Capítulo V - O Tempo

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Ninguém pode viver duas vezes, não a mesma vida, com o mesmo nome, frequentando os mesmos lugares e rodeada das mesmas pessoas, mas Elizabeth Lily Snape pôde. Ninguém deveria ser capaz de voltar anos no tempo, mas eu estava curiosa para saber como Elizabeth se sairia. Deixei-a ir, tornei-a senhora do tempo, para que seu irmão não precisasse se tornar o senhor da morte.

Foi assim que uma garota dezesseis anos viveu mais de cinco décadas. Eu não posso me afeiçoar às pessoas, na verdade nem quero, elas me usam e depois colocam a culpa de sua falta de prioridade e organização em mim, muitas vezes passam pela Vida sem me dar o devido valor e depois choramingam como bebês quando a Morte vem buscá-las.

O tempo é curioso, especialmente para bruxos. Todos sabem que mexer comigo é perigoso, que há conseqüências, mas depois de acompanhar de perto todas as trajetórias, visitas ao passado, escolhas certas e erradas de Elizabeth, talvez eu tenha me afeiçoado um pouco ela.

Elizabeth Lily Snape acordou em seu dormitório na sonserina com a certeza de que não fazia o tipo heroína, que ninguém escreveria uma história sobre a filha bastarda da Sra. Potter, o lembrete ambulante de que Lily Evans Potter não é perfeita e teve uma filha fora do casamento.

Ela se levantou, colocou seu uniforme da sonserina e o broche de monitora sobre o peito. Mais um erro daquele chapéu seletor velho. Depois de salvar tantas pessoas que sequer sabiam de tal feito, Elizabeth poderia muito bem estar na grifinória, mas cabe a mim, apenas observar como vocês, humanos e chapéus, me usam.

Deixo Elizabeth caminhando sozinha para o salão principal de Hogwarts para o café da manhã e retorno alguns anos para 1943, onde Tom Riddle se encontra na sala de seu professor de Transfigurações, seu rosto inexpressivo, embora por dentro um turbilhão de dúvidas e sentimentos o deixasse angustiado.

— A senhorita Elizabeth veio me procurar e solicitou sua transferência para a escola Beaubatonx, Tom. Eu sinto muito.

— Tudo bem, senhor, eu só precisava saber o motivo de seu sumiço. Obrigado.

Mas Tom, garoto esperto que era desde que maltratava garotinhos órfãos em outra vida, não acreditou na mentira.

— Espere, Tom — chamou Dumbledore antes que o garoto pudesse cruzar a porta. — Essa não é a verdade, mas é isto o que iremos dizer.

— Qual a verdade, professor? Eu preciso saber.

— Elizabeth recebeu um objeto ilegal e perigoso, um vira-tempo que retorna anos no tempo e ela o utilizou para estar aqui, em 1944. Portanto, Tom, precisa esquecê-la.

— Sim, senhor.

Tom retornou a passos rápidos de volta para a sala comum da sonserina, enquanto pensava na revelação de Dumbledore. Apesar de ser loucura, isso explicava o interesse de Liz sobre vira-tempos e ele sempre a achara diferente, só não esperava por isto. Quem iria esperar?

Devido sua posição como monitor, ele conseguia entrar no dormitório feminino, bateu à porta até que Druella apareceu do outro lado.

— Notícias da Liz?

— Foi transferida para Beaubatonx, o professor Dumbledore não deu mais detalhes. Ele pediu que eu viesse conferir se ela esqueceu algo. Posso entrar?

— Claro. Meninas, Tom veio ver se Elizabeth esqueceu algo — avisou Druella por cima do ombro. — Pode entrar.

Riddle foi até a única cama vazia e arrumada do quarto. Vasculhou embaixo da cama e do travesseiro, sacudiu os lençóis e finalmente encontrou o que procurava dentro da fronha. Uma carta sem remetente com um frasco de memórias dentro. Ele sabia que havia um motivo para sua Liz ter ido embora e o motivo estava dentro daquela carta e daquelas memórias. Ele agradeceu às garotas do dormitório, se retirou com a carta e a leu na sala comum da sonserina.

A Preferida de Lord VoldemortOnde histórias criam vida. Descubra agora