Chapter FINALE

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      Engolia em seco. Os prédios que fitava afora, além da janela do carro, pareciam tristes em cor. Passava a mão à janela embaçada – o suor da manhã - e melhorava sua visão. Deus! Estava frio. Ao seu lado, sua melhor companhia segurava sua outra mão; Jungkook sentira-se afortunado. Por enquanto. Era nítido que tremia um pouco, e o ar gélido transparecia ao bufar descontente com o assento de couro. A cada segundo, parecia desperceber que apertava sua mão; Taehyung estava ansioso pelo horário, as pernas balançavam, mas não o incomodara tanto; não tanto ao pensamento de que ele iria partir em poucos minutos. Por quanto tempo? – perguntava-se com a evidência de pranto; conter-se-ia. Taehyung notava-o pelo fraco reflexo; era difícil para ele também, recolheu-se em seus ombros largos – tomou-lhe a mão às suas - e sentiu, momento depois, o toque do outro.

      Acordou com a parada leve; Taehyung havia cochilado, não era um lugar próximo a ir. Um momento, precisava situar-se antes de sair do carro. Claro, o avião; coçava os olhos. Descarregavam, atrás do carro, a mala com a ajuda do motorista, senhor simpático e sorriso ladino. Dera partida e a fumaça os incomodou; tossiu forte, o outro, pelo processo de recuperação. Taehyung pôs-se a andar, parou, porém, pois não estava sendo acompanhado; Jungkook estava inercio. Por que? Não acreditava que iriam despedirem-se. Quando o momento chegava, era diferente, era mais forte. Doía mais. A blusa de frio tampava suas mãos, e cobria-o mais que o necessário; Taehyung não pôde evitar o sorriso; voltou e abraçou-o forte - às vezes, é o que alguém mais precisa -; o menino sensível e adorável. Caminhavam, subiam juntos degrau a degrau. Ajudava-o com a mala pesada. Não evitava em cogitar, Jungkook: É similar a perder, mesmo que temporário, algo valioso, todavia, desconhecia o quanto, ora, pois não conseguia se recordar.

       Passo à passo, iam além do lobby, várias cadeiras vazias e o pessoal de pé; ansiosos, talvez. Grandes letreiros, encaravam, trocando as palavras e horários rapidamente afrente; a expectativa era palpável. Sim. Taehyung, todavia, não parou por ali. Parecia acostumado a fazer aquilo, e de fato era, mas não era aprazível; mudanças costumam... Não. Mudanças cortam laços, mesmo que imperceptíveis. As rodinhas da mala tocavam tímido o mármore, o som era imperceptível diferente das outras; Jungkook fizera questão de arrastá-la por si mesmo. Queria ser prestativo até o fim. A subida à escada rolante parecia sem fim, a demora, contudo, o agradava. Taehyung não parava de fitá-lo do degrau acima, o fazia suas bochechas arderem um pouco, desviava o olhar: O que ele tanto olha? – era inevitável pensar – Tem algo no meu rosto? – passava, hesitante, a mão fazendo o outro rir. Alegrava-se por terem tais momentos; até o fim.

      Tornando-se visível o nível superior, a grande parede feita a vidro evidenciava o grande porta aviões e a pista longínqua de pouso, as nuvens permitiam poucos raios escaparem da aglomeração cinza e tocavam o solo em algumas partes. Lindo. Seria mais em situações outras. Jamais voara antes. Ponderava. Deve ser impossível adjetivar a vista das veias das cidades abaixo. Sentira, Jungkook, ser puxado pelo braço momentos depois; não era como se tivessem todo o tempo do mundo. Afrente, a alguns passos dali, um menino adormecia, sentado – ou jogado se preferir - à cadeira, a revista em mãos prestes a cair. Reconheceria aquela cor: Jimin? – duvidoso conquanto o nome. Era uma surpresa? Não para Jungkook, claro. Ou combinaram? De qualquer forma, era bom vê-lo. Taehyung aproximava-se devagar, brincaria com o garoto; fazia-o derrubar a papelada ao chão e, pelo barulho, acordando-o num salto. Risos invadiram o deprimente local. Esticava-se. Finalmente – dizia ao notá-los, incompreensível, por estar bocejando. Assentira cumprimentando ambos. Ele era tão próximo assim? – Questionava-se intimamente enquanto recolhia, Jungkook apoiado à mala, a revista. Taehyung devia estar nervoso, mesmo que escondesse, assentava-se e respirava fundo, seu peito subia mais que já percebera antes; gostaria de acalmá-lo, se não estivesse prestes a explodir também. Jimin permutava o olhar; direita e esquerda, o pescoço esticado. Procurava um banheiro que pudesse lavar o rosto; despertar-se e espantar o sono, porém, tinha medo de perder o momento da partida de Taehyung; seria trágico.

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