Numa posição bastante confortável, Ellen mantinha-se sobre o sofá da sala de estar, mesmo que ele não fosse seu, e sim de Emily e Jordana. A psicóloga tinha os olhos confusos, não sabendo para onde olhar exatamente, mudando o foco de segundo a segundo. Os cabelos loiros estavam um pouco bagunçados por ter desmanchado o penteado apenas alguns minutos antes, ao voltar de seu consultório. No entanto, mesmo com o cansaço e a fadiga, Ellen continuava apreensiva com seu futuro e o futuro dos outros à sua volta.
Ela não gostaria de folgar ainda mais sobre as anfitriãs da casa, por isso mantinha-se restringida a mostrar seus sentimentos ou procurar consolo nelas, de forma a ficar praticamente sozinha, tentando ingerir o amargo gosto do medo.
Ao seu lado direito, estava Emily. A morena estava sentada de forma comportada, com as pernas cruzadas e um dos braços colocado sobre o encosto e a mão apoiando a cabeça cansada. Diferente de Ellen, ela parecia mais cansada ainda, algo a se esperar, por um lado. Suas expressões eram indecifráveis para quem não a conhecesse, a mesma face que a perseguia todos os dias desde que tudo começou.
E não estavam sozinhas, desde que no outro sofá, estava Garrett. O tatuador estava apenas esperando a volta de Archie e Jordana até a casa para que Ellen e Emily não ficassem sozinhas ali, servindo como um protetor. Tinha o cenho franzido, pensativo. Continuava num estado um pouco catatônico após a ligação do assassino que presenciou com Zoe e Peter, e era difícil aceitar que, talvez, estivesse na lista dos alvos dele. A preocupação acima dos amigos também jazia em seu interior, mas não era tanta.
Desde que havia chegado, o assunto discutido pelos três não se distanciava muito do novo massacre, e com a noite caindo do lado de fora da residência, as mentes trabalhadoras do trio continuavam focadas nesse exato mesmo ponto da história de suas vidas.
A algum tempo discutindo sobre isso, Garrett abriu a boca e olhou para as duas ao perguntar o que estava em sua mente desde que haviam começado a falar sobre aquilo:
— Vocês acham que algum de nós é o responsável por isso?
— Com certeza — respondeu a sobrevivente, encarando-o de volta. — O assassino sempre vai ser alguém já frequente na vida dos alvos. Ele gosta disso, parece apreciar quando a reviravolta é maior e pode ver que a gente se sentiu totalmente traído.
Garrett tremeu pela frieza de Emily.
— Mas nada explica que também não possa ser alguém completamente desconhecido — argumentou Ellen, um pouco temerosa ao dar sua opinião. — É com certeza mil vezes mais difícil ser um assassino em série e ainda tirar as suspeitas de si quando anda lado a lado com os alvos... ou sobreviventes, seja lá a forma como vocês prefiram chamar...
— Julia e Connor conseguiram — respondeu Emily. — E muito bem, para ser franca.
— Mas acha que o assassino arriscaria estar tão próximo de todo mundo? — questionou Garrett. — Principalmente agora que há enormes chances dele ser realmente um de nós, como já foi provado ser possível no seu passado, Em. Ele já sabe que você e a Jordana desconfiariam de todo mundo, então... pode ser que ele não se arrisque.
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Hello There 2
HorrorUm assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna. Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...