Chapter XV

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      Estava perplexo. Fitava com atenção os olhos de Jimin; o garoto que, de maneira equivocada, ousou dizer palavras incômodas. Incômodo esse que fez Jungkook remexer-se em seu assento. Não entendera o porquê de ouvir tais palavras; porém, em um lapso de segundo, lembrara que alguém sabia da conversa que tivera com Taehyung - e não era uma conversa qualquer, insistia. E, após ouvir Jimin, estava disposto a interroga-lo, mas aparecia tão assustado: olhos arregalados, costas voltadas ao encosto da cadeira e as pequenas mãos na boca, tapamdo-a. Arrependido, talvez.

      - Eu - falava com o som abafado pelas mãos afrente -, eu não queria dizer isso - Jimin gaguejava.

      Jungkook afetara-se por um momento, contudo, sabia que ele tinha razão. Taehyung gostava dele, e ele... Bom, sua resposta já fora dada. Era verdade, tinha certeza disso. O garoto à sua frente estava petrificado, esperava uma resposta, não se movia. Seus olhos estavam bem avermelhados e seu rosto fortemente rosado. Ainda não sabia o motivo para tal. Não queria machuca-lo - e mais ninguém - mais do que já aparentava estar.

       - Tudo bem - dizia com simpatia -, eu sei que é verdade. - Sorrira no final para parecer mais amigável. Por outro lado, o garçom que observava tudo atrás da bancada, atentamente, ouvia a conversa; não tinha mais ninguém ali; apenas eles. - Eu só não queria sentir medo - abaixou sua cabeça -, queria me aproximar mais dele... Mas - fitou-o, novamente -, não estou aqui para falar de mim, quero te ouvir, na verdade.

      - Me ouvir? - Jimin, agora mais calmo, em semblante duvidoso, respirava intesamente, como um peso estivesse dentro de si.

      Jungkook nada respondeu, seu rosto expressava obviedade. Jimin soubera que não adiantaria ludibria-lo, mas não tinha convicção de contar tudo que acontecera consigo...

      - Eu... Eu... - Movimentava os braços, encontrando uma forma de acompanhar o que falava. - Não tenho certeza se posso contar tudo que sinto... Queria um momento para pensar.

      - Apenas saiba que pode contar comigo - respondeu asseguradamente.

      - E - Jimin cerrava os olhos, forçava uma expressão de suspeita -, por que eu deveria?

      Jungkook abriu um grande sorriso, não era de espantar-se, esperava pela tal pergunta para dar uma resposta de efeito. - Bom... Não vejo ninguém aqui com você, apenas eu e, além de tudo, não te deixei até agora... Jimin estava muito fora de si para não perceber essas coisas. Impediu-o de ir embora naquele estado deplorável e convidou-o para acompanha-lo para que não ficasse sozinho... Tudo bem - Refletia. Respirava fundo; olhos fechados; cabeça inclinada; preparava toda a sequência de pensamentos que levaram-no até aquele momento. Não explicaria tudo, até porque havia vazios em sua história que não sabia explicar.

      - Okay, mas - sua voz começava a ocilar pelas lágrimas que já evidenciavam em seus olhos; lembrar era um gatilho -, se caso eu não conseguir mais falar, não insista. Jungkook assentiu. Ambos acomodaram-se nas em seus assentos.

      - Para começar - expressava-se lentamente -, meu pai, ele... - respirou fundo - ele me bate muito. Em casos extremos, ele me espanca. - Jungkook percebera que o assunto era mais sério que deduzira; chegou mais perto da mesa, curiosamente. - Um dia, ainda não compreendo o porquê, eu acordei em um hospital lotado de hematomas e - certamente -, foi meu próprio pai que me deixou naquele estado. - Jungkook não desviava o olhar; prestava atenção em cada detalhe. - E hoje - não suportou; as lágrimas escorriam em suas bochechas -, ele me disse para fazer algo que eu não queria e... - pendeu o rosto para baixo, escondendo-o em suas curtas mãos; não conseguia contar; tudo era recente demais e Jungkook o compreendia. Muito.

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