Chapter IX

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Estava encolhido em seu sofá simples na sala, acolhido por um ar quente de um cobertor azul escuro. Seu preferido que ganhara de presente em outro momento. Taehyung estava à cozinha limpando toda a sujeira que se alastrava ao chão, um tanto quanto ligeiro. Era de nota-lo com certa dificuldade, os olhos estavam cansados. Ele estava. Dormira mal, mas Jungkook não ligava para aquilo, queria entender por que dele estar ali. Como? - Essa era a questão que martelava sua cabeça - como chegara a tempo? Os acontecimentos havia de ficar guardados na memoria de ambos. O quase suicídio, o abraço, as lágrimas, o conforto. Destino, talvez?

Antes, abraçarem-se no chão frio de uma manhã cinzenta - movimento involuntário, diriam - , não pronunciaram palavras ou sinais sequer, apenas deixaram aquele sentimento se instalar por todo o cômodo, um que era bom, acolhedor. Deixaram-se sentir um ao outro, suas corpulências, suas curvas, suas temperaturas, tudo que sentira ao pular da janela, estava se desvaindo aos poucos. Ele que me traz isso? - Pensava, apertando-se ainda mais sobre o peito dele. Em seu normal, geralmente já teria mandado Taehyung embora e sairia rápido de seus toques, mas era como um lugar que deveria voltar e que nunca deveria ter saído.

Sentir o garoto acima de si, chorando desesperado, sabia que não podia deixa-lo sozinho, talvez tivesse de estar ali - não admitiria se perguntasse. Ao restaurante, no dia anterior, concluíra deixar tudo aquilo passar, seus sentimentos não foram colocados à frente como de costume, era uma paixão momentânea que queria deixar ir, mas ao vê-lo vulnerável, ocorria em sua mente, o como fora bom sair e andar até aquela praça relativamente longe que, ao final, valera à pena. Sabia que era errado concluir brevemente singulares conceitos, mas aquilo parecia o começo de um outro capítulo, talvez o melhor que já vivera. O como estavam comprovara isso.

Levantaram-se com dificuldade, e Jungkook ainda se sentia fraco, precisara de apoio para se manter esguio. Apoiara-se nos ombros de Taehyung e deixara ser guiado para onde o outro quisera. Havia-se rendido. Pusera-o no sofá e, enquanto o guiava, fitava a substancia da casa, a cor branca das paredes puxado para um cinza, os objetos - poucos -, o modo como tudo era distribuído, o vago. Trazia um peso amargo ficar ali, imaginara o garoto que vivia sobre tais condições. Engoliu em seco.

Ao coloca-lo no sofá, percebera o quanto tremia e não fitava nada além de sua frente, era, de fato, preocupante. Não sabia o que fazer, nunca estivera em tal situação. Sentia frio, medo, dor? Na verdade, ele sentia tudo aquilo e um pouco mais. Pouco, não. Ainda mais que pessoas bastardas possam compreender. Olhava ao redor e nada, não via nada que poderia o ajudar, talvez não encontraria ali. O quarto - pensara. Encontrar o cômodo que Jungkook dormia não fora difícil, era a única porta que estava escancarada dando vista à cama bem atrás donde estavam. Passos lentos, leves, como se estivesse com medo do que iria encontrar além da porta. Adentrou o local, tudo encontrava-se fora do seu respectivo lugar, gavetas espalhadas, portas do pequeno armário abertas, folhas, envelopes ao chão, seu colchão em pé apoiado à parede dos fundos. O sentimento de antes, o amargo, sentira-o pior, era como a casa de Amityville - arriscaria -, mesmo que nunca tivera pisado lá. Pelos filmes parece horrível o suficiente.

Pairava o olhar sobre todo o quarto, dava para ver tudo detalhadamente, era pequeno. Buscava algo que pudesse esquentar Jungkook , um cobertor seria perfeito. A cada piso adentrava ainda mais no ambiente, e o incomodo crescia dentro de si, não queria ficar ali. Em uns segundos perdidos fitando o que estava bem à frente. Achara. Um cobertor azul escuro, bem ao canto esquerdo do quarto. Seguia e tropeçara em algo. Uma caixa pequena. Verde silvestre, com uma imagem acima representando umas orelhas longas e a chave à fechadura. Não devia nem sequer querer abrir, estava ali para ajudar, não para xeretar as coisas... Não resistiu, seu espirito interno - se acreditasse nisso - era de um menino de doze anos, curioso, cheios de erros a serem cometidos. Como aquele. Ajoelhado, girou a chave lentamente, e acabou encontrando uma singular aliança que gravada nela havia a palavra 'kookie', não entendera. Pendeu a cabeça para o lado. Nada. Talvez não quisesse entender. Mentira, aquilo havia - e há - de perturbar seus pensamentos. Colheu o que queria e saiu fechando a porta. Lá fora, soltando um ar denso, a casa o fazia mal, assim para Jungkook, imaginava.

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