all of me (john legend)

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Estava prestes a bater na porta quando me aproximei e percebi que a mesma já estava aberta.

- Tessa? – Chamei meio relutante enquanto a empurrava, dando um pequeno passo, entrando no apartamento.

O cheiro do álcool me atingiu com força. A sala, iluminada parcialmente pela luz do Sol se pondo, estava uma bagunça, caixas viradas aqui e ali, bebida despejada no chão, garrafas e latas vazias por todo o lugar. Congelara diante da paisagem: Nada naquele apartamento estava no lugar e no meio daquilo tudo estava uma Tessa completamente destruída, seus cabelos estavam do mais intenso ruivo combinando com suas bochechas, seus olhos estavam do mais profundo cinza e ela parecia totalmente perdida.

- Tess? – Tentei chamar mais uma vez, aproximando-me mais e encostando a porta atrás de mim.

Precisava tomar cuidado com onde pisava para evitar poças ou cacos de vidro. Ela me olhava fixamente, mas não parecia ter ideia de que eu estava lá, como se duvidasse do que via, como se eu fosse uma miragem.

- Isabelle? É você mesma?

- Oi, sim, sou eu. E estou aqui. - Falei me aproximando mais.

Percebi que o rádio estava ligado e tocava uma música extremamente triste, não me lembrava o nome, mas tinha quase certeza de que já ouvira antes. Tessa estava caída ao lado do sofá, segurando uma garrafa e virando seu líquido na boca em curtos intervalos de tempo.

- Quantas dessa você já bebeu?! – Era simplesmente preocupante a situação em que ela estava, o que tinha acontecido?!

- Uhm... Sei lá... Muitas. Isso é um número? Acho que não... Mas é essa a quantidade. – Ela não olhava para mim, mas eu via como seu rosto estava marcado por lágrimas, como se ela tivesse passado o dia chorando.

Não consegui mais me segurar, me agachei ao seu lado, tomando cuidado para não me sujar.

- Tessa! – Chamei-a, mas ela continuou sem me olhar. Levantei minha mão e delicadamente coloquei em seu rosto, virando-o para mim, colocando meus olhos nos dela. – Tessa, o que foi que aconteceu?

Uma lágrima começou a escorrer de seu rosto e percebi que ela chorava de verdade, algo muito ruim tinha acontecido e dessa vez ela não esperou a ressaca chegar para me contar.

Tessa balançou a cabeça negativamente.

- Desculpa... – Ela falou, chorando um pouco mais e desviando o olhar para o chão.

Suas lágrimas molhavam minha mão e eu sentia meu coração se partir um pouco mais.

- Tess, por favor, fala comigo. Está tudo bem. – Coloquei minha outra mão do outro lado de seu rosto e então ela olhou para mim. – Foi sua mãe de novo? – Arrisquei, tentando encorajá-la a me ajudar a ajudá-la.

- Meu pai... Ele morreu. Faz uma semana.

Ela chorou mais ainda ao falar isso em voz alta, ela estava claramente bêbada, mas, por sorte, eu já sabia como aquilo funcionava.

- Ah, Tess... – Puxei-a para mais perto num abraço. – Eu realmente sinto muito. - Podia não ser próxima do meu pai e não ter ideia do peso que é perder um parente tão próximo assim, mas eu sabia exatamente como era perder uma pessoa que você ama tanto.

Teresa me abraçou de volta e chorou em meu ombro sem se preocupar com mais nada. Ela estava cheia de álcool no sangue e eu sabia que um dos efeitos disso era que ela não filtraria nada.

- E a pior parte disso tudo, - Ela falou de repente, fungando. – É que eu não tive nem a chance de me despedir... A última vez em que eu o vi, ele estava me expulsando de casa! – Ela se afastou um pouco enquanto falava e deixava toda a raiva e tristeza sair. – Ele não era perfeito, estava bem longe disso, mas ele era o meu pai e eu o amava apesar de tudo.

A Anatomia do CactoOnde histórias criam vida. Descubra agora