enchanted (taylor swift)

60 12 0
                                    

Mesmo que eu saísse correndo da sala de aula, seria impossível alcançar Isabelle. Não consegui achá-la em lugar nenhum e por isso decidi que falaria com ela amanhã. Voltei para minha casa com aquele caderno preto em minhas mãos, sentindo que aquelas fotos pesavam 10 vezes mais.

Não sabia exatamente o que falaria para Izzy, mas estava pensando em uma forma de pedir para ela procurar um tratamento profissional. Por mais que eu tente, eu sei que o que ela mais precisa agora é de algo especializado nisso, mesmo que ela confie em mim e nós consigamos conversar, o melhor que ela poderia fazer por ela mesma é procurar ajuda de verdade.

Passei a tarde arrumando tudo que eu precisava arrumar, enquanto deixava aquela playlist com Chasing Cars tocando. O trabalho de artes ficou no mesmo lugar em que eu deixei, encima da mesa da sala, me encarando o dia todo, como um cúmplice de minhas ações. Funcionava como um lembrete de que eu tinha tomado a decisão errada ao afastar Izzy.

Explodindo de ansiedade, com minhas mãos tremulas e minha respiração desregulada, fui para a escola na terça-feira, mas Isabelle não estava lá. Olhei todas as salas, todos os cantos, mas ela não tinha aparecido em momento algum. Arrisquei perguntar para alguém de sua sala, inventando uma desculpa qualquer sobre provas e lições, entretanto, Izzy tinha faltado de verdade.

Voltei para casa com aquele caderno enfiado em minha bolsa, os pensamentos voltados para ela. Como será que ela estava? Será que Isabelle tinha faltado por causa daquela gripe ou tinha acontecido algo mais sério? E se fosse só a gripe, será que ela tinha alguém para ajudá-la?

O dia passou e esses pensamentos ficaram me torturando a cada segundo, olhava para o meu celular com uma esperança boba de que ela poderia me mandar uma mensagem, ou que eu pudesse mandar algo. Apesar disso, me contive, precisava falar com ela, com palavras, ao vivo. Por isso, naquela noite, não consegui dormir direito, pois os cenários que se desenrolavam em minha cabeça estavam sem controle, eu precisava falar com ela, mas o que eu falaria exatamente?

Quarta-feira, mais uma vez, fui atrás de Isabelle e, mais uma vez, ela tinha faltado. Começava a perder todo o controle que lutara para ter, tinha algo errado e dessa vez eu tinha como ajudar. Eu precisava ir atrás dela.

Assim que a última aula acabou, peguei minhas coisas o mais rápido que pude e fui para o meu carro. O plano era ir atrás de Izzy em sua casa, estava prestes a dar a partida quando hesitei. E se isso fosse o maior erro de todos? E se eu a perdesse de vez? Balancei a cabeça como se isso fosse um super poder que afastasse pensamentos indesejados, já tinha feito minha decisão, eu ia tentar.

O rádio estava ligado, mas eu não ouvia direito a música que tocava, porque meu coração batia alto demais. Enquanto dirigia, deixei a janela aberta, sentindo o ar gelado entrar, trazendo consigo aquela brisa das árvores. Não estava mais tão frio e a chuva tinha parado, mas conforme eu me aproximava da casa de Isabelle, menor era a temperatura devido aquele mato todo.

Passei na frente daquele bar onde a amiga de Izzy trabalha e onde ela me achou, as lembranças daquele dia me invadindo, como eu dormira em seu sofá, como eu acordara com ela tendo um pesadelo... Tinha sido extremamente doloroso vê-la naquela situação. Eu podia estar com medo de arriscar agora, mas com certeza não voltaria atrás, porque ela é Isabelle e ela com certeza vale todo esse esforço.

Estacionei o carro e respirei fundo, quando estava prestes a descer me deparei com uma pessoa que me fez rever tudo que eu estava fazendo. Entrando no prédio de Isabelle, carregando um monte de sacolas, estava aquela sua amiga de cabelo cacheado, Laura, acho que era seu nome, a ex-namorada de Izzy.

Senti algo em mim quebrando, ela com certeza estava indo até Isabelle. De repente, toda aquela minha ideia de ajudá-la começou a soar boba, Izzy não precisava de mim, ela tinha seguido em frente, eu demorei demais. Mesmo depois de Laura entrar e sumir do meu campo de visão, continuei paralisada onde estava, deixando as cenas de como ela e Isabelle tinham se reconciliado passar por minha cabeça.

A Anatomia do CactoOnde histórias criam vida. Descubra agora