fragmentos de momentos vividos desde o momento que entrei naquela sala de aula passavam como um filme na minha cabeça. A primeira troca de olhar. O primeiro sorriso. O beijo que resgatou minha vontade de viver. Seu corpo unido ao meu. Até seu cheiro eu sentia naquele momento. E isso tudo não me deixavam acreditar que agora eu estava ali sentado naquela sala fria perdido sem ela.

Aos poucos o hospital foi ficando silencioso. As pessoas chegavam e iam embora e nós, todos nós, permanecíamos ali sem saber como ela estava. A cada movimento quase imperceptível dos ponteiros do relógio a espera ficava mais angustiante.

Márcio: Por que ninguém vem dizer nada? - falei sem ao menos saber para quem. - Eu estou ficando louco com essa demora.

Alex: Vamos lá fora pegar um ar? Vai te fazer bem.

Márcio: Eu só quero ter notícias da minha namorada! - me exaltei - Será que estou pedindo muito?

Rafael: Filho, ficar assim não vai fazer com que o tempo passe.

Márcio: Alguém vai ter que me dizer alguma coisa! - já não aguentava mais. Nem que eu tivesse que quebrar tudo ali iam me dizer algo. Assim que me levantei vi dois policiais se aproximando com Gabriela. Ela parecia agitada com algo que havia sido dito. Meu pai foi ao seu encontro e vi quando entregaram algo pra ele e um sinal de alerta soou.

Gabriela parecia não acreditar no que ouvia. Rosália se juntou a eles e em poucos minutos teve que ser amparada por meu pai. O que estava acontecendo? Eu precisava saber. antes mesmo que eu tivesse qualquer reação, fui chamado por eles junto com Maria Alice. Ela pareceu perceber alguma coisa e segurou em minha mão como se pedisse apoio.

Rafael: Depois que algumas testemunhas que estavam no local do atropelamento de Pérola depuseram, - ele parecia medir as palavras - A polícia vasculhou o local e achou isso. - falou me entregando um papel manchado de sangue. O sangue da Pérola. O mesmo sangue que eu carregava na roupa.

Márcio: E o que esse papel tem a ver com o que aconteceu? - não consegui ligar os pontos.

Gabriela: Leia. 

Assim que me dei conta do que estava escrito ali tudo fez sentido. O desaparecimento de Pérola sem que ninguém notasse, o atropelamento. Não foi um acidente! Foi um crime! Quem poderia querer machucar a Pérola? Quem era esse monstro que foi capaz de fazer aquela barbaridade com ela?

Policial 1 : Achamos que esse foi o artifício que usaram para atrai-la até o local do acidente.

Márcio: Você quer dizer crime, né? Alguém quis machucá-la ou mesmo... - a possibilidade de perder Pérola veio forte me abatendo.

Policial 2: Isso saberemos assim que localizarmos o proprietário do veículo.

Maria Alice: Que veículo é esse? - ela tinha estado calada até aquele momento.

Policial 2: Um turista estava gravando um vídeo no momento do atropelamento. Com essas imagens em mãos conseguimos identificar a placa e já foi expedido um mandato de apreensão do veículo.

Márcio: E a quem pertence esse veículo? - eu precisava saber

Rafael: É isso que não está fazendo sentido. - meu pai falou e logo senti que essa resposta esclareceria todas as outras perguntas que pareciam não ter explicação.

Gabriela: Eu posso até está me confundido devido a essa tensão - tentou medir as palavras para não ser injusta. - Mas o nome que está aqui nesse relatório é o do pai da Fabiana.

Teus Olhos ( PEROMAR )Onde histórias criam vida. Descubra agora