Um assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna.
Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...
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A manhã veio mais quente do que o normal, surpreendendo até mesmo os mais acostumados com o clima disfuncional da cidade. Linda foi uma dessas pessoas, sendo obrigada a vestir um de seus vestidos que pensou que iriam mofar dentro do armário com a chegada da baixa temperatura.
Fazia um dia desde a invasão em sua casa e a professora já se preparava para receber alguns olhares estranhos dos alunos e colegas do trabalho. As notícias haviam corrido o bastante para que todos já soubessem, mesmo que não soubesse como. E para o seu azar, a agitação provavelmente ficaria dez vezes maior, desde que já estava atrasada. Havia entrado na escola a menos de cinco minutos e, pelo que seu relógio de pulso indicava, o sinal já tinha batido quatro minutos atrás. Sendo a única que tinha autoridade para conceder a entrada dos alunos na sala de aula, os mesmos provavelmente estariam do lado de fora, esperando sua chegada.
Com passos rápidos, Linda tomava caminho pelos corredores agora vazios de Oakfield High, os saltos estalando no piso encerado e frio. Vozes de aulas ocorrendo escapavam das portas abertas das salas de aula ao redor, mas ela não se importou com isso, apenas tomou foco em sua missão de chegar ao seu destino antes que o diretor percebesse o tumulto que provavelmente estava formado diante da porta trancada de uma das salas.
O atraso também poderia causar grandes problemas para Linda, desde que sua volta tão cedo pareceu inadequada aos olhos do diretor, como ele mesmo havia dito, e uma conduta má e irresponsável como aquela seria mais um motivo para ele insistir na ideia de que ficasse um tempo fora, desde que o senhor realmente achava que a morena necessitava de um tempo afastada para se recuperar da invasão em sua casa, acreditando que tinha sido uma ação do Carrasco - o que era verdade, mas aos olhos de outras pessoas, a confirmação não veio. Para a professora, no entanto, isso poderia ser considerado o medo do diretor em ter uma pessoa que, para ele, era mentalmente instável dando aula.
Linda chegou à parte externa do colégio, onde mais algumas salas estavam dispostas em fileiras ao redor do pátio usado durante o intervalo. Mesmo ao longe, já conseguia ver algumas cabecinhas juvenis dispostas em frente a uma dessas salas, assim como mochilas de diferentes cores se mexendo. Vozes altas e escandalosas de amigos íntimos chegaram aos seus ouvidos. Apressou o passo e, após passar por todas as mesas do refeitório e adentrar um dos corredores, colocou um sorriso no rosto para compensar a demora, levantando a bolsa no ombro e enfiando a mão num dos bolsos.
- Oi, pessoal. Desculpa a demora - disse com uma voz mansa.
Nenhum deles pareceu enraivecido pelo atraso, algo já de se esperar, o fato de que nenhum dos adolescentes tivesse grande vontade de estudar.
- Que nada, professora.
- Demorou, não.
- Imagina.
- Poderia ter demorado mais!
O último comentário fez Linda se virar, sorrindo de lado e fazendo uma cara de brava em comicidade, entendo a ironia enquanto todos ao redor riam.
