Parou. Aquela chuva fora apenas momentânea. Talvez, mais havia de vir. Molhou o chão cinzento e a grama surgindo um leve aroma de terra molhada; era uma essência peculiar já que em uma cidade apenas o odor do nada prevalecia. Fitando pequenos raios solares que rompiam as nuvens densas, abaixara o guarda-chuva. A moça ao lado já não chorava mais, ficaram lá, perto, apenas aproveitando, ou não, a companhia de ambos.
Durante o leve aguaceiro, Taehyung notara que a moça olhava intrigamente as pessoas que passavam naquela pracinha, principalmente as crianças; era peculiar, seu olhar seguia-as até perde-las de vista. Nada dissera. De pé, Taehyung sacudia seu guarda-chuva de costas para a jovem, enquanto isso a curiosidade, agora, afetava-a - Por que? Fitava Taehyung de cima em baixo; cabelos lisos que voavam junto à direção da leve brisa, uma blusa social branca sem bolso ao peito, uma calça bege de tom fosco e um ténis na qual não sabia pronunciar a marca - mas não era ajeitado, notava. Vestia-se largado; a blusa social, por exemplo, era maior que seus braços e não abutuava-a nos pulsos ou mesmo até em cima ao pescoço, despojado. Achava atraente.
A coragem viera, momentânea. Ora, aproveitaria. Chamou-o. Nada. De novo e de novo. Nada. Pensou estar sendo ignorada ou estava muito concentrado em tirar o excesso de água de seu guarda-chuva. Sorrira ladino. Encostou-o em sua cintura - Magro, não raquítico - Taehyung dera um pulo para o lado ao sentir tão geladas mãos. Estava frio. Sentara-se enquanto encarava a moça a sua frente, olhos enchados e vermelhos, devido a choradeira que arrumou. Ambos tinham o coração batendo mais rápido que o usual. Mesma velocidade, razões diferentes.
A moça não confessaria, mas perdia-se naquele rosto à frente; mantinha uma parte refletida pelo singular raio solar e a outra coberta pela penumbra que ali formava. Os olhos cintilavam tonalidades diferentes, era... Era... Não encontrava palavra a altura para expressar o que via. Deixou seus pensamentos quando Taehyung levantara o cenho, expressando uma porta para a entrada para uma conversa - ou não. Sabia mesmo assim que teriam dificuldades para se comunicar. Talvez.
Taehyung reparara que o olhos a sua frente percorriam todo seu rosto - Ah não - Pensara conclusivo; já imaginava.
A moça começava a mover sua boca. Triste. Havia de explicar-se; nada ouvia - ouvia o nada. Pusera a mão à frente e fizera-a parar de prosseguir. Levou a mão ao ouvido e em seguida uma negativa brusca com a cabeça. Ela, simplista, sorrira sem mostrar os dentes - Parecia não ver aquilo como um empecilho. Observa-a tirar de suas mãos os lenços que usava para limpar as lágrimas que antes caiam, guardava-os na bolsa. Logo concluiu: iria embora mesmo assim. Matutava agora com um semblante triste. Não. Nada daquilo. Após guardar os lenços, tirou de sua bolsa um tablet de cor prata relativamente grande demais, indagava-se retoricamente, como caberia tamanho aparelho ali.
Espantado e um pouco maravilhado, ria com a cabeça abaixada não acreditando. Ninguém jamais fizera algo parecido, geralmente as pessoas apenas iam embora com um sorriso sem graça, e Taehyung mais sem graça ainda. Talvez devesse ficar um pouco mais. Ainda nada dele.
Os dedos da moça deslizavam sobre a tela do aparelho - Não demorou muito para entrega-lo o tablet, escrito simples:
" Oi, me chamo Agatha"
Pronto. Agatha. Dali, ficaram conversando por longos minutos. Estava entretido naquela pequena conversa; gostos, hobbys, tudo fora citado. Ora, nem tudo. Achara estranho, muita conversa, longos minutos e nada sobre sua surdez. Achara bom, com certeza havia dúvidas sobre. Todos têm. Enfim, nao iria afastar aquele sentimento confortável que se fazia presente. Estava curioso, não podia negar, sobre o porquê de ve-la chorando tanto minutos atrás, talvez fosse cedo demais para perguntar - E era, mas não sabia ao certo. Com o aparelho em mãos, apagara o que estava escrito. Começara a formular a pergunta, parou. Será? Não. Não ira saber, nao por agora. Escrevera outra coisa. Entregara-a o aparelho, sentira algo em sua perna - Um gato preto. Não acreditava em mitos, má sorte. Era relativamente pequeno, fofo. Tentara acaricia-lo, falha a tentativa. O gato espantara-se e correu em disparada para as magricelas árvores adentro. Talvez não fosse acostumado a tais afetos. Nem percebia, mas sorria. Ambos. E desta vez, havia um motivo. Apenas sentia, mesmo não sabendo o que era.
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I HEAR YOU
Fanfiction~ TAEKOOK FANFICTION ~ Completa. Taehyung gostaria de ouvir os batimentos do coração de Jungkook, mas como poderia? "Tudo se esvaiu e Taehyung se encontrara novamente na calçada daquele supermercado, Jimin ao seu lado balançando os braços...