Além das portas corridas, após o primeiro passo, a brisa era única; acariciava sua pele com o frígido toque e fazia-o arrepiar, não hesitaria de vivenciar aquela sensação que não se recordava, permitiu-se completamente, todavia: inspirou até que seus pulmões estivessem cheios e, junto, fechara os olhos para que não perdesse nada. Ponderava-se acima de uma montanha onde o clima úmido e, ao toque primeiro dos raios solares, acontecia de florescer a mais esverdeada grama; e lá estava ele, braços abertos, olhos fechados, descalço, permitindo-se. Fora o último a retirar-se dos três; Jungkook estava sendo observado, os semblantes sorridentes, pois aliviaram-se de não o estar amedrontado com o mundo exterior. Jimin pôs-se afrente, ia de tocá-lo e, então, chamá-lo. Taehyung, contudo, o interrompeu de o interromper; "Deixe-o" - pensava e ordenava encarando o garoto de cabelo colorido. Jungkook estava livre para fazer o que quisesse. Ah! Sim.
Fora, lentamente, tornando-se visível a entrada do hospital, o claro tardio do sol e as sombras recaídas sobre as construções. Parecia a parte aprazível de sua história; um final feliz? ou, singularmente, uma parte? Caminhavam pela calçada, não queria, Taehyung, levá-lo para casa; pelo menos, não ainda; iriam para algum outro lugar. Jimin iria ao lado de Taehyung, deixando-se ser guiado, assim como Jungkook observando, uns passos atrás, as pessoas que viam e iam. Não tinha conhecimento se estaria indo para casa; recordava-se da casa e a aparência cinzenta, mas não, ao certo, o caminho. Esperava que não, queria passar o resto das horas afastado de quatro paredes e cheiros exacerbados de amaciante. Riu tímido. As memórias estavam, aos poucos, tornando-se límpidas, os relances e nuances das cenas encaixavam-se aos poucos; entretanto, não se recordava de como, ou quando aquele - chamaria de sentimento forte - sentimento forte apossou-se de si, e porque motivo aflorava-se ao ver Taehyung e as suas pernas fraquejavam quando estava tão perto. Tudo bem, ele o contara, antes, que eram namorados, mas não queria perder o início daquilo. Foi rápido ou demorou a admitir? Droga - cogitou ladino - não consigo lembrar.
A corpulência afrente, alegre ao lado de Jimin, era tão aprazível de assistir; sua mão vagando, indo e vindo livre, sentia, no imo peito, algo que o ordenasse a segurá-la. Engoliu em seco. Deveria? Por que a repentina vontade? Costumava fazer isso? - matutava fitando a sua própria palma. Nada. Distraído, não percebera que os garotos haviam para parado e trombou em Jimin; acordou dos pensamentos compulsórios com o rosto confuso, permutando entre os dois: haviam chegado? Onde? Fora um plano repentino de Taehyung ao avistar, do outro lado da rua, a entrada de um parque e ao fundo - quase imperceptível pelas copas densas das árvores - uma roda gigante e suas luzes contornando as ferragens, mesmo que ao dia. Iriam, com certeza. Taehyung, com um sorriso fraco, implorava para Jungkook; esperava por um sinal que concordasse e assentiu. Não tinha outro lugar para estar. Atravessaram a rua sobre o sinal vermelho. Era um parque público, diriam; era permitido piqueniques, caminhadas, entre outras atividades que davam a impressão que as pessoas eram, de fato, felizes. Logo dentro, Jimin não esperou para que fosse aos brinquedos maiores - ou pagos - para começar a divertir-se. Não mesmo. Tocou, mãos pequenas, em Taehyung e disparou-se a correr, desviando das pessoas que se aglomeravam à entrada; súbito percebeu o desejo dele, estava tão animado quanto, e encostou em Jungkook. Dando-se conta do que houvera ocorrido - tudo mais rápido que conseguia acompanhar -, aquele havia corrido para longe. O que estava acontecendo? - o semblante confuso clamava. Era compreensível; fazia muito tempo que não participava de algo igual. Distante, todavia, fitava-os chamando-o e a cada passo que dava, lento, eles afastavam-se; em outras ocasiões podia cogitar algo diferente. Sim. Mas pelos sorrisos e uma certa eletricidade no peito, tinha uma noção aprazível da coisa. Pôs-se a correr. Permitiu-se.
