Um assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna.
Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...
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A caminhada exaustiva pelo corredor parecia não acabar. Emily seguiu todo o caminho que se lembrava, ainda no completo escuro, torcendo para não se perder e acabar no lugar errado. Subiu dois lances de escadas, como se lembrava, e desembarcou no novo andar. Pelo menos, a entrada dele parecia a mesma que tinha percorrido momentos antes.
A sobrevivente se sentia muito bem naquele momento. Era um sentimento de dever cumprido que percorria seu corpo, algo que ninguém realmente pode saber como é até experimentar a sensação. Os membros vibravam toda vez que pensava que estava livre daquilo tudo. Os responsáveis pelo massacre estavam mortos, e Emily, a salvo e viva. Assim como disse que aconteceria e nenhum deles deu bola, aquela merda toda acabou com Emily ainda respirando, e eles, sem vida alguma para preencher os olhos.
Continuava sendo inacreditável o fato de Sam e Garrett serem os responsáveis, e agora que estavam mortos, era mais seguro demonstrar o temor que sentia. Estava arrasada, para ser sincera. Nunca se sentiu tão traída em toda a vida e até mesmo a descoberta de Julia e Connor no passado não pareceu tão grande quanto aquela. Lembrava-se dos momentos que compartilharam juntos e tudo o que fez para mantê-los são e salvos, principalmente em relação a Sam. A loira foi uma grande companhia em todo aquele tempo, uma companhia boa até demais. Sentia-se estúpida por ter caído na dela.
O lado bom era que tinha conseguido tirar, pelo menos, três pessoas daquele inferno consigo. Kai, Linda e Molly, até onde sabia, estavam bem. Owen continuava sendo uma incógnita. Não obteve confirmação de sua morte, como também não obteve confirmação de que estava vivo. Obviamente, torcia para que a segunda opção fosse a certa. Mas isso não a deixava completamente feliz. Emily sabia mais do que ninguém o que era sobreviver a uma situação como aquela. Viveu aquilo uma vez e agora teria de enfrentar o segundo round.
A primeira parte desse segundo round já se iniciava. A dor de cabeça lhe acertava na têmpora em pontadas repetidas. Além disso, já conseguia ver os pesadelos que se seguiriam, pois não importava o quão forte transparecesse, os malditos pesadelos sempre chegavam em algum momento. Depois disso, vinham as visões. Essa era uma parte que poderia ou não vir a acontecer. Com Emily aconteceu, tanto naquela época, quanto ali mesmo, quando voltou a Oakfield. Ainda se lembrava de ter visto Julia Moss em Oakfield High quando foi levar seu currículo para lá, no mesmo dia em que conheceu Ellen. Por sorte, aquilo não voltou a se repetir — mesmo que não tivesse garantia de que parariam por lá.
O que faria dali em diante ainda era desconhecido, também. Obviamente não passaria mais tempo do que o necessário ali em Oakfield. E agora, sem Jordana, realmente não tinha um rumo. Teria de encontrar uma maneira de seguir com a vida, com sua profissão e tudo mais. Provavelmente procuraria alguma faculdade em que pudesse lecionar e que ficasse bem longe dali. Talvez pudesse levar Linda junto, se ela quisesse e aceitasse passar os próximos anos ao seu lado. Poderiam ser o suporte uma da outra, e um pouco de companhia numa situação traumática como aquela seria de grande ajuda, Emily não podia negar.
