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 A delegacia estava quieta

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A delegacia estava quieta. Era a parte da noite em que a maioria dos policiais ia embora ou trocavam de turnos, e tudo ficava silencioso. O máximo que era ouvido, eram os murmúrios de algumas conversas, mas mesmo elas eram abafadas pelo som da TV ligada ou do rádio tocando uma música aleatória. Tal silêncio predominava ainda mais dentro da sala onde Kai ficava, por conta da porta fechada. O único barulho ali era o do galão de água ao lado da porta, que hora ou outra soltava bolhas e balançava. O xerife tinha ido para casa pela noite, e só seria contatado caso algo muito urgente surgisse. Essas eram as especificações dele: "só me chame se alguém estiver morrendo, entendido, oficial Conway?".

Por sorte, parecia ser uma das noites calmas. Tão calma, que foi a chance perfeita de se unir à Linda para começarem a investigar. Sentados lado a lado, os dois dividiam a mesa de Kai, cada qual com seus itens investigativos em frente a si, como dois adolescentes estudando para uma prova.

A escolha de chamar a professora foi feita sobre três tópicos: ela era confiável devido ao ataque que sofreu dias antes, era muito esperta e, também, uma ótima fonte de informações, sejam elas reais ou boatos. E Linda, nada boba, não negou a oportunidade de usar de artifícios mais avançados para tentar encontrar alguma coisa, afinal, estava numa delegacia, diante de um computador que lhe dava programas de rastreamento, descodificação, acesso às câmeras de segurança de Oakfield, entre outras coisas que poderiam ser bastante úteis — também, levando em conta que havia destruído seu laptop após o assassino tê-lo saqueado e implantado no carro de Megan, temendo que estivesse com alguma escuta ou câmera escondida.

Desde a conversa que tiveram sobre as suspeitas acima de Olivia e Tommy, o policial e a professora haviam se aproximado. Como nada sabiam sobre a morte da asiática, grande parte de suas desconfianças continuavam em cima deles. Uma das hipóteses criadas pela dupla era que, se os dois não estavam trabalhando junto, pelo menos um estava. E após uma rodada caçando pelo passado de Olivia, agora a dupla trabalhava em cima de Tommy.

Kai tinha disponibilizado todo e qualquer arquivo que Linda precisasse. Havia dito para os colegas do outro lado da porta que a moça havia vindo para uma conversa particular. De qualquer jeito, após uma hora trancados ali dentro, com certeza já desconfiavam de outra coisa. Mas não se importavam, também.

— Alguma coisa? — perguntou Kai, sem desviar os olhos do arquivo sobre o hotel abandonado na floresta, que foi alvo do — possível — incêndio proporcionado por Olivia e Tommy. Buscava por pontas soltas e detalhes que incriminassem o rapaz.

— Ainda não — respondeu Linda, lendo um arquivo sobre as primeiras mortes do massacre; Clary Chambers, Ally Horsdal e Toby Fray. — E você?

— Não... — resmungou, desapontado. — Se foram eles mesmo que fizeram isso, esconderam muito bem.

— Era de se esperar. — Riu de lado. — A família da Olivia é muito rica, então podem ter pagado qualquer testemunha ou policial que investigou o caso para acobertar tudo.

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