Um assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna.
Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...
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Talvez nunca tivesse se sentido tão exposta quanto naquele momento, lutando contra a vontade gigante de demonstrar seus sentimentos, sem realmente poder fazê-lo. Zoe não sabia ao certo o que a impedia disso, poderia ser o medo do que aconteceria caso outras pessoas soubessem ou o temor de estar certa demais sobre o que pensava. Estava dentro de uma prisão mental, da qual somente ela sabia como era estar dentro. Sentir a impotência contra a situação, pequena demais para qualquer oposição ao que acontecia, foi tudo o que conseguiu, e era dessa forma que tomava caminho pela delegacia.
Ainda estava cheia e barulhenta, mas o clima era bem menos pesado com a presença da negra. Grande conhecida de todos os oficiais e trabalhadores de lá por ser irmã de Kai, sua atenção era constantemente levada para algum funcionário que a cumprimentava com uma aceno de mão ou um "eai, Zoe?", mudando completamente o clima do interior do lugar. Sua reputação ali dentro era muito boa, pois sempre estava fazendo piadas e contando os podres do irmão gêmeo, e dessa forma todos começaram a idolatrar a garota por sua forma divertida e animada de ser.
Como resposta ao que acontecia, ela cumprimentava de volta, acenava com a cabeça e sorria de lado, mas não se deixava levar por alguma conversa interrompida, porque precisava muito conversar com Kai.
Depois de ter recebido a ligação e de Garrett e Peter terem ido embora do bar, ela foi deixada sozinha. Contudo, estava tão aterrorizada pelo que havia acontecido que teve de adiantar a entrega do jantar do irmão, e por isso estava ali na delegacia, com um saco de papel preso aos dedos, pronta para alimentar Kai, como já era de costume, mas apenas algumas horas antes do normal.
Poderia até mesmo ter aceitado o pedido de Peter e deixar que ele ficasse com ela até que o policial pudesse ir ao seu encontro, mas Zoe sentia uma culpa imensa em ter feito o que fez e por ter botado os amigos naquela situação, então resolveu não ocupá-los mais ou causar novos problemas, presando por não incomodá-los.
Contanto a contar a mais alguém sobre a ligação macabra, ela e os amigos não chegaram a nenhuma conclusão, desde que o assunto não foi tocado. No entanto, parecia claro que nenhum deles chegaria a falar sobre ela com mais ninguém. A negra achava que eles tinham isso fixado nas cabeças, que não falariam para nenhuma outra pessoa sobre o ocorrido, mas ela, diferentemente, ainda tinha a questão martelando na mente, dividida.
Sabia que a melhor opção, e talvez a única, seria conta ao próprio irmão, do qual confiava extremamente e amava com o mesmo tanto. E sim, poderia melhorar a situação e aliviar sua consciência compartilhar aquilo com Kai, mas, ao mesmo tempo, Zoe temia colocá-lo em uma situação da qual nem ela gostaria de estar. Poderia deixá-lo correndo perigo, assim como estava, e também desencadear a raiva e a falta de confiança do garoto por ter mexido em suas coisas, informações confidenciais, sem o seu consentimento.
Pensou muito na caminhada até lá, mas nenhuma conclusão foi-lhe entregue. Esperava ter se decidido até aquele momento, mas não foi o que aconteceu, e então provavelmente decidiria na hora, ao olhar no fundo dos olhos de Kai, o que faria.
