O carro parou no meio-fio, estacionando com um tranco. O motor foi desligado, e Molly virou o rosto, encarando sua casa adiante. As luzes continuavam todas acesas, mesmo que Ellen tivesse dito que iria dormir. A janela da sala também estava aberta. Talvez Ellen tivesse mudado de ideia e estivesse na sala, lendo um livro ou assistindo TV.
Com o laptop fechado no colo, olhou para o outro lado quando Emily agarrou sua bolsa e abriu a porta, descendo com uma fúria repentina. Molly também desceu, segurando o computador embaixo do braço, enquanto caminhavam até a porta de entrada.
— A Ellen não disse que iria dormir? — perguntou, para ver se Emily tinha alguma outra ideia sobre o motivo das luzes acesas.
— É melhor que ela esteja acordada — respondeu a sobrevivente, marchando pesadamente até a porta, com Molly a alguns passos atrás, ainda incerta se era uma boa ideia interrogar Ellen sobre todas aquelas coisas.
Desde que saíram da casa da psicóloga, a mente de Molly martelava em diversas teorias sobre o que tinha acontecido e de quem era todo aquele sangue. Poderia ser o sangue de algum animal, simplesmente para assustá-las ao fazerem-nas pensar que alguém tinha morrido, mas a ligação recebida por Emily fazia com que essa teoria, em partes, fosse provada errada. Passou a viagem toda telefonando para todos os sobreviventes restantes — Sam, Linda, Owen, Kai, Garrett, Tommy — para se certificar de que nada havia acontecido com eles e que aquele sangue não pertencia a nenhum deles. Por sorte, todos estavam vivos.
Além disso, também vasculhou o caderninho de anotações de Ellen, entregue por Emily, e se manteve informada das teorias criadas pela loira, impressionando-se ainda mais com a capacidade de pensamento da psicóloga, e sentindo-se um pouco traída, também. Uma das teorias era sobre Molly, mas já estava riscada. Se negava a lembrar do que estava escrito sobre si, mas, de qualquer jeito, Ellen pareceu tê-la descartado, pois aquela página estava marcada com um risco em cima, provando que era uma teoria comprovada incorreta após o ataque contra a moça, que custou-lhe um dos braços.
Chegaram à porta da frente e Molly se apressou a pegar a chave no bolso, deixando o laptop entre as pernas. Destrancou a porta, e Emily passou direto, entrando de uma única vez. A dona da casa ficou para trancar a porta, deixando o computador em cima do sofá enquanto posicionava a chave na fechadura. Os passos de Emily retumbavam atrás de si.
— Ellen? — perguntou a garota, seguindo pelo corredor.
A casa estava vazia até então. Silenciosa como um túmulo. Emily sabia que o único lugar provável em que Ellen poderia estar era o quarto de Molly, mesmo que estivesse dormindo na sala. Seguia para lá, decidida a obter algumas respostas. Não deixaria que Ellen passasse por cima de todos daquela forma. Precisava de respostas.
Sabia que Ellen ia até a casa dela algumas vezes por semana para checar as coisas, e mesmo que fosse fácil que nunca tivesse descoberto o que acontecia no porão, era de se esperar que, após frequentar o lugar por tanto tempo, notasse que algo estava fora do lugar. Este "algo" logo seria notificado, principalmente pelo medo de Ellen e sua paranoia de estar em perigo o tempo todo. Isso, ao menos que ela estivesse deixando o desagradável companheiro ficar em sua casa.
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Hello There 2
HorrorUm assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna. Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...