O último chá com Slughorn

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A última reunião com Slughorn do ano letivo tinha um clima um pouco melancólico de despedida e prevendo isto, o professor pediu aos elfos um delicioso bolo para nos animar um pouco. Tom o bajulou ainda mais que o normal, embora tenha recusado sua oferta de uma indicação para um emprego dentro do Ministério, o que deixou nosso velho Slughe bem desapontado.

Para mim, ele disse que conversara com uma velha aluna que agora trabalhava no St. Mungus e conseguiu um trabalho como balconista no hospital bruxo que eu fiquei muito contente em aceitar. Por fim, insistiu em tirar uma foto, dizendo:

- Vocês dois são especiais, vão longe juntos, acreditem no que eu digo, nunca errei antes.

Tive que concordar sobre a parte de ser especial, afinal eu era a única garota que iniciara Hogwarts em 1992 e terminara em 1945. O pensamento me fez rir abertamente durante a foto.

No dia seguinte, o dia em que voltaríamos a Londres, eu levantei cedo para arrumar meu malão, queria dar uma boa olhada no castelo antes de ir, sentiria falta dali.

Durante minha pequena excursão pelos corredores, encontrei o professor Dumbledore, que sorriu gentilmente e acenou para mim.

- Senhorita Elizabeth - ele disse. - Passeando pelos corredores assim tão cedo?

- Me despedindo do castelo, senhor - explico.

- Sendo assim, faria mal em te acompanhar?

- Não senhor - digo cordialmente, sem me preocupar realmente, tanto tempo convivendo com Voldemort, tantos desafios tinham que ter algum beneficio, já não me assustava assim tão facilmente e, mentir, para mim, era tão natural, que eu mesma acreditava, apesar de Dumbledore ser um caso a parte, com quem tenho que ter um pouco mais de cuidado.

Ele olhou para minha mão onde estava o anel que ganhei de Tom, olhou-me desconfiado.

- Devo parabeniza-la, mesmo que um tanto atrasado, senhorita.

- Pelo que, senhor? - perguntei franzindo a testa.

- O anel e ouvi rumores que a senhorita e o senhor Riddle...

- Sim, estamos namorando, sei que este não foi o acordo entre nós, eu disse que ia me afastar, mas não posso dizer ao meu coração por quem se apaixonar - digo com a voz carregada de uma falsa ingenuidade.

- Entendo, entretanto, sobre aquele nosso segredo...

- É ainda apenas nosso, senhor, Tom não sabe de onde venho, quem eu sou. Para ele sou apenas Elizabeth Tyler, uma órfã como ele e que por isso, eu o entendo melhor que os outros. Talvez, eu faça bem a ele e possa afastá-lo um pouco das trevas. - As palavras fluem naturalmente.

- Sim, talvez - diz o professor reflexivo.

Passamos por uma escada e vejo Tom subindo pela mesma, paro para espera-lo e o professor faz o mesmo.

- Elizabeth, eu estava te procurando - ele diz e acena educadamente para o professor. - Professor Dumbledore.

- Ah olá Tom, como vai?

- Muito bem, senhor, embora lamente ter que sair dessa escola brilhante.

- Presumi que sim, o diretor contou-me que tentou juntar-se ao corpo docente, professor de Defesa Contra as Artes das Trevas se não me engano, espero que tente novamente no futuro.

- Tentarei, senhor - diz Tom inexpressivo, embora eu perceba um ar de irritação rondando-o, algo que passaria despercebido por outras pessoas, mas que eu aprendi a enxergar nele, mesmo quando usa sua melhor atuação.

- Até mais, professor - digo a Dumbledore e sigo Tom, quando nos afastamos o suficiente, ele pergunta:

- O que ele queria?

- Se certificar de que não te contei nosso segredo.

- O que disse a ele?

- Tom não sabe de onde venho, senhor. Para ele sou apenas uma órfã que o entende melhor que os outros. Talvez, eu faça bem a ele e possa afastá-lo um pouco das trevas - digo com a voz exageradamente doce e afetada. Ouço sua risada baixa e quando ele olha para mim, trocamos olhares cúmplices.

Percorremos os corredores do castelo, utilizando os caminhos mais longos, até paramos um pouco em frente ao lago negro do lado de fora.

- Você disse que Dumbledore derrotaria Grindelwald em 1945, pois bem, estamos em 1945 e isso aconteceu. Você é mesmo quem diz ser - ele diz sem olhar para mim, apreciando a vista de fora do castelo. Então ele ainda não acreditava totalmente em mim, minha história sobre o futuro, o vira-tempo adulterado, não posso culpá-lo, não é todo dia que uma colega de classe revela que veio do futuro para te matar.

- É, eu sou.

Ele respira fundo.

- Não pretendo voltar para o orfanato. Com o dinheiro da loja posso ficar no Caldeirão Furado.

- Loja? - pergunto franzindo a testa. - Que loja?

- Borgin & Burkes.

- O que vai fazer naquela loja asquerosa quando pode ter um estagio no ministério com indicação de Slughorn?

- Aprender... Coisas - ele diz com um sorriso de canto, um fulgor avermelhado nos olhos. Mordo a parte interna da bochecha para não dizer o quanto acho isso idiota. - Pode ficar comigo no Caldeirão Furado se quiser, se prometer não ser um problema.

- Não sou um problema - digo indignada, ele ri parecendo um adolescente comum e não Voldemort.

- Você pode ser um problema.

- É acho que eu posso, mas não vou ser. - Puxo-o pela gravata para um beijo delicado, quase carinhoso, mas nenhum de nós dois confessaríamos isso.

Voltamos juntos para a sala comum da sonserina, mas nos separamos ali. Vou para o meu dormitório, todas as garotas já saíram e levaram suas coisas, exceto uma, Druella.

- Ah você apareceu! Finalmente! Onde esteve? - ela diz e noto que está trêmula.

- Me despedindo do castelo com o Tom. Aconteceu alguma coisa? Você está bem?

- Eu não sei, na verdade, eu estou nervosa e levei uma boa bronca de meus pais, vou casar em dois meses para que as pessoas não percebam e me chamem de depravada. Preciso de todo o seu apoio.

- Ai meu Deus! - exclamei já imaginando o que Ella me diria.

- Estou grávida. - Ela anda para lá e para cá, falando e falando e tremendo. - Não sei se será garoto ou garota, mas se for menina será...

- Bellatrix - sussurro.

- O que disse?

- Nada.

- Será Bellatrix, Bellatrix Rosier Black - ela diz e sorri abertamente. Procuro uma maneira de dizer que sua filha será uma vadia louca, mas não há um jeito delicado de falar isto, então é melhor não falar nada. - Pode falar alguma coisa, por favor?

- Ah eu... Eu estou muito feliz por você Ella, desculpe, eu só fiquei chocada. - Eu a abraço.

Juntas nós vamos para o trem onde encontramos meus amigos, toda a viagem de volta a Londres é divertida e eu ainda não podia acreditar que nunca mais voltaria para Hogwarts, sentiria falta da escola.

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Oii meus amores!! Até o próximo capítulo. <3

A Preferida de Lord VoldemortOnde histórias criam vida. Descubra agora