Estavam no quinto andar, mas era bem provável que a conta já tivesse sido perdida. A escuridão dos corredores apenas crescia a cada escada subida e a cada curva feita. O cheiro de fuligem ainda impregnava no ar, o que era surpreendente desde que o desastre incendiário tinha acontecido a muito tempo atrás. Além disso, um odor nauseante chegava ao nariz de Emily. Poderia ser madeira podre, animais mortos em estado de decomposição entre as paredes ou os objetos velhos e embolorados que surgiam no caminho de vez em quando.
A garota tentava não dar muita bola para as condições do ambiente, mas era praticamente impossível. Os corredores eram abertos e com paredes de cimento. O chão levava fracos resquícios de que um dia teve um carpete, mas agora era a madeira e o concreto que surgiam abaixo de seus pés naquela caminhada tensa. Hora ou outra, uma passagem para um dos quartos ou uma janela surgia. Mas nem mesmo as janelas — que agora eram somente buracos na parede, com algumas exceções que ainda tinham pedaços de vidro — eram capazes de trazer um pouco de luz. A grande luminosidade vinha da lanterna de seus celulares, dos quais foram obrigados a usar para se locomover lá dentro.
Emily e Garrett estavam vagando pelo Everwood Hotel já tinha um tempo. Poderia ser cinco minutos, poderia ser meia hora. Era difícil de saber. Tanto ela quanto ele tinham perdido a noção de tempo e espaço quando passaram pelas portas da frente, e agora somente se preocupavam em sair vivos dali. A noite chegaria ao fim em algum momento, de uma forma ou de outra.
— Falando sério, Em — disse Garrett, de repente, quebrando o silêncio com sua voz cortante. Emily não conseguiu conter um pulinho de susto. — Quem você acha que é? Eu só quero saber para... Sabe, se em algum momento eu topar com essa pessoa, saber que devo ter cuidado.
Emily engoliu em seco.
— Eu sinceramente não tenho uma suspeita de verdade — mentiu. —, mas algumas coisas são estranhas, sabe?
— Como assim?
— Eu tenho teorias, mas não sei em qual acreditar ao certo. Por exemplo, o Tommy tem muito potencial de ser o assassino tanto pela estrutura física dele, quanto porque está ausente desde que o Logan morreu. Pode ser o luto? Pode. Mas não deixa de ser estranho. Ele pode estar tentando se esconder, entende?
Garrett concordou com a cabeça, mesmo que Emily não tivesse visto. Voltou a encarar a direção que seguiam, levando a luz da lanterna mais para baixo, prestando atenção onde pisava. Os dois andavam lado a lado naquela reta, numa das extremidades do prédio, como as janelas à esquerda deixavam claro.
— Eu suspeito um pouco da Linda — falou o rapaz.
— Linda? — Emily estranhou, encarando-o com o cenho franzido.
— É... Tipo, ela teve a casa invadida e tudo mais, mas não tem nada que comprove. Ninguém viu nem ouviu, exceto pela Olivia, que desapareceu. Ela pode ter feito isso com ela mesma para enganar a Olivia ou coisa assim.
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Hello There 2
HorrorUm assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna. Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...