Duas semanas depois...
Márcio
A vida ganhou a sua normalidade e aos poucos retomamos a nossa rotina. Com as sessões de fisioterapia concluídas, passamos a ocupar nossos dias mais com passeios e tempo para nos curtir.
Não foi difícil convencer meu pai em não alugar o loft. Na verdade ele também não estava feliz com a ideia de pessoas estranhas morarem no cantinho dele. Só tive que prometer deixar sempre limpo e em ordem. O que não era difícil com a ajuda de Pérola.
Hoje iríamos a uma boate. Tentei argumentar com Pérola que sair assim para um local onde não estávamos familiarizados e não saberíamos como agir em caso de urgência seria arriscado, mas ela não aceitou meus argumentos e acabei cedendo.
Alex: Ficou bom? - apareceu na sala mostrando o que estava vestindo. - Sou muito gostoso, né?
Márcio: Não sei o porquê de tanta preocupação com o que vai vestir. - zombei - Afinal o rostinho aí não dá pra disfarçar.
Alex: Vou relevar porque sei que não deve ser fácil ver uma beleza como a minha.
Márcio: Tá bom, ô lindão! - me levantei indo em direção a porta - Vamos logo antes que a minha namorada conclua que essa demora é porque eu estou tentando melar a ida a boate.
Pérola estava impossível esses últimos dias. Respirei fundo diversas vezes para não brigarmos até que ontem por causa dessa bendita boate explodi. Eu entendia que não era fácil para ela todo o cerco de proteção ao seu redor, mas ela também devia entender que era para o seu bem. agora entendo o que diziam que num relacionamento um sempre tem que ceder. No caso esse um estava sendo eu. Ela agia muitas vezes como se não me quisesse por perto.
(...)
O som alto e pessoas pulando e dançando enchiam o ambiente. A galera estava toda reunida e Pérola estava radiante, o que me fez ver que ela só estava precisando se sentir como antes, livre. Estávamos dançando quando Hugo apareceu nos oferecendo uma bebida. Pérola nem perguntou o que era e ingeriu de uma só vez o conteúdo todo do copo.
Márcio: Tá maluca? - gritei para que ela me ouvisse. - O que tinha nesse copo?
Pérola: Vida! - falou jogando os braços para o ar. - Eu só quero viver!
Hugo: Márcio, deixa de ser careta. - falou saindo
Márcio: Essa não é você. - falei a puxando para um canto menos barulhento. - Não estou gostando do que está acontecendo.
Pérola: Vai controlar até o que eu bebo? - me olhou furiosa - Meus pais morreram, ouviu bem? Não devo mais satisfação para ninguém.
Márcio: Satisfação realmente você não deve - se ela soubesse como aquilo me feriu - Mas respeito em primeiro lugar você deve a si mesma.
Pérola: Você tá um saco! - falou saindo e me deixando sozinho que nem um idiota.
Procurei me controlar para não fazer o que com certeza iria me arrepender. Resolvi dar uma volta para dar tempo de esfriar a cabeça e principalmente o espaço que ela parecia querer. Era muito difícil saber que por querer protegê-la eu a estava afastando de mim, mas se fosse preciso brigar mais vezes por isso, eu brigaria.
Alex: Por que você tá aqui sozinho? - falou ficando ao meu lado.
Márcio: Estou só dando um tempo. - desconversei - Já eu volto pra lá.
