I HEAR YOU

Chapter X

      Escuro. Alegrara-se por um momento antes, mas agora... Culpa. Imagens. Esperava por algo. O que era? Franzia o cenho. Nada via. Não expressaria timidez, a obviedade viria ao primeiro relance. Há de comportar-se normalmente, não sabia sequer a razão de ponderar sobre como iria vir a se portar se visse ele, ou porque decidira se prostrar à frente do pequeno espelho querendo parecer "apresentável"... Poderia quebra-lo, se estivera em uma situação díspar. Abrira os olhos. A claridade afundara em sua íris. Acostumara-se. Estava a um passo de adentrar o colégio; voltar ao lugar que devorava-o vivo.

     Tinha de pensar em como seguir, como juntar o que fora roubado - o importante -, não estava morto; tinha de continuar. Infelizmente, talvez. Matutava sobre tais problemáticas no ambiente que chamavam de "espaço de recriação", era esverdeado com riscos escurecidos e marcas de tênis. Sujo. sentava ao banco feito por troncos de árvores bem ao canto, escondido dos demais atrás de uma pequena decoração de chafariz; era a única coisa bonita que tinha naquele local, apesar de não funcionar. A cabeça pendia ao chão, detestava, estar ali não alegrava-o.

      Deliberadamente, não podia pedir dinheiro emprestado, não tinha amigos. Mesmo se tivesse, não acreditava em que as pessoas poderiam, de fato, ajuda-lo. Poderia arrumar um emprego, mas a ansiedade latejava seu coração acelerando-o só em dar pensamento àquilo. Um som abafado quebra sua linha de raciocínio e suave desespero.

      - Olá... - Pairava à sua frente com óculos arredondados e livros à mão.

      - Com licença... - repetia.

      O som ficara perceptível, erguera sua cabeça e fitava o talhe, com certeza, não era um aluno. Professor? - ponderava - Calça social escura, sapatos surrados que deviam ser pretos mas apresentavam-se marrons pelo constante uso, blusa coberta pelo avental cor bege, definitivamente, um professor. Continha o nome gravado, mas não iria predizer nada, poderia ser um avental emprestado. Seus olhos fitavam-no como esperasse por algo, a resposta.

      - Sim? - Sua resposta não continha tanto entusiasmo. Não queria sequer estar ali.

      - Posso saber por que você vem faltando tanto?

      - Quem é você? - Simplesmente escorregara de sua boca.

      Os olhos arregalaram-se; os de Jungkook estavam normais. Não remetiam interesse, percebera seu cenho fechar. Percebera, também, que não devia ter dito aquilo, mas não expressara tal reação. Logo, o professor, sorrira ladino com os olhos cerrados e, sentando-se ao seu lado dizia:

      - Sou novato aqui, apenas um mês, mas sei que você vem faltando muito. Não dou aula para sua série, porém, você costuma se sentar aqui e olhar o chão esperando o sinal tocar... ou... por algo mais...

      Como poderia reparar tanto? - Admitia, estava surpreso. De fato, aquele local era seu - não preferido-, mas era afastado do resto. Definitivamente, do resto. Continuou escutando, torcendo para - pela primeira vez - o sinal tocar e seguir para a sala. Escutara, contudo, três palavras que fez sua respiração pesar e a raiva recair sobre seus ombros. Teve de questioná-lo, abismado:

      - O que você disse? - Um tom um tanto quanto alto.

      - Disse que te entendo, apenas. - Um tremendo erro.

      - Como pode saber o que sinto ou não? - Deixava o ar cada vez mais tenso. Dizia com teor de fúria encarando o professor que encontrava-se com o semblante assustado. Disse algo errado? - Pensava.

      Não que queria ser grosso e expulsa-lo dali. Talvez, sim. Mas aquelas palavras tão comumente ditas; as pessoas não compreendiam, juntas, o pesar de sua relevância. Ninguém podia entender ninguém, existiam dores e dores, sofrimentos e sofrimentos. A última vez que ouvira tais palavras fora quando estava junto dela. Olhava para sua mão, para seu dedo médio particularmente. O anel... Respirara fundo e levantou-se, de costas, professou as palavras que sempre quis dizer à alguém: