Descobertas sobre meu passado

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Ando de um lado pelo outro pela mansão, acaricio e cuido de Artemis, leio alguma coisa na biblioteca, mas estou muito ansiosa e preocupada, quero saber o que acontece naquela batalha em Hogwarts.

Inquieta e cedendo a uma curiosidade imensa, desço as escadas até o porão para saber se Lily Potter já acordou, eu poderia me divertir um pouco torturando a sangue ruim.

Atravesso o porão indo em direção ao estreito corredor de pedras rústicas onde ficam as celas dos prisioneiros. As celas são escuras e apertadas, a sangue ruim Potter está na última das celas. Surpreendo-me ao ver que ela já está acordada, sentada em um canto, abraçando as próprias pernas e chorando silenciosamente. Abro o portão da cela e entro, observando-a com a cabeça tombada para o lado.

— Ele é só um bebê — ela diz quase em um sussurro. — Não faça nada a Harry, por favor.

— Segundo a profecia, ele pode derrotar o Lorde das Trevas — digo fria e empunhando a varinha, ela ergue os olhos verdes marejados e me observa atentamente.

— Como pode amá-lo?

— O que disse? — arqueio uma sobrancelha.

— Como pode amar Você-sabe-quem...  eu sei que o ama, como pode? Eu vejo, você não é tão má quanto ele. Realmente acredita que é certo matar as pessoas simplesmente porque elas estão em seu caminho? Ou porque se acha superior a elas? Pois acho que ninguém lhes disse que não, vocês não são superiores, não são deuses e nem melhores do que quem nasceu trouxa — ela diz feroz e corajosa, parando de chorar e olhando para mim com certa audácia.

Empunho a varinha apontando-a para ela.

— Deve tomar cuidado com o que fala — digo entre dentes, mas não consigo torturá-la, penso em tudo o que ela disse, ela não está errada, eu não costumava ser assim antes, não era tão perversa e cruel. Posso ver o quanto estou parecida com a Bellatrix do meu tempo.

Ela me observa atentamente antes de arregalar os olhos.

— Está grávida dele? — ela pergunta para a minha surpresa, até aquele momento eu estava ignorando isto, os sintomas, mal dava para perceber, mas sou uma curandeira e não posso negar isto, engulo em seco e balanço a cabeça afirmativamente encostando à parede e olhando para o teto.

— Como sabe? — pergunto curiosa.

— Eu não sei, foi algo como intuição e você parece mais bonita e sensível do que ouvi falar.

— Não estou sensível — digo séria.

— Ele sabe? — ela pergunta e eu balanço a cabeça negativamente.

— Estou assustada — confesso e nem sei por que eu estou dizendo isto a ela, devia dizer isto a Druella ou a algum amigo, Lily Potter não é minha amiga.

— Não consigo imaginar Você-sabe-quem sendo pai. — Os olhos de Lily voltam a ficar marejados e ela abaixa a cabeça. — Desculpe.

— O que houve? — pergunto. Ela parecia bem há alguns minutos, mas parece novamente fraca e chorosa, o que normalmente me irrita em qualquer outra pessoa, mas com Lily Potter tenho vontade de confortá-la.

— É que eu sinto falta das minhas crianças.

— Suas crianças? Harry Potter você quer dizer.

— Não, não apenas Harry, mas Liza também.

— Quem? — pergunto franzindo a testa.

— Liz, Elizabeth, ela é apenas uma recém-nascida, está com o pai agora, Severus. — Eu a observo chocada, como se nunca a tivesse visto de verdade e estivesse reparando nela pela primeira vez. Sinto minha garganta fechar e os olhos se encherem de lágrimas, ela sorri entristecida. — James e eu brigamos feio em uma noite e ele foi embora, achei que nunca mais iríamos nos reconciliar, encontrei Severus, um grande amigo de infância, estávamos brigados até aquele momento, mas fizemos as pazes. Eu estava tão irritada com James Potter, que Sev me levou até a casa dele e me fez um chá, confessou-me coisas que eu nunca imaginei, como o quanto ele me amava. Voltamos a ser amigos, mas confundimos as coisas, afinal eu amo James e nada me deixou mais aliviada do quando ele voltou, mas... mesmo que tenha sido um erro, amamos muito Elizabeth, gosto de dizer que ela tem dois pais.

