Chapter XXXVI

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      Os pés, enquanto assentado, movimentavam-se incessantemente; a espera por uma explicação estava matando-o. A respiração áspera. Por que não me reconheceu? – cogitava fitando à parede afrente. A resposta era óbvia, porém, não se conformaria com tal. Era tão injusto, certo? Jungkook merecia – não! – afastava a negatividade -; ele merece, ainda, ser feliz. Todavia, percebera, Taehyung, onde errou. Voltou-se para o teto e, por diminutos segundos, cogitava sobre as próximas horas; o que iria de ali suceder? Infelizmente, não conseguia supor coisa sequer, amava-o demasiadamente para seguir sozinho. Engoliu em seco - a palavra "sozinho" o assustava. Infelizmente, novamente, as possibilidades eram infinitas, e, era horrível sentir-se prestes a cair não havendo ninguém para segurá-lo.

      A porta abria-se lentamente e, de recanto, reparava o desenho do médico saindo do quarto, contudo, não era isto que o chamou a atenção: os olhos encontravam os de Jungkook; não era os que conhecia. As lágrimas, naquele justo momento, ameaçaram a cair. Manter-se-ia forte, porém. Por ele, para ambos. A porta fechava-se e a atenção e toda a ansiedade focavam no doutor. Sequer levantou-se, deixaria a hierarquia de lado, fixava em suas mãos para que, finalmente, soubesse o acontecido... Nada. Não entendera. O homem permanecera a caminhar, os braços cruzavam-se e a cabeça pendia contemplativo boas notícias não são demoradas a serem dadas – Taehyung, triste, pensava. Ele, subitamente, parou ao final do corredor e virou-se, revelando a mão chamando-o. Havia um semblante de incerteza, indecifrável e isso assustava-o. Prostrou-se e, antes de segui-lo, fitara a porta por cima de seus ombros, uma frieza percorrera seu corpo naquele momento – desconhecia o motivo -, porém, o que?

      Seguia-o em desdém, de passo a passo, pelos corredores; os raios solares, agora, contornavam as paredes, tornando o local aquecido conquanto equilibrava-se com a brisa que tocava suas peles; a feição de Jungkook viera em mente – o medo naqueles olhos amplos - e Taehyung, honestamente, respirava fundo para manter-se calmo; são. Poderia sair correndo e adentrar naquele quarto, implorar por reconhecimento. Como? Não o faria, todavia, porque assustá-lo-ia ainda mais; - mas, droga – pensou -, como queria vê-lo. Percebia a pouca movimentação da entrada, a diferença dentre a noite e o dia; os funcionários não eram os mesmos – se, na verdade, prestara atenção em uma somente; e os que aguardavam atendimento já não estavam mais lá, eram outros. Os passos diminuíam, finalmente, e notava, fitando adiante, que o eles se direcionavam para duas máquinas prostradas ao canto da parede na ala oeste do hospital: comidas e bebidas, respectivamente. Não poderiam as refeições esperarem? – questionava-se. Bufou. O doutor virou-se para si, subitamente fazendo-o parar um tanto quanto brusco, e reconhecia suas responsabilidades como médico, não seria necessário lembrá-lo; contaria no momento certo; contaria agora? – Taehyung estava inquieto. As mãos moviam-se:

      - Minhas desculpas – o doutor sinalizava com um cansaço -; gostaria de comer? – Não conseguia crer, Taehyung, no que entendia. Não! – respondia em mente – Não quero! Sentira, entretanto, naquele exato momento, sua barriga tremer, alertando-o do vácuo que ali continha; tocava o estômago e, não fingiria, ele, repensando novamente, gostaria sim. Mas:

      - Sim – assentia. Tirando a carteira do bolso, chamara a atenção do senhor mais um momento; conseguindo-a. – Por favor – fizera uma pausa -, como ele está? E preciso saber. A lágrima singular escorria pela sua bochecha. Ele hesitava e Taehyung não era idiota; o que escondia? Droga – matutou.

      Guardou-a e respirando fundo. – Vamos comer e, então, lhe contarei – seus movimentos tornavam-se cada vez mais lentos. Não tinha escolha senão concordar. Não conseguiria nada se continuasse a insistir. Uma pena. Apontou para um sanduíche de sua preferência, de formato retangular, através do vidro e escolheu um suco relativamente pequeno. Continuaram para além daquele espaço, os assentos e mesas arredondadas ficavam atrás daquela parede e, surpreendeu-se, vendo a grande vidraça, ao fundo, para um jardim de gramas escuras e desenhos feitos dela; árvores e pássaros tornavam-no ainda mais formoso; tinha certeza que, se pudesse ouvir, sorriria pelo conjunto belo e harmônico. Assentaram-se frente à frente e desembrulhavam o "café da manhã"; por mais que quisesse saber o quadro de Jungkook, a fome não o deixava, propriamente, se concentrar e comia quieto, degustando de cada mordida. Via, às vezes, poucas pessoas conversando e, até mesmo, sorrindo. Talvez, aquele espaço causava isso nas pessoas: faziam-lhes esquecer de sua realidade por um momento. Funcionava. Como diria que não? Amassava o embrulho e limpava a boca com os guardanapos dispostos acima da mesa. Agora, encarou-o para que fosse claro e sincero, estaria cansado de esperar. Ambos respiraram fundos:

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