Chapter XXXV

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      O cheiro ambíguo tomava o espeço; o aroma do amanhecer ainda fresco junto ao ambiente hospitalar; o característico cheiro degastado – ainda particular - preenchiam seus pulmões. Os olhos abriam-se livremente cansados, pois o quarto encontrava-se um pouco escuro pela sombra do pé-direito alto e a luz tímida sobressaindo-se aos lados da cortina, criando uma vista apreciadora no lado esquerdo. Não se mexia, porém, movimentos bruscos pareciam impossíveis, assim como pensamentos longos e detalhados; sentia-se quente, metade do seu corpo mantinha-se coberto – um incômodo em sua cabeça, sua testa sendo apertada. Cada sensação através de suposições, longas e demoradas – cada uma delas tocando sua pele. A visão satisfazia-se com o teto; o simples e branco teto; até conseguir decidir o que pensar, no que é de maior importância.

      Contudo, flashes, em preto e branco, cortavam e sobrepunham-se à sua atenção – reconstruindo memórias que, para seu entendimento, eram recentes o bastante -, atrapalhando-o, causando um princípio pontiagudo de dor. Não era difícil de presumir: estava, de fato, em um hospital, mas não era isso que o preocupava – ia demasiadamente em hospitais, consultas, ao conselheiro e outros meios que o incentivasse a viver; ou continua indo? – formava-se um semblante confuso. Seus dedos não seguiam um comando eficaz de seu cérebro ainda fraco, ou as pernas debaixo do lençol; somente sua cabeça, após um amplo esforço, movia-se, entretanto, lenta encostada ao travesseiro, este confortável. Os detalhes do quarto – aos que conseguia enxergar -, todavia, não prendiam sua atenção, arrastando-o para uma soneca que, cerrando seu olhar, parecia exorbitantemente atraente. Enquanto permanecia imóvel, e fingia dormir para que, certamente, o fizesse, uma sensação crescia em seu peito, como se o coração estivesse sendo consumido pela ausência; a tentativa, involuntária da consciência para fazê-lo lembrar. Mas aquele vazio não fora causado por si. Ou fora? Era um espaço que pertencia a outro? Movera os lábios sem som; até que a percepção pelo corpo sumisse. Dormia.

      Do mesmo modo como era confortável o toque do travesseiro, sentia-se aconchegado ao contato e o calor que era transmitido; a brisa em contorno das curvas e o som longínquo de pássaros cantando ao fundo, dentre os galhos das árvores com suas copas preenchidas. Era envolto com os braços dos quais não poderia se cansar, é o lugar que poderia permanecer sem que haja a cobrança do mesmo. Debruçado estava sobre uma mulher de cabelos negros apreciando a leitura de um bom clássico, com óculos retrô quadranguláveis recaídos ao rosto, chegando à ponta do nariz; atenta. O banco era do tamanho ideal, madeiras torneadas enfileiradas com desenhos mosaicos às costas; braçais curvados ao gramado esverdeado claro, salvo às sombras formadas que transformavam o espaço em um verde tom escuro. Jungkook cochilava tranquilamente, os traços de seu rosto eram leves, suas preocupações eram colorir desenhos dados na escolinha e mostrar bilhetes de avisos à mulher ao seu lado; sua mãe. Estava sonhando. Levantava-se e recobrava a postura, esticava-se bocejando e – a mãe fitava-o ladino -, em seguida, coçava os olhos arredondados deixando a visão turva por alguns segundos. Encarava o espaço, o grande parque e a tranquilidade habitável do local e pessoal; era um bom lugar de se estar e a sua companhia tornava tudo ainda mais apreciável. Sua atenção desviou-se com a doce voz dela:

      - O que acha de um sorvete? – Proferiu, calmamente, fechando o livro fazendo o som abafado enquanto o encarava esperando a resposta. Assentira animado com todo o sono disperso. De pé, esperava-a levantar e pegar sua mão, como de costume, para guia-lo. Claro, o caminho era certo, mas faria como fora ensinado. Esperaria. Ela caminhava com o rosto voltado para o céu, respirando o ar puro e observava o sol – reluzente aos olhos - tímido afundando detrás das árvores, a noite aproximava-se. A vestimenta de tecidos leves era carregada à direção do vento, seu vestido escondia seus pés descalços pressionando à grama, varrendo a folhagem por onde passava. Sentia-se bem por saber que era um fim de tarde bom para ser vivido.

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