Desadormeceu. Fitava o despertador clamando por atenção marcando a hora alva. Pena, não escutava. A janela detrás ao objeto fazia-se nítida; havia nada além de gotículas escorregando e afora, um céu cinza, relativamente sem cor, sem vida. Detestava. Queria afundar a cabeça para baixo do travesseiro e dormir ainda mais. Não, precisava de ir atrás dele. Mas o estado que estivera o dia, preferia ir mais tarde, "muito cedo", como o popular costuma dizer.
Fez-se de pé. Esticava os braços, falhando. Esse era o mais perto de um exercício que chegara. O chão estava frio e incomodava-o. Corria o olhar em volta buscando por algo que pudesse colocar-se sobre, suas pantufas amareladas claras pareciam o lugar que precisava voltar - Deliciava-se com a sensação terna. Decerto, estava frio - o dia mais frio do ano, poderia-se arriscar dizer, impossível... O recinto estava pálido, fazia o nada lá fora e agora, sentia-o lá dentro. Ele parecia distante o suficiente para desistir e procura-lo noutro raiar. Queria, na verdade, deixar aquele dia em branco, mudar a página, não escrever nada. Tinha mesmo de ir? Iria encontrar o indesejável no caminho, com certeza. Colocaria muitas aspas nessa palavra que acabara de matutar; o outro não era . Teimou consigo - iria, contudo, não agora. Esperaria.
Decidira, após muita dificuldade e desistências, esperar Jimin no banco da pracinha perto da parte "desprovida da atenção estatal". Era ao lado donde quase morrera, e logo lá onde tomara café acompanhado. Esperava muito fitar-lo em meio tanta pessoas rodeando ali, apressadas. Enquanto se fazia esperar, apenas o suficiente - não ficaria por muito tempo - reparara as detalhidades ao redor que chamara sua breve atenção: poucas árvores, quase nenhuma na verdade; não tinha grama ou sequer folhagens ao chão, era assim como o céu refletido, cinza, pálido, sem vida. Realmente, não era apenas esquecido pelo governo, os próprios cidadãos ali não ligavam. Pareciam, mesmo andando naquela pracinha, obrigados, querendo ir a outro destino - a pracinha, apenas um modo de chegar e nunca o destino, propriamente dito. Triste.
Esvaiu-se disso e tirara um livro de sua pequena bolsa, era firme, um tom púrpura escuro, com uma singular árvore privada de uma copa, era seca - passava certa tensão, até. Adorava o fato de ler um livro que continha suas atenções logo à capa. Nomeava-se "Beautiful Creatures" em branco, letrado com raízes saindo aos pés das mesmas - não lera-o antes, e não sabia o por quê começara lê-lo partir daquele dia de domingo. Geralmente nesses dias, comia besteira sentado à mesinha ao canto da sala, escrevendo asneiras na qual pessoas já prestígiadas de lê-las, acham-nas uma graça, digna de um livreto. - Não, não - pensava. Nada que fazia era bom o suficiente. Rodeava o livro nas mãos, era bom senti-lo e apreciar o cheiro de "livro-novo"; não era, mas nunca sequer abrira-o, logo, era novo sim. Sua sinopse, enquanto mergulhava em tantas palavras e um novo mundo, fez-se interessante - interessado.
Após uns minutos desfrutando das primeiras páginas, uma mulher sentara ao lado - não ligara, era uma pracinha, era pública, afinal. Após várias tentativas de finalizar uma frase do livro, não continha-se de curiosidade, olhara ladino e a mulher - jovial - apresentava um semblante triste, escorria uma lágrima de um dos seus olhos junto de seu tom escuro de maquiagem, era bonita até, nem Taehyung podia negar. Parara sua leitura e queria saber o quê havia de ter acontecido, ou se estivera sendo indelicado, apenas, talvez, uma companhia bastasse. Pensara por longos segundos até o papel cinza a sua frente fora marcado por uma cor mais escura, arredondada. Começara a chover. Era serena. Boa. Fechara o livro, conservando-o, e pegara sua "sombrinha" adentro de sua bolsa - feliz, antes pensara em não leva-la. A jovem ao lado, tinha-se em desespero, procurando em sua bolsa, algo - Não tinha - Pensara Taehyung. Sem matutar muito, arredou-se ao lado e colocara ambos sob proteção contra os chuviscos excessivos. Ficara em uma distância aceitável, parecer um aproveitador da situação era inadmissível. Não pronunciava palavra alguma, a situação dizia por si só - "Fiquem"...
Taehyung fitava ladino os detalhes da jovem; poderia dizer, se pudesse, que apresentava cabelos cor de vinho forte, olhos amarronzados como folhas secas no chão em época de outono. Uma pele suave, talvez a maquiagem fazia-a justiça, mas preferia acreditar que era uma beleza natural. Levara sua mão à frente, sacudindo fazendo-a-o encarar... Ficara estático, não sabia se iria compreende-lo. Coragem, homem! - Gritara mentalmente. Fez-se um sinal com as mãos elevando o polegar e um semblante de preocupação, era assim que "geral" fazia, certo? Talvez fizera a pergunta errada, mais lágrimas escorriam no rosto da jovem. Taehyung não sabia o que fazer, não gostava de ver tal sofrimento alheio, já estivera assim no passado, depois daquilo que ocorreu. Preferiu apenas se fazer presente, esperando que, quando quisera, revelasse o motivo do pranto. Enquanto isso nada de Jimin ou, do indesejável ele, Jungkook.
VOCÊ ESTÁ LENDO
I HEAR YOU
Fanfiction~ TAEKOOK FANFICTION ~ Completa. Taehyung gostaria de ouvir os batimentos do coração de Jungkook, mas como poderia? "Tudo se esvaiu e Taehyung se encontrara novamente na calçada daquele supermercado, Jimin ao seu lado balançando os braços...