O sininho sobre a porta chacoalhou e emitiu seu som agudo quando a mesma bateu de encontro a ele, alertando a presença de um novo cliente. Um relâmpago ricocheteou ao longe na noite escura, iluminando todo o ambiente enquanto Toby Fray apressava-se para dentro da lanchonete e para fora da tempestade, sendo logo envolvido pelo calor do interior.
Assim que a porta voltou a fechar e o silêncio predominou, o som da água caindo do céu foi abafado, transformando-se em um ruído fraco e constante, com as gotas grossas batendo na vidraça que formava a parede frontal do estabelecimento, como uma vitrine. O menino parou ali na porta, olhando ao redor, procurando uma pessoa em específico.
Ao lado de Toby, as mesas estendiam-se pelo piso xadrez, com os bancos estufados um de frente ao outro, cada um de um lado da mesa, formando uma arquitetura um tanto vintage. À frente, o balcão escondia metade da porta que levava à cozinha, e apenas uma pequena janela a prova de ruídos mostrava o outro cômodo. Tal janela era usada tanto para a comunicação mais rápida entre os cozinheiros e as garçonetes, como também para o transporte de pedidos de um lado para o outro.
Era por lá que Clary Chambers viu o namorado entrar. Deu uma olhada para trás, encarando a moça loira diante da pia ao fundo, que recebeu-a com um olhar reprovador e deu as costas. Clary não ligou, deixando os talheres de lado, posicionando-os sobre o balcão, e deixou o trabalho de lado para ir até o garoto. Toby, com seu corpo magro e cabelos negros contrastando com a pele pálida, aproximava-se de maneira perdida de uma das mesas ao fundo da lanchonete, provavelmente esperando pela garota.
Com as roupas molhadas incomodando e as gotas de água caindo dos cabelos, Toby sentou no banco estufado, o móvel expelindo ruídos e estalos provindos do couro vermelho do material. Cruzou os braços após colocar o celular sobre a mesa e encarou a porta da cozinha ao longe, sabendo que, a qualquer momento, a namorada sairia de lá. E foi exatamente o que aconteceu, apenas segundos depois.
Clary, diferente dele, estava seca. Com os cabelos castanhos presos em um coque no alto da cabeça, levava um sorriso no rosto, o habitual traje de garçonete no corpo e as mãos carregando uma caneca e uma garrafa de café.
Sendo namorados, Toby estava ali para levá-la embora. Havia se passado pouco mais da meia-noite. A lanchonete Springwood Diner, em Oakfield, Ohio, gerenciada por Allyson Horsdal, ficava aberta por vinte e quatro horas, e as trocas de turnos eram recorrentes entre os empregados dali. Com Clary não foi diferente. Havia trocado o turno do dia pelo da noite com a amiga Olivia Ree, e agora arrependia-se imensamente apenas ao ver o dilúvio do lado de fora. Com Toby sendo a sua carona, foi capaz de ver o jeep do menino parado no estacionamento da frente. O carro dele era o único, e o lugar estava completamente vazio. Era incomum receber clientes àquela hora da madrugada, mas a regra de 24hrs ainda se aplicava pois, na temporada de verão, muitos caminhoneiros frequentavam o lugar.
Quando a menina se aproximou, com a luz amarelada do teto clareando o rosto e as curvas do corpo, Toby levantou levemente o torso, aproximando os lábios dos da namorada e beijando-a docemente. Clary colocou a caneca em frente a ele, ainda sem dizer nada, e sorriu ao enchê-la de café.
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Hello There 2
HorrorUm assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna. Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...