Um assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna.
Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...
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Os raios de luz que vinham da janela descoberta pelas cortinas cegava Jordana ao ponto de obrigá-la a ir com a cadeira mais para o lado. A casa estava silenciosa naquela manhã. Por sorte, a cidade havia sido presenteada com o calor, tendo a quente noite passada como um precedente do aumento da temperatura. Os altos e baixos climáticos chegavam a ser um apelo para a vida já caótica dos moradores de Oakfield, que agora não somente tinham de se preocupar com o assassino em série que castigava-lhes, como também com as roupas a serem usadas, os planos para o dia e a gripe que poderiam pegar.
Estando acompanhada somente de Archie, que preparava o café próximo das estantes e do balcão, Jordana continuava desfrutando de sua omelete e esperando que a bebida chegasse, sentada na mesa. Ellen já havia se retirado a algum tempo, dizendo que não poderia se atrasar para o trabalho, e Emily, por sua vez, continuava dentro do quarto desde que chegou no meio da madrugada, dizendo que tinha encontrado o corpo de Megan após uma ligação do assassino. De poucas palavras, a sobrevivente se recolheu antes que Jordana pudesse fazer novas perguntas, estando trancada no cômodo desde então.
A albina entendia pelo que ela passava, mesmo que sua culpabilidade em relação a tudo o que acontecia não chegasse a nem cinquenta por cento comparado a de Emily. Era uma mera sobrevivente que, por acaso, também conseguiu escapar. Não era como se fosse o alvo principal do assassino, ou a causadora daquilo tudo. E estando ao lado de Emily a mais de sete anos, Jordana sabia muito bem quando a garota tinha suas recaídas. Ninguém conseguiria levar as coisas que estavam acontecendo numa boa, e tratando-se de Emily, sabia ser normal que ela tivesse aqueles momentos. Também sabia que o melhor tratamento era deixá-la ter seu tempo, recuperar-se sozinha, pois nunca havia gostado de ajuda.
De qualquer jeito, sentia-se inútil sentada ali, sem fazer nada. Desde que o massacre tinha recomeçado, Jordana não podia se impedir em se sentir um pouco de fora das coisas. A ideia tida de investigar todos os supostos alvos foi por água abaixo, assim como tantas outras tentativas de desvendar o mistério, e assim a albina foi colocada no banco do reserva. Isso por um lado era bom, pois a atenção do Carrasco acabava se distanciando dela, mas por outro, nem tanto, também por esse mesmo ponto. Sabia se cuidar, mas os outros escolhidos não, e quando não tinha a atenção do maníaco em si, sabia que outros pagariam pelo pato.
Suspirou fundo, dando mais um bocado da omelete. Archie finalmente veio com duas xícaras nas mãos, colocando uma em sua frente. Seu prato já tinha esfriado a muito tempo, e a omelete intocada do primo já começava a ressecar na parte de cima, formando uma casca. Jordana agradeceu com um aceno e deu um gole.
— Ela ainda não saiu do quarto? — perguntou Archie, olhando para o corredor.
— Não — respondeu Jordana, olhando para a mesma direção.
— Devo levar café para ela?
— É melhor deixá-la sozinha por enquanto.
Archie suspirou, puxando a cadeira e sentando-se, incomodado.
