Parou de correr quando seus pulmões começaram a arder pela falta de ar. O suor escorria pela testa e pelas costas, molhando a camisa. Emily nunca tinha se sentido tão cansada em toda sua vida. A boca seca implorava por água. Cada inspirada de ar era como facas entrando em sua garganta. Chegava a ficar zonza depois de tanto esforço, e teve de se apoiar numa das paredes, de olhos fechados, até que a sensação passasse.
Havia subido dois lances de escada e ainda percorrido, pelo menos, metade do andar em que estava agora. Mas não sabia onde estava exatamente. Já tinha perdido as contas de que andar se encontrava a algum tempo. No entanto, ainda sentia aquela estranha sensação de que estava mais alta do que o nível do chão, o que causava um mal pressentimento por algum motivo. O lado bom era que se sentia mais segura agora. Não escutava mais os passos atrás de si, e o hotel parecia banhado no mais profundo silêncio. Apenas sua respiração pesada e ofegante cobria as paredes.
Para seu azar, Emily estava de mãos vazias. Sua pistola estava perdida em algum lugar dois andares abaixo, e tinha uma grande chance do assassino encontrá-la, o que tornava tudo mais perigoso. Garrett também estava perdido por aí. Achava que o restante do grupo também estava ali em algum lugar, e era até estranho pensar que, mesmo que estivessem no mesmo lugar, era praticamente impossível que se encontrassem com facilidade. O Everwood Hotel parecia funcionar como um buraco de minhoca, estranhamente.
A sobrevivente olhou de um lado para o outro naquele corredor escuro, apagando a lanterna do celular por um instante para ter a chance de se recuperar sem que o assassino lhe encontrasse de novo. Não sabia se ele continuava atrás de si, ou se já tinha desistido. As duas opções eram bastante prováveis, mas Emily não conseguia se decidir em qual acreditar. Por isso, resolveu se ocupar com outra coisa, e quando já estava mais recuperada e com a respiração controlada, mesmo que o coração continuasse disparado no peito, desencostou-se da parede e pensou para qual direção seguir.
Tudo estava num mórbido silêncio. Pegou o celular e ligou a lanterna de novo, seguindo em frente. As escadas estavam alguns metros atrás, mas Emily decidiu que continuaria naquele andar até que alguma coisa a obrigasse a voltar. Dessa forma, começou a andar sem um destino certo.
Imaginava quais eram os planos do Carrasco para a noite. Ele claramente não tinha pressa em se revelar. Se essa fosse sua prioridade, obviamente já teria tirado a máscara na perseguição minutos antes. Então, a única outra coisa que ele poderia estar fazendo era indo atrás do restante dos sobreviventes primeiro. Emily ficaria para o final, como ele mesmo tinha dito na ligação. E isso a deixava frustrada. Não somente porque todos estariam morrendo ou porque ela ficaria sozinha para um embate contra o maníaco, mas também porque não aguentava mais todo aquele suspense. Queria logo saber quem era o responsável e botar as cartas na mesa. Morria de ansiedade para saber o que aconteceria depois da revelação, qual rumo toda aquela história seguiria.
Sabia quem era o assassino, isso era certo. Depois de todas as provas que coletou no caderninho de Ellen, Emily não teve dúvidas de que aquela pessoa era o responsável por tudo. Não tinha simplesmente nada que comprovasse um duplo sentido naquilo que leu, ou uma coincidência. A única coisa que poderia ter acontecido era Ellen ter mentido em sua teoria, o que parecia difícil do ponto de vista de Emily, ou que as evidências tivessem sido plantadas pelo verdadeiro assassino para incriminar aquela pessoa, o que também parecia trabalhoso de mais e, de qualquer jeito, como o verdadeiro culpado poderia saber que Ellen iria encontrar tais evidências?
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Hello There 2
HorrorUm assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna. Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...