A primeira coisa que Emily sentiu quanto retomou a consciência foi a maciez sob si. As costas e os braços estavam doloridos, percebeu, mas era claro que estava deitada em um colchão. Essa foi a primeira coisa que estranhou. Abriu os olhos, recebendo a forte luz neles. Fechou-os e só voltou a abri-los quando se acostumou com a luminosidade.
Estava no hospital. As paredes brancas, a maca onde estava deitada, os monitores médicos ao lado e o fraco som de telefones tocando, pessoas conversando e da agitação habitual de um ambiente como aquele deixaram claro isso. Sentiu-se aliviada.
Demorou poucos segundos para notar a presença ao seu lado. Era Archie, com uma expressão preocupada, encarando-a de volta. Quando notou que estava acordada, respirou fundo, agradecendo a Deus. Os braços dele agarravam a grade de segurança da maca com força. Estava apreensivo, percebeu Emily. A primeira coisa que ela fez, por sua vez, foi procurar pleos pulsos do rapaz, encontrando-os envoltos por uma camisa de manga longa. Não disse nada de imediato, talvez desorientada pelos ocorridos.
— O que aconteceu? — foi capaz de perguntar, a voz fraca e a garganta arranhando. Só agora sentia uma forte dor na parte de trás da cabeça, assim como a sensação de que algo tampava aquela região. Pensou se tratar de um curativo.
— Os policiais encontraram você desmaiada na frente da galeria da Sam — respondeu o garoto, calmo, mas também um pouco envergonhado na presença de Emily após ela tê-lo visto se mutilando. — Disseram que estava um caos lá.
Aos poucos, Emily foi recobrando a memória. Lembrou-se de sua caminhada noturna até o hospital, da mensagem recebida, de lutar contra o assassino com Sam e, por último, da loira fugindo enquanto ela era deixada com o maníaco, segundos antes de cair e desmaiar.
Grunhiu, a cabeça martelando e latejando. Usava um avental hospitalar, notou. Não sabia quanto tempo tinha se passado, mas, pela janela ao lado, ficava claro que era noite.
— A Jordana foi contatada e chamou eu e a Ellen — concluiu Archie. A sobrevivente lembrou-se que Jordana já estava no hospital com Molly.
— Foi alguma coisa séria? — perguntou, agora com a voz mais forte.
— Não, não foi — disse Archie, parecendo com pena. — Foi só uma pancada que te fez desmaiar. Já fizeram uma tomografia para confirmar. Não precisa se preocupar. O médico disse que você poderia ser liberada assim que acordasse, já que não foi grave.
— Isso é bom — resmungou, olhando ao redor. Não havia mais ninguém além dele no quarto, o que estranhou.
Então, a porta se abriu e Jordana e Ellen passaram por ela, ambas se aproximando. Automaticamente, ao verem a morena acordada, estamparam longos sorrisos no rosto.
— Emily! — exclamou a albina, extasiada por rever a amiga em bom estado. — Você acordou! Ai, meu Deus, eu fiquei tão preocupada...
— Não precisa ficar mais, eu estou bem — disse, forçando um sorriso que fazia sua cabeça doer. Nunca foi boa com consolos, então foi a única coisa que disse para tentar fazer a amiga se sentir melhor, mas não obteve o êxito esperado.
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Hello There 2
HorrorUm assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna. Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...