fake happy (paramore)

83 15 0
                                    

Professora Teresa.

Existem estudos que comprovam que a população mundial é maior que 7 bilhões. Nessa espelunca de escola deve ter umas centenas desses 7 bilhões, e de todas elas tinha que ser a Professora Tessa a me ver matando aula.

Queria me irritar por isso, queria sentir raiva sempre que olhava para ela, sentir aquela angústia que o mundo costuma me trazer, queria ser indiferente, mas, assim que a vi, as lembranças da noite em que ela dormiu em meu sofá começaram a passar pela minha mente. Queria entendê-la, queria conhecê-la... Entrementes, ela era minha professora e isso não podia acontecer, o momento em que ela saiu de minha casa comprova isso. Nossa última conversa foi um aviso, não podia me deixar levar por essa sensação estranhamente boa que sentia quando estava perto dela.

Mas não podia ignorar... Como ela era linda! Seus cabelos ruivos estavam presos desajeitadamente em um coque solto no alto da cabeça, deixando nítido o traço delicado de seu rosto. Entretanto, suas bochechas eram ligeiramente maiores que o esperado e sua boca definitivamente não seguia uma linha harmônica com os outros traços. Havia algumas espinhas em sua testa e sobrava um pouco de pele em seu braço, quando ela anda, uma coxa raspa na outra. Ela definitivamente não segue um padrão, de forma que um olhar ordinário não perceberia sua beleza, mas eu sei que ali há algo extraordinário

Existe algo de incrível nela, mas eu ainda não sei o que é.

Decidi no último instante que voltaria para assistir a última aula.

...

O sinal tocava indicando o final da quinta aula e início da sexta. Meu coração batia forte no peito com a ideia de encontrar Isabelle na próxima sala, precisava me controlar e mostrar o máximo de indiferença possível, afinal, ela era minha aluna e nada mais, apenas uma aluna.

- Good Morning! – Falei enquanto andava em direção a mesa do professor, sem encarar a sala de fato.

Ouvi cadeiras se arrastarem e alunos se sentarem, a conversa morrendo aos poucos até cessar. Ainda cultivando a indiferença, comecei minha aula, palavra por palavra, como se não houvesse nada de novo ali. Evitava olhar para a carteira dela, sempre voltando os olhos para outros alunos ou para a parede, tentando ignorar minha visão periférica.

Terminei a teoria e deixei os últimos minutos para os exercícios propostos. Decidi me sentar à mesa e deixar os alunos discutindo as questões entre eles e foi nesse momento que houve meu deslize. Me mantivera muito bem até então, mas foi necessário apenas um instante de falta de atenção para permitir que meu foco divagasse até Isabelle.

Ela se dirigira até a carteira da frente e conversava com uma garota loira de olhos azuis, acredito que seu nome fosse Gabriela. Izzy segurava vários papéis e parecia discutir toda a matéria acadêmica de uma vez só, suas olheiras estavam menos acentuadas, mas a tristeza continuava tatuada em seu rosto, como uma marca de nascença.

Devido a proximidade entre as mesas, conseguia ouvir partes da conversa:

- Eu realmente sinto muito, Gabi! Prometo que não pretendo ficar matando aula... É só que... Eu estava meio... É...

- Está tudo bem, Isa. De verdade, você não precisa me explicar nada, só fica com os resumos mesmo.

- É só que... Você está me ajudando muito mesmo, mas acho que tenho menosprezado isso...

- Relaxa, Isabelle! Todo mundo fica doente de vez em quando, não é? E além disso, gosto de fazer esses resumos, me ajuda a estudar.

Observava Isabelle abrir aquele sorriso raro dela quando um aluno se dirigiu a mim, me puxando para a realidade:

A Anatomia do CactoOnde histórias criam vida. Descubra agora