Apesar do sorriso impresso no rosto de Taehyung, ficara perdido; fitava o chão cinza sem vida, um pouco sujo. Sentia algo bom; porém, o incomodava de certa forma. Pressionava a simplista carta como algo valioso que não podia largar com medo de até o vento o trapacear e levar o papel de suas mãos para longe. Não podia esperar, piscou algumas vezes de propósito e abrira a carta. Lera.
A estrada parecia inóspita, os pequenos pássaros na calçada faziam seus movimentos lentamente, todas as pessoas a sua volta estavam imotos. Nada se movia. Era Taehyung e a carta. Assimilava-se a um leitor preso a um parágrafo favorito de um livro cheio de surpresas. Estava imerso em seus próprios pensamentos. Esbugalhou os olhos; expressava surpresa, alegria até e, lembrança. Essa foi a matriz para toda a expressão de Taehyung se esvaziar... Já se sentira assim antes.
A relembrança veio como um raio acertando o solo em um dia de tempestade; lesto, violento e subitamente. Taehyung se encontrava em um balanço esverdeado sustentado com cordas já surradas, era apenas uma criança na época. Estava debaixo de uma árvore, não havia folhas, uma copa. Era outono. O chão estava coberto de folhas ressecadas um pouco amareladas sendo carregadas por uma brisa fria. O pequeno Taehyung observava o tempo cinza e as crianças brincando no parquinho sorrindo; aparentavam um semblante alegre, deviam estar se divertindo. Mas o pequeno, não. Sabia que era devido sua surdez, seus olhos transbordavam lágrimas. Por qual razão tinha de ter nascido uma aberração, diferente dos outros? Abaixara sua cabeça sentindo falta de tudo que um dia já tivera: pais, carinho, comunicação de certa forma. O isolamento já estava se tornando comum. Já estava sentando ali, brincando sozinho, se balançando a um tempo. Não havia ninguém por perto e o sol já beijava o horizonte ao longe. Precisa voltar; sabia que sim. Entretanto, queria permitir perder-se. Mais. Fora caminho oposto do qual devia.
Seus passos estavam lentos, suaves e cansados. Estivera andando por hora. Desistiu; caíra de joelhos, olhara os detalhes donde estava. O local era contornado por árvores de troncos fortes e escuros, o chão, coberto de folhas e areia; o vento batia no pequeno fazendo-o tremer. Aparentava um corredor com o fim borrado em preto. Estava escuro, era assustador. Apenas a lua era a sua companhia. Pensava assim. Desejava voltar correndo para onde deveria estar, não sentia nada lá além de sofrimento. Era o nada para o pequeno, mas era um nada conhecido.
Sua respiração estava aflita; seu coração deu um salto quando sentira uma mão em seu ombro. Não era pesada; o toque era delicado. Não fizera nenhum esforço para se virar e encarar quem quer que fosse. Nem tinha coragem para tal feito. O estranho ia aparecendo aos poucos no campo de visão do pequeno. Era um garoto. - Ainda bem. - Pensou. Era um garoto com a pele meio suja, roupas surradas e rasgadas de cor claras. Apesar da quase extinta luz que habitava o local, reparara os detalhes e no rosto do garoto, um sorriso. Era acolhedor. Ele mantinha os olhos presos aos do pequeno; eram de cor escura, passava certa preocupação. Mesmo assim, Taehyung queria sair correndo. Estava assustado demais, mas algo o prendia ali. Não sabia o que era. O garoto começou a movimentar sua boca, Taehyung ponderava o como ele aparentava não estar com medo de estar ali, alvos fáceis de uma noite cheia de surpresas. Talvez estivera acostumado. O pequeno sabia que era um preconceito sobre o garoto; e isso era errado. Enquanto o garoto movimentava a boca -- falhando, pois nada pudera Taehyung escutar -- o pequeno tirou as mãos do garoto de seus ombros e após, levou sua palma até o próprio ouvido com um semblante decepcionado. Esperava muitíssimo que o garoto entendesse, explicar o que havia de errado consigo era a pior parte. O garoto de começo tombou sua cabeça para o lado, cerrando as sobrancelhas por um segundo; até que finalmente havia entendido. Seus olhos se arregalaram e sua boca formou um "O". Taehyung queria sorrir do semblante do garoto, era fofo. O garoto levantou-se lentamente com um sorriso curto, batendo em suas simples roupas para tirar o excesso de sujeira. O pequeno o fitava e percebera que não estava mais tão aflito como antes, o garoto havia acalmado-o, chorava menos, fato. Mas ainda chorava e sua angustia não fora embora completamente.
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I HEAR YOU
Fanfiction~ TAEKOOK FANFICTION ~ Completa. Taehyung gostaria de ouvir os batimentos do coração de Jungkook, mas como poderia? "Tudo se esvaiu e Taehyung se encontrara novamente na calçada daquele supermercado, Jimin ao seu lado balançando os braços...