As brincadeiras iam daquela para variadas outras, ora escondiam-se atrás dos arbustos volumosos, ou das árvores, enquanto o outro procurava; ora, aventuravam-se nos escorregadores coloridos pelo tempo de uso. Passeavam, também, envolta do lago, este com peixes dourados e patos sobre a água de tom musgo, Jungkook apontava-lhes como se nunca vira um, e animava-se como uma criança. Essa era a intenção. Ele fascinado com a roda gigante de perto – mais alta que cogitaria -, queria experimentar a sensação de estar lá; lá em cima, à vista de tudo, mais perto, praticamente, do céu; de tocá-lo. Jimin pagou para que fossem, era permitido, no entanto, dois por compartimento, somente. Não tinha problema; deixá-los-ia enquanto assentava-se em uma mesa próximo dali, descansando. Era bom vê-los felizes. Taehyung sentira sua mão ser apertada à medida que subiam, o medo do outro era normal; a segurou de volta para que ganhasse um pouco de confiança e arredou-se para perto de ele, sorrindo ao encará-lo; chegando no topo, costumeiro do brinquedo era de parar um pouco, tiveram a sorte de apreciar a vista por curtos segundos: o raio quente tardio tocava à pele, a brisa bagunçava gentilmente seus fios, o corpo arrepiava-se; ao fundo, a vista do aglomerado das árvores e copas realçadas, pássaros sobrevoando-as e edifícios detrás, tornava tudo como uma paisagem pintada com o maior cuidado pelo amante da arte. Inspiravam juntos. Era formoso. Ah! Estava no lugar certo; não negaria. Os três correndo, de novo, finalmente, acabaram sobre a grama. Deitados, o cansaço tomava conta de seus peitos e o suor a testa era facilmente visível, contudo, não os impediam de rir até seus estômagos doerem.
Jimin, o de cabelos coloridos, aproveitava cada momento, certamente, mas mentiria se dissesse que nada o incomodava no seu íntimo: - É assim que é ter um irmão? – cogitava em silêncio; os episódios passados vivam em constante loop em sua mente, tal como seu novo irmão. Onde ele esteve esse tempo todo? – as perguntas faziam aquele sorriso largo desaparecer aos poucos. Bufou e, não obstante, o silêncio dos três fazia-se presente. Agradecia por ter Yoongi em sua vida, de modo aleatório o conheceu, sim, todavia, não se arrependera; sua corpulência aparecia em sua íntima imaginação e percebeu que sentia falta do garoto; passaria aquela noite com ele. Esperava que fosse possível. Fora o primeiro a despedir-se e partir, não por indiferença – não mesmo -, entretanto, entendia que eles precisavam de um tempo sozinhos; amanhã pela manhã era o dia. Jungkook assentava-se, joelhos ao peito, e Taehyung contornava-o, despistando o frio; esse último gostaria de convidá-lo para dormir em sua casa, mal algum havia nisso; na verdade, entretanto, sequer precisava pedir; Jungkook não gostaria de ficar sozinho naquela noite e cogitou isso enquanto quase tocava o céu; horas atrás. Acariciava, Taehyung, os cabelos do outro e, ladino, reparava Jungkook piscar lento, os efeitos daquela tarde, os músculos cansados, vinham em conjunto. Sorriu por ver tamanha cena, não podia estar mais apaixonado, se pudesse, desconhecia tal meio; não era um dia comum, era uma despedida – temporária – e tivera a melhor delas. Com ele.

VOCÊ ESTÁ LENDO
I HEAR YOU
Fanfic~ TAEKOOK FANFICTION ~ Completa. Taehyung gostaria de ouvir os batimentos do coração de Jungkook, mas como poderia? "Tudo se esvaiu e Taehyung se encontrara novamente na calçada daquele supermercado, Jimin ao seu lado balançando os braços...