Enquanto eu a ouço contar sua história, ouço a voz de meu pai em minha mente:

Você tem os olhos verdes como sua mãe.

Ela era uma mulher corajosa.

Sinto os olhos marejados e mordo o lábio inferior sem conseguir acreditar, mas já ouvi coisa demais por uma só noite.

Saio da cela trancando-a novamente sem dizer mais uma palavra. Sei que ela ficou confusa com minha reação, mas não me importo. Corro para o banheiro onde choro escondida, por estar em uma situação tão difícil onde eu tenho que escolher:

O amor de minha vida, Tom Riddle, e o filho que carrego em minha barriga. Ou salvo minha família, meu pai e minha mãe e meu meio irmão Harry Potter, finalizando de vez a missão que há tanto tempo me incumbiram.

Depois de um banho onde tento relaxar e pensar no que fazer daqui em diante, deito na cama, ainda usando apenas um roupão branco. Não quero mais fazer parte disto, não quero mais ser a Lady das Trevas, a Princesa de Pedra ou sequer uma comensal da morte, não quero mais guerra. Penso em como seria minha vida sem Voldemort, eu seria apenas uma garota comum, com um pai e uma mãe, um irmão mais velho, talvez Potter não fosse tão idiota se soubesse que é meu irmão. Adormeço sem perceber e já está amanhecendo quando Tom chega.

— Você está bem? — pergunto ao perceber como ele parece pálido, suas roupas estão rasgadas e ele parece ferido.

Ele praticamente desaba na poltrona, mas parece satisfeito. Vou até ele pegando a varinha, estou preocupada, mesmo que como curandeira, posso curá-lo.

— Como foi? — pergunto acariciando seu rosto e cuidando de suas feridas.

— Você disse que queria viajar quando a guerra acabasse, não é mesmo? — eu assenti, concentrada no que estava fazendo. — Já pode escolher para onde quer ir primeiro.

— Nós vencemos?

— Hogwarts é nossa, apesar de Dumbledore ter fugido depois de duelarmos. — Sorrio, mas estou tão tensa que a tentativa é completamente falha.

— Tem algo errado? — ele pergunta.

— Não suas feridas são superficiais — digo mecanicamente levantando-me e indo até a janela, mas ele arqueia uma sobrancelha, vem até mim e segura meu queixo me fazendo olhar para ele.

— Elizabeth, tem algo errado?

— Eu... Eu preciso te contar uma coisa... — digo, apesar de não conseguir dizer em voz alta. Deixo então minha mente aberta, sem usar oclumência por algum tempo, eu nem conseguiria, não conseguia me concentrar em nada desde que descobrira que Lily Potter é minha mãe.

Ele me olha com os olhos semicerrados, enquanto eu o deixo ver o que eu quero que ele veja.

— Por que parece tão nervosa? Não era isto que queria? Ter um filho?

— Eu estava... Com medo da sua reação. — Mordo o lábio.

— Está tudo bem — ele diz antes de me beijar.

— Eu... Eu te amo. — deixo escapar enquanto o abraço, não posso ver sua reação, mas a sensação de estar em seus braços me tranquiliza um pouco e torna minha decisão ainda mais difícil. 

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Hello, loves. Emoji pra esse capítulo: 🙀. KKKK. Espero que tenham gostado, perdoem os errinhos. P.s: esse capítulo foi escrito antes de eu ser completamente Jily shipper. Até o próximo capítulo. Bjs, Naty <3

A Preferida de Lord VoldemortOnde histórias criam vida. Descubra agora