Hate to see your heart break (paramore)

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James insistiu em passar a semana em casa, observava todas as vezes em que ele não tirava os olhos de mim, atento, preocupado, o tempo todo a espera de eu desabar, mas eu não o fiz. Não que eu não confie nele ou algo do tipo, só não pareceu ser a coisa certa a fazer, eu tinha feito tudo aquilo acontecer, era minha culpa... De novo.

Ele andava pela casa o dia todo, arrumando, limpando, cozinhando, em alguns momentos eu me esforçava o suficiente para ajudá-lo, mas parecia que eu só acabava atrapalhando ainda mais. Além disso, Jem me forçava comer pelo menos três refeições por dia, refeições que ele mesmo preparava e arrumava as quantidades nos pratos, ficando sempre no meu pé para eu comer tudo.

- Como foi na escola hoje? – Ele sempre perguntava quando eu chegava.

- Igual. – Eu sempre respondia sem entusiasmo.

Eu sabia o que ele queria dizer, sabia que ele queria que eu falasse sobre Tessa, mas isso não ia acontecer, tinha tomado a decisão certa e agora precisava seguir em frente. Não importava se doía ou não, se aquilo me destruía ou não, tinha que ser assim.

Entretanto, mesmo que eu me esforçasse a vestir aquela máscara, era inevitável sentir aquelas pontadas sempre que ela aparecia, era difícil olhar para Tessa, cheguei até a fingir que estava dormindo em sua aula. As coisas começavam a voltar ao normal, seguia aquela rotina que eu seguia no início do ano, antes de ter uma menina ruiva bêbada caída em meu sofá, e agora eu me esforçava muito para fazer isso dar certo.

Jamie foi embora no final de semana seguinte porque precisava ajudar a mãe dele a resolver umas questões familiares, mas ele arrumara mil e uma desculpas para ficar mais tempo comigo e eu o amava por se preocupar tanto assim, mas era inevitável, no final do dia ele se foi. Voltei a ouvir música alta e ler o máximo de livros que podia em meu tempo livre, evitava pensar sobre o que tinha acontecido ou o que podia acontecer, evitava deixar Tessa tomar conta dos meus pensamentos, eu precisava seguir em frente sem ela.

Passei o mês que se seguiu assim, evitando seu olhar, evitando sentir, tentava focar nos estudos como uma distração e até conversara com Clara em alguns momentos. Às vezes esbarra com Laura no caminho para casa, mas nunca falávamos muito além de um breve "olá", deixando aquela barreira de vidro crescer entre nós.

Minha mãe prometera que voltaria de viagem no final de Outubro ou início de Novembro, ou seja, ainda teria pelo menos mais um mês sozinha naquela casa. Desde a notícia, Jamie fazia questão de me ver pelo menos uma vez na semana, nem que fosse por pouco tempo, ele sempre passava em casa e esses momentos provavelmente eram os meus melhores, era quando eu realmente saia da cama e comia algo útil. Ele sempre fazia questão de me fazer andar e tomar Sol, nem que fosse no prédio.

- Você quer falar sobre ela? – Ele quase sempre arriscava em algum momento.

- Não. – Era sempre a minha resposta. Não conseguia ver como falar sobre Tessa ou como eu sentia sua falta me ajudaria, eu precisava esquecer aquilo, não reviver cada momento.

- E sobre Emma? – Ele continuava quando eu estava muito fora do ar.

- O que tem ela?

- Como você está?

- Como sempre.

O momento em que ele saía de casa eram os piores, porque era quando o silêncio daquele apartamento ficava mais alto. Sentia meu buraco negro crescer e tudo parecia ser pior do que realmente era, o peso em meu peito aumentava e eu quase sempre passava a noite em claro para evitar os pesadelos. Eu sentia falta de Tessa, eu sentia falta de Emma, era difícil continuar assim, mas eu precisava.

...

Estava extremamente receoso em relação a Isabelle, o jeito como ela estava lidando com tudo de forma neutra me assustava, do jeito que bem a conhecia aquilo iria estourar em algum momento e ela precisaria de ajuda. Saí de sua casa, mas mandei mensagens para ela todos os dias, as quais ela sempre respondia, mesmo que com pouca vontade.

A Anatomia do CactoOnde histórias criam vida. Descubra agora