Pérola
Passados alguns dias as coisas se encaixaram novamente em seus lugares. Com a prisão do pai de Fabiana eu pude respirar aliviada. O advogado contratado por Rafael nos informou que em breve eu poderia reaver alguns bens da minha família e de certa forma isso era muito bom. Embora meus pais tivessem me deixando uma poupança e com ela eu tivesse meus estudos garantidos, não me sentia confortável de viver as custa da minha madrinha.
Márcio já havia retornado para a casa do pai, mas sempre estávamos juntos. Ele agora estava todo envolvido com o curso de desenho e eu também estava procurando algo que pudesse fazer. Pensei em retornar minhas aulas de balé. Era algo que sempre senti prazer em fazer e do qual sentia falta.
Pérola: Madrinha tem certeza que não quer ir com a gente? - perguntei me referindo ao convite feito por Rafael para que fôssemos passar o final de semana em Arraial do Cabo. - Vai ser bom esse descanso para todos nós.
Rosália: Tenho, minha filha. Vou aproveitar que as minhas duas filhotas estarão fora de casa para colocar esse apartamento em ordem.
Pérola: Somos tão bagunceiras assim? - ri
Rosália: Digamos que organização não seja muito a praia de vocês.
Maria Alice: Ouvi a palavra praia? - entrou no apartamento e foi logo falando - Convenceu a dona Rosália a ir também?
Pérola: Tentei, mas a nossa bagunça venceu.
Maria Alice: Nossa bagunça? - se fez de desentendida - Somos as pessoas mais organizadas do país, quiçá do Universo.
Pérola: Seria tão bom que fôssemos as três... - falei manhosa abraçando a minha madrinha.
Rosália: Eu prometo que na próxima irei. - falou chamando a filha para o abraço - Além do mais também recebi uma encomenda de uma uma amiga e não posso me negar a fazer.
Maria Alice: Tudo bem, mãe. - concordou - Mas na próxima não aceitaremos desculpa.
Rosália: Combinado. Agora acho melhor irem arrumar as malas de vocês, porque conhecendo as duas sei que vão querer levar até a cama. - rimos porque era meio que uma verdade.
(...)
Estávamos somente esperando por Rafael para irmos. Alex e Márcio pareciam duas crianças discutindo por futebol. Depois que tudo ficou esclarecido sobre a chantagem de Fabiana, eles voltaram as boas. O que foi um alívio, porque não iria ser nada bom ver um dos meus melhores amigos brigado com meu namorado.
Por falar em Fabiana, ficamos sabendo que depois da prisão do pai ela acabou indo com a mãe para a casa dos avós em Minas Gerais. Não sei se definitivamente ou até o ocorrido ser notícia velha. Para quem selecionava as pessoas por dinheiro, levar uma rasteira dessa não deve está sendo fácil.
Flora: Rafael foi buscar esse carro em outro planeta? - falou se sentando na mala. Realmente já estávamos ali esperando há um bom tempo. - Daqui a pouco ele chega na hora de voltarmos.
Gabriela: Deixa de ser exagerada, Flora! - riu da cara de derrota que ela fazia. - Ele foi abastecer também. Logo tá aí.
Alex: A gente chegando e pegando o pôr do sol pra mim tá maravilhoso.
Márcio: Que coisinha romântica meu irmãozinho querendo ver o pôr do sol. - Márcio não perdia uma.
Alex: E existe coisa melhor do que namorar vendo o sol se pôr?
Márcio: Aí vi vantagem. - riu e não nos aguentamos da sua graça.
Gabriela: Graças a Deus. - levantou as mãos para cima - Olha lá o Rafael.
Márcio: Calma aí família. - chamou a nossa atenção. - Não sei se vocês repararam,mas somos em oito e no carro só pode cinco.
Gabriela: O Vinícius vai levar o restante. - explicou e assim foi feito. Agora era só curtir a viagem e aproveitar tudo o que esse final de semana reservava pra nós.
Márcio
Não sei quem teve a ideia de colocar o Alex junto comigo no mesmo carro. O moleque cantou as músicas tudo errado e ainda queria fazer dancinha. Às vezes penso que Gabriela engravidou dele numa noite de lua cheia, porque só assim eu entenderia a bizarrice dele.
Nem acreditei quando paramos em frente a casa. Tive até vontade de sair do carro já indo beijar a calçada. Depois da euforia inicial, porque realmente se tratava de um verdadeiro oásis, fomos guardar as coisas para darmos uma volta pela cidade.
Alex: Não sei porque minha mãe não nos deixou no mesmo quarto - olhou para Maria Alice que parecia tão ou mais decepcionada do que ele.
Pérola: Uma verdadeira palhaçada isso sim! - minha namorada não escondia o bico de insatisfação.
Márcio: Vocês perdem tempo com tanta bobagem... - falei e quase apanhei
Pérola: Então quer dizer que é bobagem dormir com sua namorada? - minha ferinha não estava nada contente com o que eu tinha falado.
Márcio: Pensa comigo. - parei de andar e eles fizeram o mesmo. - Depois que eles forem dormir podemos trocar. Simples assim!
Alex: Boa, moleque! - fizemos o cumprimento dos machos - A Pérola vai pro nosso quarto e eu vou pro delas.
Márcio: Pensei que fosse ter que desenhar um mapa. Só temos que ter cuidado amanhã de manhã. Vai que a Gabi resolve dá uma conferida?
Pérola: Apresento a vocês a chave. Se a porta estiver trancada ela não vai flagrar nada.
Márcio: Viu como a minha namorada é esperta? Eu amo essa garota! - falei a puxando e colando nossos corpos. - Você nunca me decepciona. - falei prestes a beija-la - Estou louco pra matar a saudade que estou de você.
Pérola: Só te aviso que da minha parte a saudade tá muito grande, então acho que irá demorar um pouquinho para sanar.
Ela nem tinha noção do quanto aquelas palavras me deixavam louco. Me acostumar a dormir longe dela estava sendo uma tortura e eu iria aproveitar esses dias para matar toda a saudade que estava me matando.