Pérola
Dois dias haviam se passado e Fabiana não tinha dado as caras no colégio. Fontes tinha novidades e saber disso nos deixou ansiosos. Assim que a aula acabou fomos o mais rápido possível para casa. Quando chegamos eles já estavam a nossa espera.
Márcio: E aí? - falou colocando as nossas mochilas que ele trazia no ombro em cima da mesa. - Descobriu o que, Fontes?
Fontes: Provavelmente esse Miguel realmente era que estava dirigindo aquele carro, estava fazendo isso a mando de outra pessoa.
Pérola: Outra pessoa? - senti minhas pernas tremerem - Como assim outra pessoa?
Rafael: O pai dele trabalha para o da Fabiana. - jogou a bomba e minha cabeça girou
Pérola: Você está querendo dizer que por ser dispensada pelo Márcio a Fabiana convenceu o pai a isso? - era muita loucura tudo aquilo.
Fontes: Ela pode ter se aproveitado da situação, mas com certeza o que motivou o pai dela não foi isso.
Márcio: Espera aí. - Márcio estava nervoso - Você está dizendo que realmente o pai da Fabiana está envolvido?
Rafael: Na verdade está sim, filho. - ele olhou pra Fontes e isso fez meu coração perder uma batida. - Não só no atropelamento da Pérola. Tudo leva a crer que o mais beneficiado com a morte dos seus pais, Pérola. - não por favor! - É ele.
Fontes: Aparentemente todas as pistas estavam naquela maleta que acabou desaparecendo, mas depois que seguimos por outro caminho investigando esse Miguel, foi fácil ligar seu pai a ele. Há alguns anos seu pai manteve uma sociedade com ele que após um ano se desfez quando foi decretada a falência. Seu pai perdeu muito dinheiro e o mais curioso é que o outro sócio dias depois investiu milhões em outro negócio.
Pérola: Você está querendo me dizer que meus pais levaram a culpa pelo crime de outra pessoa?
Fontes: Ainda não posso provar, mas tudo indica que sim. - confirmou e eu senti o vômito chegar a minha garganta. - Seus pais foram acusados de terem lesado várias pessoas que investiram muito dinheiro nas ações de uma empresa que encobria a falência com dados alterados. Um esquema de fraude muito bem feito. O Andrade não aparecia como sócio, somente no contrato de locações de imóveis.
Tudo fazia sentido agora. As brigas dias antes de tudo acontecer. Um dia ouvi minha mãe dizendo que meu pai estava pondo a sua vida em risco e a nossa também. Minha mãe sabia que se meu pai quisesse provar sua inocência, certamente estava colocando um alvo em nossas costas.
Márcio: Só não entendo como o Miguel acabou entrando nessa história. Não seria mais prudente contratar um profissional ao invés de um completo idiota?
Rafael: Profissionais não são confiáveis, filho. O Andrade sabe que estaria se pondo nas mãos de um completo estranho. Quem garantiria a ele que esse profissional não iria usar de chantagem depois do serviço feito? Pessoas que põe um preço na vida dos outros não tem escrúpulos. O dinheiro é o que os move.
Rosália: E como conseguiu que esse rapaz aceitasse essa loucura? - minha madrinha que até então estava calada se pronunciou.
Fontes: O pai dele é advogado do Andrade. Andei seguindo ele por uns dias e foi muito fácil descobrir que ele viciado em jogos de azar. Deve muito dinheiro para gente barra pesada. Estava com a cabeça a prêmio, mas no mesmo dia do atropelamento de Pérola ele milagrosamente pagou tudo. Comprou até um pequeno estabelecimento para a mulher abrir uma delicatesse.
