A primeira vítima

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Entro no estabelecimento, um bar bruxo requintado que é a cara de Druella e a vejo em uma mesa no fundo, sentada sozinha com uma garrafa de vinho pela metade na mesa e uma taça cheia nas mãos. Quando me aproximo, noto que seus olhos contornados por grandes cílios estão vermelhos e inchados.

— Ella... — Eu me sento na cadeira a sua frente. Druella me mandara uma carta pedindo que eu a encontrasse aqui hoje e me contou o motivo de sua urgência, a filha do meio, Andrômeda Black, se apaixonara por um nascido trouxa.

— Por que ela fez isso comigo, Liz? Eu a criei com tanto carinho, com tanto cuidado e... É assim que ela me retribui? — Minha amiga está magoada e exasperada. Não dou minha opinião, não digo que não podemos controlar o que sentimos, por quem nos apaixonamos, não era minha intenção me apaixonar por Lord Voldemort quando voltei no tempo. — Eu-eu não consegui, não consegui queimá-la da tapeçaria, Cygnus teve que fazer isso. Fui fraca.

— Você não foi fraca, Ella. Andromeda é sua filha. É natural que seja difícil para você...

— Ela não é minha filha, não é mais. Não é uma Black. — Druella começou a chorar silenciosamente. Era de partir o coração. — Minha menininha, a mais parecida comigo.

— Ella...

— Eu sei que você não concorda em banir da família aqueles que mancham a reputação, mas isso é importante para a casa Black, isso é importante para mim. Não sei como consegue esconder esse seu lado pró-trouxas do Lorde das Trevas.

— Eu não tenho nenhum lado pró-trouxas, eu só... — Druella me interrompeu com uma risada amarga.

— E Walburga falou coisas horríveis da minha Andrômeda, como se ela pudesse falar alguma coisa, o filho mais velho dela foi para a Grifinória, todos sabemos que ela vai ter problemas com ele.

— Com certeza, vai — sussurro ao lembrar das coisas que meu pai falava a respeito de Sirius Black.

— É tão difícil me acostumar a não tratar Andrômeda como minha filha — Druella suspirou e colocou o cabelo atrás da orelha. — Mas, enfim, eu te chamei aqui para você me distrair, Liz.

— Ahm, bem... Vai gostar de saber que Bellatrix e eu estamos nos entendendo, desde que eu assumi o treinamento dela — digo pensando em assuntos para distraí-la, Druella riu.

— Você estava morrendo de ciúmes dela — caçoa Ella. Eu a fuzilo com os olhos, mas dou risada e me sirvo do vinho também. — Bellatrix vai se casar com Rodolphus e ela nunca foi ou será o que você é para o Lorde das Trevas. Sabe que... já estão falando de você.

— Como assim?

— A bruxa que sempre acompanha o Lorde das Trevas. Estão espalhando rumores, eles vão desde algo sobre você ser uma clarividente poderosa até de que você teria alguma linhagem nobre, descendente de Morgana ou Ravenclaw.

— Quanto absurdo! — digo, dou risada e reviro os olhos. Antes pensem que sou uma clarividente descendente de Morgana, do que uma garota do futuro com um vira-tempo adulterado.

As conversas entre Druella e eu variam entre Bellatrix e Narcisa, piadas antigas, falar mal de algumas pessoas – em sua maioria bruxas socialites – e sobre o que a antiga Little Hangleton está se tornando: uma grande vila bruxa para os seguidores de Lord Voldemort. Quero continuar com ela ali até o estabelecimento fechar e nos pedir educadamente para sair, mas pouco depois das onze da noite, sinto a marca arder em minha pele.

— Ella, ele está me convocando. Preciso ir.

— Tudo bem, acho que já estou passando da conta no vinho também. É sempre ótimo te ver, Liz. — Ela se levanta, eu faço o mesmo e nos abraçamos. Sinto vontade de contar a Ella que sou Elizabeth Snape, contar tudo à melhor amiga que nunca encontrei no meu próprio tempo, a amiga que estava me esperando em 1943, mas talvez eu já nem seja mais essa garota que voltou no tempo.

— Precisamos disso mais vezes.

— Com certeza. Quem sabe quando acabar a guerra nós não nos reunimos para comentar sobre os vestidos ridículos de alguma festa de comemoração da vitória — ela diz com sarcasmo.

— Ótimo ideia! Podemos chamar, Ângela.

— E encerramos a noite com você nos contando oito passos para roubar o marido de sua amiga.

— Ridícula! — Nós duas rimos fazendo planos absurdos que nunca irão acontecer, nos despedimos mais uma vez e eu aparato.

O clima muda drasticamente quando me vejo no cemitério de Little Hangleton. Com um aceno de varinha minha roupa descontraída composta de calça com fivelas, blusinha e bota são cobertas por um longo manto preto e meu rosto escondido atrás da máscara de Comensal da Morte. Há um misto de medo, tensão e entusiasmo no ar do qual já estou acostumada. É o mesmo clima em toda cerimônia de iniciação. Alguns jovens bruxos irão receber a marca.

— Estão prontos? — pergunta Lord Voldemort de frente para os jovens excitados que mal sabem a dor excruciante que os aguarda. Entre eles, reconheço Lucius Malfoy, filho de Abraxas.

— Milorde, o ritual... ele é doloroso? — pergunta um dos garotos.

— Pode vir a ser, mas valerá a pena, Thompson — diz Lord Voldemort pacientemente, me compadeço do pobre garoto que treme dos pés à cabeça e lhe lanço um olhar tranquilizador. O Lorde das Trevas abre a boca para começar os feitiços, porém o garoto o interrompe. Posso ver a irritação nos olhos de Tom, embora ele a consiga esconder muito bem.

— Milorde, isso seria mesmo necessário? Acredito que... –—Se a princípio entendi seu nervosismo, agora vejo como covardia e me irrito. Em um gesto de impulsividade e impaciência que raramente tenho, aponto a varinha para ele e o jato de luz verde sai de minha varinha antes que eu possa controlá-lo.

— Não devia ter feito isso! — diz Tom, o que respondo com um sorriso desdenhoso, ele sabe que não me diz o que devo ou não fazer.

— Não há lugar para covardia entre Comensais da Morte — digo como aviso aos novatos.

Minha posição é ao lado de Tom, mas olho para frente. Já o vi fazer aquele ritual antes. Os feitiços que compõem a marca foram aperfeiçoados, agora tornam aqueles que a possuem ligados de tal forma a ele que o efeito nunca se perde, faz com que Voldemort possa encontrá-los onde quer que estivejam, torna os marcados seus servos para sempre, não existe caminho de volta, isso faz com que adquiri-la agora seja mais doloroso.

O ritual de iniciação se encerra e é possível ver a satisfação no rosto dos novos Comensais da Morte mesmo através de suas recém-adquiridas máscaras. O garoto medroso foi esquecido completamente.

Quando Lord Voldemort os dispensa, fumaças negras sobem em direção ao céu deixando por breves instantes um rastro e só então sinto que algo se quebrou, um limite foi ultrapassado. Só então me dou conta de eu acabara de matar uma pessoa pela primeira vez.

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Oii meus amores!! Primeiro capítulo de hoje. Tem mais um \O/

A Preferida de Lord VoldemortOnde histórias criam vida. Descubra agora