Chapter XXXIV

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      Mais uma noite agitada e, desta vez, porém, eram apenas os dois. Taehyung – aliviado – suspirava com a força singular que apertava suas mãos. Era um suspiro de esperança. Começava a culpar-se por não ter chegado há tempo, impedido toda aquela situação; deveria tê-lo levado até em casa; até a porta; ter ficado, talvez. Por que as pessoas que merecem tudo de prazeroso, sofrem com o pior do mundo? – Perguntava-se, fitando Jungkook em seu peito; o garoto que não merecia isso, o garoto que acreditava que a tristeza era sua companheira fiel; beijou sua cabeça, prometendo cuidar de ele; apenas pedia uma chance, uma chance de fazê-lo feliz. Ainda mais. Notava o policial, encarando-os pelo retrovisor – as sobrancelhas feitas, pensativo, jovem -, dirigia velozmente com as sirenes ligadas – diria pelas luzes que ascendiam a noite; a estrada por onde passavam. Os carros civis saiam do caminho – levavam seus carros para o canto da rua -, deixando que o seguisse livremente, o mais rápido possível.

      Dirigia com uma mão e com a outra fazia uma ligação. Não era permitido, claro, mas precisava alertar o hospital; pediria que se preparassem e ser policial naquela hora fez toda diferença, pois seria obedecido sem questionamentos. Taehyung não poderia saber, e sua preocupação limitava-se ao banco de trás; somente queria salvá-lo. Sua mão acariciava aquele cabelo e gostaria que estivesse sentindo isso também, seu corpo começava a ficar frio com a temperatura da noite, contudo, no ápice do desespero, Taehyung imaginava outra coisa. Eu preciso de você – as palavras eram escritas em sua mente -, por favor – olhos fechados ainda marejados, cogitando na feição sorridente e os traços que o acompanhavam -, fica. Permaneceu conectado à essas memórias, pois demorava a chegar; não acreditava em superstições, porém, fazia pedidos e orava para que algo as atendessem.

      Via, através do vidro, os postes ligados com uma forte luz, uma estrada amostra, direto para a entrada do hospital – reluzindo aos brilhos avermelhados das ambulâncias. Era um hospital diferente do que foram; um maior; parecendo mais "principal". Esse trataria de casos mais graves, Taehyung tinha certeza. "Grave". Isso o abalaria, mas permaneceria forte por ele – tentaria, pelo menos. Iria em direção para um trio de médicos, ou residentes pela cor da roupa azulada escura diferenciada, envolta de uma maca com rodinhas nos pés e o couro esverdeado claro; os aparelhos clínicos ao pescoço e a tensão transparecendo com o suor das mãos abaixo de suas luvas brancas. Taehyung sentiu o carro parar, fitava todas as claridades e aquela atenção para com Jungkook, reparava os médicos correndo em direção ao carro arrastando a maca deixando-a ao lado da porta, seus olhos encontravam o policial pelo retrovisor – os seus transpareciam agradecimento e ele assentiu, e com toda a inquietação torcia para que desse tudo certo. As portas eram abertas dos dois lados – seu rosto permutava observando, mas seu intelecto não acompanhava; o choque ainda estava lá. Sentiu seu ombro ser tocado e a médica, com um sorriso simpático, o convidava para se retirar do veículo. O olhar "assumiriam dali". Somente não conseguia afastar-se de ele. O médico do outro lado, com extremo cuidado, todavia, rápido, levava sua mão para a parte traseira da cabeça de Jungkook, o rosto manchado parcialmente a sangue seco, evitando qualquer outro dano, fazendo-o deitar e, em seguida, sendo levantado e colocado sobre a maca. Taehyung apenas observava o feito sobre os ombros; saindo lentamente; o garoto desacordado, tinha suas mãos tremulas contendo o nervosismo; os médicos fechavam as portas do carro e começavam a leva-lo além das aberturas de correr do prédio, suas corpulências sendo tampadas pelo vidro fosco. Não tinha força para acompanhá-los. Percebeu o policial dando ré, a janela dando visão para ambos – de fato, o policial parecia um adolescente, talvez fosse -; mas sua preocupação era tanta que não se importou com sua presença ou com o que queria. Resolveriam os detalhes depois. Encarava-o, agora, anotando algo em um bloco de papel, uma frase um tanto quanto longa. Arrancou dos demais e o entregou em mãos; não esperando para que lesse e recebesse uma resposta à altura. Não. Foi-se desligando o girofles em alguns metros – o perigo foi contido -, mentalizando positividade para ambos. Taehyung não se via lendo nada naquele instante e o guardou. Engoliu em seco e obrigou-se a pensar: O que fazer? Respirava fundo. Em passos cansados, adentrava o hospital e deveras queria retirar-se de lá acompanhado.

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