Carry you home (James Blunt)

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- JÁ VAI! – Gritei enquanto me arrastava pelo corredor, meio cambaleando, e a pessoa atrás da porta a esmurrava de novo. Minha cara estava amassada e não conseguia abrir os olhos ainda, não tinha ideia de que horas eram. – Jamie! – Falei ao abrir a porta com uma animação forçada de propósito, não conseguia evitar, estava péssima e minha cabeça começava a doer de sono.

- Você acabou de acordar?! – Ele perguntou indignado enquanto entrava atrás de mim e fechava a porta.

- Que horas são? – Ignorei sua pergunta porque a resposta era óbvia.

- TRÊS HORAS DA TARDE.

- Ah... Então boa tarde para você. – Disse irônica, ignorando o seu chilique. De fato, eu tinha acabado de acordar, mas não dormira tanto assim. Caí no sono enquanto falava com Tessa e acordei no meio da madrugada, o celular grudado na minha cara, meio sujo de baba.

- Isabelle, isso é sério.

- Calma, Jamie, eu fui dormir tarde. – Depois que eu acordei, perdi completamente o sono e decidi ler até o Sol nascer. Não queria dormir mais, ainda sentia um calafrio com as mudanças que vinham acontecendo nos meus pesadelos, entretanto, fechar os olhos foi inevitável.

- Sei... – Ele falou sem convicção.

James começou a andar pela casa, abrindo janelas e cortinas, fazendo a luz do Sol finalmente entrar naquela casa.

- Oh, não! O sol! Meus olhos! Eu acho que vou... – Comecei a fazer uma dramatização enquanto aquela luz preenchia minha sala escura e eu precisava de um momento para conseguir abrir os olhos. Me jogava no chão enquanto falava e, antes de terminar, me deitei completamente de olhos fechados, fazendo minha melhor pose de "estou morta e minha língua para fora é a prova disso".

- Minha Nossa... Minha prima é uma criança chata! – James falou enquanto me observava. – Nem começa porque eu trouxe almoço, vamos, você não é um vampiro apesar de parecer um, você pode sair na luz do Sol.

- Estraga prazer... – Falei, mas continuei jogada ali, levantar daria muito trabalho, por isso Jem veio até mim e estendeu os braços, segurando minhas mãos e me puxando para cima. – Ai! – Soltei ao sentir uma pontada nas minhas costelas, me arrependendo imediatamente dessa ideia.

- O que foi?! – Jamie falou preocupado, começando a me analisar da cabeça aos pés.

- Nada, eu só... – Ia explicar o "incidente da semana", mas Jem foi mais rápido.

-O QUE FOI QUE ACONTECEU?! – Agora, com a sala clara, ficava mais fácil perceber minha aparência.

- Só... Um pequeno incidente. Você disse que trouxe almoço?! – Tentei muar de assunto, mas James só ficou parado me olhando sério.

Respirando fundo, o puxei para o sofá, nos sentamos e, após um momento para eu arrumar coragem, comecei a contar a história toda, mais uma vez, com todos os detalhes necessários. Jem ouviu tudo, esperando pacientemente até o final para me dar bronca depois. Assim como ele, ouvi tudo em silêncio porque, mesmo sabendo que eu agi sem pensar, não estava exatamente arrependida, afinal, ele falou de Tessa e Eduardo com certeza merecia aquele socão na cara.

- Não acredito que você foi tão... Imprudente!!! – Ele parecia realmente furioso com a situação. – E por que você não foi ao médico?! –Agora ele analisava cada centímetro dos meus hematomas que já estavam num tom de roxo amarelado.

- Está tudo bem, não foi nada demais. E olha como já está quase curado!

- Isabelle! - Decidi ficar em silêncio.

Não tínhamos mais nada a dizer sobre esse assunto, Jem foi pegar meu almoço na cozinha enquanto eu arrumava um lugar na sala para eu comer. Naquele dia ainda, falamos sobre a mamãe e a escola, vimos filme e tomamos muito sorvete. Jamie queria me convencer que estava tudo bem e que as coisas estavam melhorando, mas eu não tinha muita certeza ainda se eu conseguia acreditar nele, não conseguia entender como ele via o mundo tão cor de rosa.

A Anatomia do CactoOnde histórias criam vida. Descubra agora