Stop crying your heart out (oasis)

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Era domingo de manhã, passara o final de semana na casa de Tessa com ela me atormentando sobre ir ao hospital, mas agora eu já conseguia me manter em pé sem sentir aquelas pontadas. Estava tomando meu café da manhã quando ela perguntou de repente:

- Sua mãe ainda está viajando?

- Talvez... – Respondi com descaso, tentando esconder minha preocupação palpável.

- Como assim? Ou ela está ou ela não está!

- Eu não sei!

- Como você não sabe? Isabelle! – Tessa me fuzilava com os olhos, ela sabia que eu tinha feito algo errado de novo.

- Ela talvez tenha comentado algo sobre voltar nesse final de semana... Mas ela está falando isso há tanto tempo que eu não presto mais atenção. – Bufei, chateada de verdade porque, eu sei que ela precisa trabalhar para pagar nossas contas, mas às vezes aquelas viagens realmente me estressavam. – E depois da nossa última ligação...

- Isabelle! E o que ela vai pensar quando chegar em casa e não te achar?! – Tessa parecia inconformada.

- Nada. – Disse com simplicidade e voltei a tomar o meu achocolatado. – Talvez ela agradeça por ter um problema a menos... – Completei em seguida, meio baixinho.

- Izzy! – Tess me olhava séria agora. – Não diga mais isso.

- É a verdade.

- Não, não é!

- Então porque eu não recebi nem uma estúpida mensagem dela?! – Soltei, irritada. Eu sabia que ela provavelmente já estava em casa, mas dessa vez, ela nem me avisara que estava voltando mesmo. A verdade é que tudo em minha cabeça era um grande talvez, talvez ela estivesse lá, talvez não. Entretanto, havia uma certeza, desde que discutíramos, ela não me mandara nem mais um sinal de vida, nem uma mensagem para saber se estava tudo bem, nada.

- Iz... – Tessa se aproximou e me abraçou enquanto eu sentia lágrimas quentes escorrerem de meus olhos. Eu não queria chorar por isso porque parecia estúpido, mas eu estava tão irritada. O fato de eu perder completamente o controle assim não ajudava em nada. – Você precisa voltar para sua casa. – Ela continuou falando gentilmente.

- Eu não quero... – Funguei em seu ombro.

- Você precisa.

- Por favor, não. – Supliquei. – Ou eu terei que lidar com a minha mãe ou com a casa vazia, e eu não consigo... Com nenhuma dessas opções... Eu só não consigo...

- Claro que consegue... – Ela beijou minha testa. – Você é mais forte do que pensa.

Soltei meu achocolatado e a abracei de volta, passando meus braços ao redor de sua cintura e escondendo meu rosto nela. Eu não queria ir para casa, não tinha forças para isso. Queria poder apenas congelar o tempo e ficar presa nesse looping do final de semana, poder viver e reviver esses momentos junto de Tessa. Quando eu estava ao seu lado, era como se o buraco negro em mim sumisse, existir já não era mais um peso impossível de carregar.

...

Respirei fundo e contei até dez. A porta de madeira de meu apartamento crescia diante de mim, usava minhas próprias roupas que Tessa lavara e agora não fediam mais a suor e não tinham mais manchas de sangue, mas mal podia esperar para tirá-las do meu corpo e vestir um pijama largo e leve. Fiz uma careta de dor enquanto dobrava meu corpo de leve e analisava quão dolorido ainda estava o meu hematoma, eu precisaria me esforçar para esconder aquilo.

Assim que terminara meu café da manhã, Tessa me ajudara a juntar minhas coisas e me trouxera para casa. Ela estacionou e esperou pacientemente enquanto eu respirava fundo várias vezes em seu carro, tentando arrumar coragem para sair dali.

A Anatomia do CactoOnde histórias criam vida. Descubra agora