Chapter XXXI

15 0 0
                                    

      As sombras começavam a cobrir as ruas completamente; as cores tornavam-se fracas; e os postes eram ligados, criando desenhos circulares em sequência na estrada. O vento não soprava como naquela tarde; as copas e a folhagem encontravam-se em completa inércia, deixando a cidade com um certo teor de abandono. Hora de partir – Jungkook fitava o céu, com poucas estrelas, a lua escura pela metade com um contorno curvo – perfeito -, permanecendo por alguns segundos – reparava o quão pequeno era e o tão pouco conseguia ver. Taehyung buscou seguir seus movimentos à procura de algo; algo que o fascinasse e despertasse o brilho que, como no outro, cintilava nos olhos. Não encontrava, porém, a simplicidade – ainda perfeita - que se encontrava acima de suas cabeças, acima de todos e de tudo. Recuou. O fitou novamente e percebeu o sorriso formando-se no rosto – gosta de observar as estrelas? – matutou, tendo uma ideia. Uma que podia impressioná-lo. Sorrira em consequência.

      Buscou sua mão acima da mesa, querendo despertá-lo de sua hipnose momentânea. Piscava perplexo, o observando em resposta; era certo que deveriam ir e, por isso, colocou uma das mãos ao pulso, dando algumas batidas leves, desenhando um relógio na imaginação de ambos: era realmente hora de partir. Levantaram-se, arrumaram as cadeiras e ajeitaram a mesa para fácil manuseio dos garçons para retirar tudo. Não eram únicos no recinto, tirando os garçons, ainda – diriam – tinha um número considerável de pessoas. Finalizando tudo, Jungkook virou-se para tomar o caminho de volta e retornar para a escola; lembrava-se de Suga – uma súbita memória – partindo há uma hora ou um pouco mais – aproximava o tempo em sua mente -; e apenas desejava que estivesse bem. Enfim.

      Jungkook sentia sua mão ser agarrada antes de continuar. Taehyung a segurava pois não iria fazê-lo companhia naquele final de tarde – havia coisas que precisava resolver, comprar, reservar e preparar. Apontou para si e, em seguida, para outro lado. O outro entendera, mas confundia-se, ora iria deixar seus materiais na escola? Não achava que teria problemas, e de fato não tinha. Mais importante: era uma despedida. Um pouco antes do esperado – e como gostavam da presença um do outro -, entretanto, tem de existir saudade na presença. Taehyung o trazia para perto, devagar o suficiente para que se Jungkook mudasse de ideia, poderia parar. Porém, permitiu ser amado em público – com um pouco de medo, confessaria -, abraçado, encaixando-se perfeitamente e, depois, beijado levemente. Virou e começou a caminhar, deixando Jungkook surpreso e mais feliz que poderia expressar.

      Seguia para o colégio para buscar seus pertences, não fechara por completo; alguns alunos ficavam além do tempo para praticar esportes ou para, simplesmente, assistir. Entretanto, os professores haviam partido, ficando, em excessão, o professor de educação física que fechava a quadra nos fundos e trancava tudo. À parte, não iria demorar muito, afinal, quanto tempo levaria para pegar algumas coisas? Seguia em passos largos, pisando firme – um pouco agitado –, desviando das pessoas quase esbarrando-as, casais, grupo de amigos, pessoas, à sós, passeado com seus cachorros – todos aproveitavam a noite. Obrigava-se a diminuir e parar devido o semáforo e os carros com sua permissão para continuar; enquanto isso, cogitava como Taehyung poderia estar; em seu rosto, o formato, apenas ter sua imagem à cabeça, fazia-o sentir-se diferente, sorrir diferente. Esperou um pouco mais assim como os outros ao seu lado e, ao mesmo tempo, continuaram.

      O barulho da cidade, a cada passo que tomava, tornava-se mais baixo. A festa, diria, era longe daquele espaço. Poucos passavam por ali naquele momento, mesmo assim porque precisavam para chegar a algum lugar específico, ora se houvesse outro caminho, não passariam por ali. Chegava à esquina do colégio, fitando-o; as luzes apagadas transformavam o lugar com um teor apavorante, as janelas fechadas e as árvores intactas sem o movimento do vento que tanto acostumou-se não o agradava. Engoliu em seco. Empurrou o portão - ainda aberto como esperava, contudo, com o cadeado preparado para ser trancado -, não distraindo-se do objetivo. Não tinha tanto tempo, acreditava. Percorria pelos corredores, uma lâmpada ligada em cada começo, oferecendo luz o suficiente para situar-se onde estava e para onde quisesse ir, ouvia-se bem longe, quase despercebido, o som de alguns gritos excessivos, sons de apitos – o treinador, diria – e uma cantiga de torcida. Estava tudo como previa.

I HEAR YOUOnde histórias criam vida. Descubra agora