O elevador do hospital descia lentamente. Molly encarava o visor com a esperança nos olhos, uma ansiedade gigantesca no corpo. Ao seu lado, Sam parecia indiferente, quase entediada por ter que passar aqueles longos trinta segundos dentro da caixa metálica. Do lado oposto a ela, Garrett mantinha-se nervoso. Estava naquele estado desde a discussão com Emily alguns dias antes e, até então, não teve a oportunidade de se desculpar com ela, sendo este um dos motivos de sua angústia. As garotas, alheias a isso, apenas conversavam.
Molly estava com uma camisa de manga longa cobrindo o braço amputado, tendo o pano amarrado ao redor do toco num nó apertado. Estava tão extasiada por finalmente ter sido liberada que mal se dava conta do pesadelo para qual estava indo.
— Mas é possível trancar uma conta de luz e água assim? — perguntou Sam.
— Se você fizer um pedido para a prefeitura e explicar o motivo, é possível, sim — respondeu Molly. — Comigo foi mais fácil, eles foram bem piedosos.
Sam olhou para o lado e encarou Garrett. Notou como ele parecia nervoso e, até mesmo, arrependido.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntou Sam, fazendo o tatuador virar a cabeça em sua direção, surpreso pela pergunta.
Molly olhou para eles e prestou atenção na conversa.
— Não, nada. Eu só... fiz umas merdas aí — disse ele.
— Coisa séria? — tornou a loira.
— É, um pouco.
Ficaram em silêncio por alguns instantes. A pergunta pairava no ar, circulando pela cabeça das garotas. Então, Molly finalmente disse:
— Não vai contar o que aconteceu?
Garrett suspirou fundo.
— Eu disse umas coisas bem pesadas para a Emily — respondeu.
— Que tipo de coisas? — perguntou Molly, interessada e um pouco mais séria.
— Do tipo "Isso tudo está acontecendo por sua causa, maldita!".
Sam estalou os olhos e olhou para ele com a face retorcida em uma expressão que diz "sério que você pôde ter sido tão imbecil assim?". Mas não disse nada, apenas revirou os olhos, contendo certa raiva para não explodir contra ela após sua aproximação com a sobrevivente. Molly desaprovou a situação com balançadas negativas de cabeça. De qualquer forma, tentaria dar suporte à Garrett, desde que ele parecia arrependido.
— Algum motivo especial para ter feito isso? — perguntou ela.
— Eu estava bêbado e o Peter tinha acabado de ser morto — disse, com certo receio.
— Sinto muito — falou Sam. A morena concordou com a cabeça.
Os três se mantiveram em um silêncio constrangedor pelo resto da viagem de elevador — coisa que não demorou muito tempo. Cinco segundos depois, as portas se abriram em frente a eles, exibindo o estacionamento amplo e cheio de carros. Coberto por todos os lados, era iluminado pelas luzes LED e pela luz solar que atravessava as aberturas nas laterais. Pilares de concreto sustentavam o teto. Ao fundo, uma ou duas pessoas passavam. O único som presente era o do elevador voltando a se fechar, quando finalmente saíram.
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Hello There 2
HorrorUm assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna. Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...