Um assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna.
Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...
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Após ter sido atendida no hospital, Jordana e Emily decidiram que não queriam passar o resto do dia em casa. Archie havia conversado com Kai Conway e, após isso, foi até a delegacia para prestar um boletim de ocorrência, ver se adiantava de algo, mesmo pensando que, provavelmente, não. Principalmente pelo fato de não poderem revelar tudo o que aconteceu. Para os policiais, a situação toda era uma simples invasão.
Enquanto isso, sem Archie, as garotas passariam o dia fora, andando pela cidade, conversando e fazendo qualquer coisa que não fosse voltar para a residência. Contudo, Jordana havia esquecido seu celular dentro da casa, e agora estava pronta para buscá-lo.
Emily parou o carro na frente da casa. Do lado de fora, estava como sempre foi, grande e bonita. Apenas de lembrar do sufoco de horas atrás sentia um estranho arrepio lhe percorrer o corpo. Buster continuava na casa, o que não era um problema para ninguém. As duas se pegaram olhando para as janelas, esperando alguma movimentação no interior, algum sinal de perigo. Como o esperado, não havia nada de ameaçador. Pelo que parecia, sem mais ataques naquele dia.
- Quer que eu vá junto com você? - perguntou Emily, fazendo Jordana se virar para si. Ainda tinha os olhos inchados de tanto chorar e alguns hematomas espalhados pelo corpo. Estava abalada.
- Não precisa - respondeu a outra. - Eu me viro.
Concordando com a cabeça, a morena viu a amiga abrir a porta do carro e sair, hesitando por alguns segundos antes de começar a caminhar na direção da porta da frente. Era estranhamente incômodo ver Jordana daquela forma. Emily quase sentia a angustia e o medo da amiga, mas sem de fato sentir, pois tudo o que lhe consumia era o ódio. Queria pegar o desgraçado antes que fosse tarde demais, e mesmo que estivesse zelando mais pela própria vida, não queria que o jogo chegasse à altura do de sete anos atrás. Não sabia se poderia aguentar tudo aquilo de novo.
A albina, por sua vez, sentia-se amedrontada. Uma força invisível parecia pressionar seu estômago e chacoalhar seu coração toda vez que se lembrava dos minutos de terror vividos a apenas algumas horas, uma sensação de exposição, como se não estivesse segura em lugar nenhum. Algo que, por um lado, era verdade. O ataque, para ela, era obviamente um aviso de que estava acontecendo de novo. Ficava claro agora. Um aviso do mascarado na tentativa dele mostrar a ela que algo do passado estava inacabado, que as duas deixaram alguma ponta solta que desencadeou a ira de um novo assassino. Ponta solta essa que nenhuma das duas sabia localizar. E claramente teria de existir um motivo, nada era por acaso. As ligações deixaram isso claro.
O som da grama sendo esmagada encheu seus ouvidos enquanto a varanda se aproximava. Jordana sentia o peso do olhar da amiga nos ombros, tendo certeza de que estava sendo observada atentamente, como se Emily fosse sua segurança pessoal, uma coisa que não era de tão mal assim, pois via na sobrevivente a fúria e a determinação em encontrar a resposta, e se Emily continuasse daquela forma, era um sinal de que poderia e iria se proteger quando fosse necessário, estando, assim, dentro desse território seguro, sendo que não desgrudaria da amiga.
