O dia continuava nublado quando os rapazes deram os primeiros passos para fora do hospital, encarando a fraca luz do sol que lhes esperava do outro lado. Um vento frio e repentino os castigou por alguns segundos, fazendo-os se recolherem sob os próprios agasalhos. Garrett estava mancando um pouco, mesmo que seu ferimento estivesse num dos braços, talvez por alguma lesão sofrida na hora que caiu e desacordou. Mantinha aquela mesma expressão séria e um pouco dolorida, explorando o ambiente. Ainda era incrível como não se lembrava de certos momentos da noite passada.
Ao lado, Peter continuava cuidadoso com o amigo, auxiliando-o com um dos braços passando pela cintura dele. Estava obviamente sendo exagerado demais, mas Peter sempre fora muito cuidadoso com aqueles que amava, e mesmo que o tatuador relutasse a cada segundo, ele não saía de sua cola nem por um instante. Afinal, todo cuidado era pouco.
O exterior parecia bastante agitado, com a rua que intercedia a entrada do hospital estando lotada de carros que iam e vinham de um lado para o outro. Ainda, algumas pessoas, em sua maioria próprios enfermeiros do hospital, espalhavam-se por ali, fumando cigarros e batendo um papo no que poderia ser o seu único momento de calma do dia. No entanto, nenhum dos dois ligou para isso, estavam ali apenas para serem levados embora.
— Então, ainda não tive tempo de perguntar... — disse Peter, puxando assunto e fazendo com que o outro virasse o rosto para ele. — Você não sente mesmo nada de ruim pela Emily? Achei meio chato de falar sobre isso lá dentro.
— Não — respondeu Garrett imediatamente, rindo de lado, como se fosse uma pergunta boba. — Eu fui bem claro lá dentro, foi real o que eu disse.
— Ah, claro... Só achei que, talvez, estivesse com um pouco de ódio dela por ter lhe baleado. Achei que o que disse lá dentro fosse só para que ela não soubesse.
— Não, não... — Balançou a cabeça. — Era verdade... Digo, é verdade. Eu entendo que foi autodefesa, ela só ficou assustada... Eu também ficaria, qualquer um ficaria.
— Pois é.
Garrett deu uma encarada no amigo, estranhando o comportamento dele. O vento frio balançou seus cabelos encaracolados mais uma vez.
— Mas e você?
— Se eu sinto raiva dela por ter te dado um tiro? — questionou Peter. Garrett balançou a cabeça em concordância. — Bom, não posso dizer que estou cem por cento calmo... É estressante, sabe? Digo, isso só pode estar acontecendo por conta dela, e por causa disso você foi ferido, então... — Peter pensou por alguns instantes. — Mais ou menos. Eu estou com um pouco de raiva dela, mas também entendo o motivo dela ter feito isso. Acho que é o que quase todo mundo sentiria.
Garrett não negou e nem o xingou, apenas concordou com a cabeça, voltando o olhar para a frente. Entendia o amigo e ficava honrado pela preocupação sobre si. E também não podia se prender àquele sentimento, desde que via-se completamente grato por sua estadia no hospital não ter se estendido por tanto tempo. Odiaria ter que ficar lá por dias. Por sorte, durou menos que 24hrs. Os médicos disseram que o tiro não acertou nenhum nervo importante, nenhum tendão, nenhum osso e nem danificou o músculo tanto assim. Dessa forma, não haviam motivos para mantê-lo ali por mais tempo.
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Hello There 2
HorrorUm assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna. Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...