Agiu sem pensar. Diante da aterrorizante cena, o grito de Olivia foi acompanhado de um forte empurrão, proporcionado pelo simples impulso do susto. Seus dedos acertaram o carrinho e ele virou com tudo para trás. Em poucos segundos, a cabeça de Jordana desapareceu, e num som seco que fez os ossos da garota vibrarem, o membro decepado acertou o chão e saiu rolando pelo carpete. A bandeja também virou, derramando o pouco de sangue que nela havia num escarcéu metálico e arrepiante.
Mas mesmo daquela forma, mesmo que aquela coisa horrenda não estivesse mais em seu campo de visão, Olivia jamais esqueceria da imagem: os olhos vidrados e abertos, o sangue seco coagulado em toda a face pálida, a boca praticamente azul levemente aberta, os cabelos brancos tingidos em vermelho.
— Ai, meu Deus! — gritou, o peito inflando e desinflando com força. O coração batia rápido no peito. Lágrimas começavam a se juntar nos olhos, pois Olivia percebia uma coisa: havia sido encontrada.
Não sabia o que fazer, nem como prosseguir. A situação a pegou de surpresa e agora Olivia sentia-se sem saída, em completo perigo, longe de qualquer tipo de salvação. A cabeça já latejava nas têmporas com o pensamento de que poderia morrer. Aliás, quem quer que tivesse colocado a cabeça de Jordana na porta do quarto, continuava ali.
A morena sentia a garganta queimando e as lágrimas descendo pelas bochechas. Arfou profundamente, olhando de forma desorientada ao redor. Sem pestanejar, voltou a pegar sua bolsa, que havia caído, e a chave do carro sobre o criado-mudo. Com tudo em mãos, a asiática disparou para a porta e agarrou a maçaneta, girando-a com voracidade, antes de sair para o corredor, ao menos dando bola para a cabeça arrancada que agora jazia deitada de lado em frente a penteadeira.
Ela não pensou em olhar para os lados. Não importava, de qualquer jeito. Naquele instante, Olivia pensava somente em sair dali, fugir para o mais longe possível. E também não queria correr mais riscos. Estava sozinha, exposta demais, e se o assassino havia a encontrado e mandado a maldita cabeça de Jordana como uma refeição a ser comida, era porque ele tinha planos para ela e, obviamente, não seria esperto em perder a viagem de Oakfield até ali, o que deixava claro uma coisa: ele estava ali para matá-la, e se Olivia não fosse esperta o bastante, era o que o Carrasco conseguiria.
A porta bateu sozinha atrás dela. O corredor estava silencioso, mas o interior da asiática parecia em festa. Eram tantas sensações que ela ao menos conseguia controlar todas elas — medo, angústia, desespero, pavor, horror. Nenhuma outra porta estava aberta, nenhuma camareira passava. As duas janelas, cada uma em uma extremidade do corredor, deixavam que um pouco de luz entrasse e iluminasse o caminho. No entanto, nem isso parecia ajudar na desorientação da garota, que percorria o espaço longo com as pernas tortas e tentando manter a velocidade, tocando as paredes de ambos os lados com as mãos trêmulas, os olhos banhados em lágrimas cegando-a.
Foi tanta desorientação que Olivia quase passou reto quando atingiu o elevador. As portas metálicas estavam fechadas e ela não tardou em apertar o botão na lateral. Enquanto esperava que sua passagem fosse liberada, pegou o celular, olhando para os lados de forma desconfiada. Ela ainda lembrava-se do trato que havia feito, e o colocaria em ação agora.
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Hello There 2
TerrorUm assassinato sempre muda uma cidade, já um massacre deixa uma marca eterna. Sete anos após o término do infame massacre que abalou a cidade de Oakfield, uma dupla de sobreviventes da onda de mortes retorna à cidade a procura de um recomeço em sua...