A luz do sol entrava pela janela e iluminava Lincoln, sentado naquela poltrona de couro bastante confortável. O consultório nem tão grande era recheado pela branquidão, presente nas paredes e nos móveis brancos. Era bastante confortável, e fazia seu trabalho de trazer paz para o paciente. Pelo menos, Lincoln sempre se sentia em paz entrando lá.
Sobre outra poltrona diante do rapaz, estava Ellen. A psicóloga levava uma expressão séria e, ao mesmo tempo, acolhedora, dando liberdade e confiança para que as pessoas se abrissem com ela e lhe deixassem ajudar com os problemas.
— O último pesadelo foi na semana passada — disse Lincoln, parecendo abatido e de cabeça baixa, diferente do conhecido rapaz sorridente e feliz.
— E o que aconteceu nele? — perguntou Ellen, segurando um bloquinho de notas, onde fazia as anotações necessárias com uma caneta.
— Era o mesmo de sempre. — Lincoln ergueu a cabeça e lhe encarou, remexendo a perna de maneira nervosa e ansiosa. — Ele... aparecia pegando fogo. E não tinha nada que eu pudesse fazer, porque não conseguia me mexer. Não conseguia ajudá-lo.
O negro abaixou a cabeça, contendo as lágrimas. Era difícil passar por aquelas sessões, mas precisava, para superar o trauma da perda de seu irmão.
— Você tentou lutar contra, dessa vez? — tornou Ellen, a voz mansa.
— É claro que tentei — respondeu Lincoln. — Mas eu não consigo. É mais forte do que eu, Dra. Ferrer. — Balançou a cabeça. — Não importa o quanto eu tente, eu nunca consigo sair do lugar. Fico preso, como se algo forçasse minhas pernas contra o chão.
— Você sabe que são apenas sonhos, certo?
— São mais do que sonhos, eu consig–
— E nós controlamos nossos sonhos — o interrompeu, sorrindo de maneira reconfortante. — O sonho não controla você, Lincoln. Você controla ele.
O rapaz pensou por um instante.
— Não é o que parece.
— Aquela tragédia foi... horrível — disse Ellen. — E é compreensível que você ainda lide com o trauma. É ainda mais compreensível que esse trauma assuma o controle às vezes. Mas você tem que aprender a superá-lo, Lincoln. Seu irmão foi um homem bom que se foi de uma maneira nada boa, mas você precisa saber que agora ele está em paz.
— É difícil. Nós éramos muito próximos.
— Eu sei que eram. — Ellen sorriu. — Mas ele está em um lugar melhor agora... e isso já não basta? Julian encontrou a paz, Lincoln.
— Então porque ele continua aparecendo? — questionou com lágrimas nos olhos. — Eu amava ele, Dra. Ele também me amava. Então porque ele continua... vindo até mim na forma desses pesadelos? E são pesadelos! — Segurou o choro. — Aquilo não é nada bom.
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Hello There 2
HorrorUm assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna. Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...